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Baixar - Proppi - UFF

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Dra. Giver, defensora pública: eu acho que é uma idéia que tem uma base fática.<br />

O [defensor] particular tem menos amarras funcionais, responde só perante a<br />

família, e os públicos temos que conviver com o juiz de garantias e o promotor.<br />

Sabemos que da liberdade de um depende a liberdade daqueles que vêm depois.<br />

Nós optamos pelo menos ruim, porque sabemos que arriscar uma decisão<br />

negativa da liberdade por parte da Câmera reverbera em todos os “imputados”.<br />

O particular tem outra liberdade, é seu cliente específico. Não deveríamos, mas<br />

estamos mais amarrados.<br />

De parte de advogados particulares, esta amarra institucional era vista também<br />

com outro matiz. A relação fluida entre UFIs e defensorias podia ser visualizada como<br />

uma comunidade de interesses. “Para mim, Ministério Público e Defesa Pública fazem<br />

parte da mesma família”, me disse em tom cético a advogada criminal Laura Torres, no<br />

seu escritório da capital provincial. Essa “familiaridade” não queria dizer que os<br />

defensores apoiassem as ações da promotoria, mas que havia um fluxo de informações<br />

em ambas as direções. Como disse, os defensores públicos avisavam à UFI se o<br />

“imputado” iria depor ou não. E, junto com esse aviso prévio podia ir algum comentário<br />

sobre a situação do “imputado” –“está com a corda no pescoço”- ou mesmo a impressão<br />

do defensor sobre seu “defendido”. Também ser notificados dos procedimentos das<br />

promotorias sobre os processos que defendiam era uma prática facilitada para os<br />

defensores públicos por estarem trabalhando no mesmo prédio.<br />

A proximidade espacial permitia também uma circulação pelo “corredor” como<br />

passo importante nesse intercâmbio de informações. Lembro minha sensação de<br />

estranheza quando a defensora de Esteban Garza apareceu na UFI. Esteban Garza era o<br />

jovem que foi pego pela polícia por ter esfaqueado Patrícia Juárez, a dona da loja de<br />

comestíveis onde ele comprava seu almoço. A defensora “passou” pela sala de Valeria.<br />

Defensora: que louco esse rapaz. Nem aí parece [que foi ele], não dá o perfil.<br />

Valeria: sim, não dá, mas é.<br />

Defensora: sim, claro, mas eu me pergunto o que é que lhe aconteceu. Não sei.<br />

Valeria: é um psicótico, não no sentido jurídico, mas lhe deu um surto psicótico.<br />

Ele sente prazer com o sofrimento do outro; é psicopata, mas sabe o que está<br />

fazendo, não é inimputável.<br />

Para os defensores também era possível ter um acesso fluido aos processos, seja<br />

para lê-los ou copiá-los. Apenas deviam subir à UFI e solicitá-los. Era também uma<br />

oportunidade para os “meninos” de ambas as unidades se cumprimentarem e<br />

conversarem entre si. Enquanto os advogados particulares reclamavam ter que rogar<br />

para pedir permissão para xerocar o processo. “Pedir, por favor, para que me dêem o<br />

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