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Baixar - Proppi - UFF

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assinalavam práticas reconhecidas pelos policiais na sua socialização, envolvidas neste<br />

caso. Dessa forma, o caso tinha a potencialidade de envolver não só o julgamento dos<br />

imputados individualmente, mas de certas práticas institucionais. Esse era meu papel,<br />

segundo solicitado por Luis.<br />

Cheguei a Buenos Aires um sábado e no domingo, um dia anterior ao início do<br />

juicio, me reuni com Luis. Naquela reunião, ele ressaltou que não era para eu falar sobre<br />

“os fatos” do processo, mas para contar minha experiência e trabalho na pesquisa sobre<br />

práticas e rotinas policiais, em especial nos chamados casos de “violência policial” e<br />

naqueles de “procedimentos armados”. Ele dizia que seu objetivo era justamente<br />

ressaltar uma sistematicidade no acionar policial. A experiência de depor, no dia<br />

seguinte, me depararia com outro tipo de expectativa por parte do Tribunal.<br />

Do outro lado do juicio<br />

A audiência estava marcada para começar nove horas, nos Tribunais penais, na<br />

cidade de La Plata. Eu estava escalada para depor no último dia do juicio. No entanto,<br />

Luis Real solicitou ao Tribunal que pudesse depor no primeiro dia. Como testemunha,<br />

não poderia assistir à audiência antes de depor. Por isso, também fui acompanhada de<br />

meu marido, também antropólogo, que se comprometeu a tomar notas sobre o<br />

desenvolvimento do juicio enquanto eu esperava ‘do outro lado’. Em princípio, parecia<br />

que não haveria problema com a mudança de dia, mas isso seria confirmado posterior e<br />

formalmente na sala de audiência.<br />

Apresentamo-nos na Mesa de Entradas do “Tribunal Oral Criminal”<br />

correspondente. Eu apresentei minha carteira de identidade, esclarecendo que vinha<br />

como testemunha. Meu marido entregou uma nota que o apresentava como<br />

“observador” por parte da Universidad de Buenos Aires. Era uma estratégia elaborada<br />

por Luis (um modelo de carta) para que ninguém tivesse obstáculos para ingressar na<br />

sala, embora as audiências fossem públicas. Neste caso não era apreensão a um<br />

impedimento de entrar, mas a expectativa de que o “público” superasse o tamanho da<br />

sala.<br />

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