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Baixar - Proppi - UFF

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Passados alguns dias, a UFI “entrou” no “turno” de dezembro. No dia 25, um<br />

feriado caloroso após Natal, o caso dos Santana que também aconteceu naquele “turno”,<br />

como outras tantas ligações, passaram despercebidas. Sebastián e Diego estavam atentos<br />

à denúncia de um vizinho do bairro Quispe, acusando dois policiais de tê-lo extorquido.<br />

Acompanhei o caso de forma próxima. Fomos ao bairro, à casa do vizinho e à comisaría<br />

e ouvi na UFI os depoimentos dos policiais “imputados” e de seus colegas. Nessa<br />

dinâmica, estava ouvindo o depoimento de um policial que, na noite do dia 24 de<br />

dezembro, oficiava de motorista da viatura que deu apoio aos policiais que depois<br />

seriam denunciados por extorsão.<br />

(...) Sargento Díaz: sim, passou uma meia hora e eu digo para meu companheiro<br />

para irmos para a casa desta pessoa [a qual depois fez a denúncia].<br />

Sebastián: e para que vão para lá?<br />

Sargento Díaz: porque sabemos que há problemas.<br />

Sebastián: como?<br />

Sargento Díaz: por rádio.<br />

Sebastián: a ver, Díaz, evidente que por rádio; mas lhe digo que está sob<br />

juramento porque a viatura não tem rádio, como escuta o rádio?<br />

Sargento Díaz: sim, sim, mas por rádio 911, que é a base, o passam através da<br />

comisaría.<br />

Sebastián: dizendo o que?<br />

Sargento Díaz: que havia um conflito. Desculpe, se este garoto [o denunciante]<br />

não quis ir à comisaría, o que é que eu tenho a ver?<br />

Sebastián: Díaz, o senhor tem 15 anos de polícia, eu não vou estar trabalhando<br />

um 25 de dezembro por isso, o problema é outro. O problema é mais grave.<br />

Sargento Díaz: sim, eu imaginei.<br />

(…) Sebastián: o senhor entrou mais tarde hoje [a trabalhar]?<br />

Sargento Díaz: sim.<br />

Sebastián: por que?<br />

Sargento Díaz: porque para dizer a verdade tinham me falado um monte de<br />

barbaridades e me assustei.<br />

Sebastián: achou que fosse com o senhor?<br />

Sargento Díaz: claro.<br />

O sargento Díaz “imaginou” que o problema não envolveria ele como<br />

responsável de alguma infração, mas, pelas “barbaridades” ouvidas, estava temeroso.<br />

Não só para ir trabalhar, mas também durante o depoimento. Também neste caso, os<br />

avisos de estar sob juramento não pareciam suficientes para “tranqüilizar” as incertezas<br />

de Díaz, ao marcar sua posição de “testemunha” e não de “imputado”. O aviso era lido<br />

como uma advertência, a advertência de “não mentir” e, portanto, de incorrer em outro<br />

crime (“falso testemunho”). Assim que terminou o depoimento de Díaz, Sebastián foi<br />

para a sala de Diego, que estava tomando o depoimento do companheiro de viatura de<br />

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