01.06.2014 Views

Baixar - Proppi - UFF

Baixar - Proppi - UFF

Baixar - Proppi - UFF

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Pantanos 182 . Ele e seu chefe, o comisario Martínez, eram figuras recorrentes na UFI,<br />

porque a investigação dos casos de homicídio era a eles derivada. Tanto Sebastián<br />

quanto Valeria elogiavam o trabalho investigativo de ambos e, por isso, confiavam a<br />

eles boa parte do andamento daqueles casos. Especialmente, Marconi era para Sebastián<br />

um “investigador de verdade”; sabia andar na rua, manter contatos, conversar com as<br />

pessoas. Valeria ainda destacava o compromisso e paixão de Marconi pela investigação.<br />

Por sua vez, tanto Martinez quanto Marconi diziam gostar de trabalhar com essa UFI.<br />

Reconheciam em Sebastián, Valeria e Alicia, “respeito pelo trabalho policial, receptivos<br />

às solicitações de certas medidas, até quando eram em horários pouco convencionais<br />

para os horários do poder judiciário”.<br />

É que a polícia, inclusive nas suas funções de investigação, não tinha autonomia<br />

para desenvolver suas atividades. Como “auxiliar do Ministério Público”, devia<br />

responder às ordens dos promotores. Acontecia, porém, que a partir das UFIs fosse<br />

costume derivar a investigação nas unidades policiais sem maiores indicações<br />

específicas sobre o que fazer e sem maiores exigências de prestação de contas das<br />

atividades investigativas realizadas. Na UFI K, no entanto, eles mantinham um vínculo<br />

próximo com as tarefas desenvolvidas desde “a Base”, como denominavam a sede da<br />

Divisão de Homicídios. Solicitavam relatórios e se comunicavam frequentemente pelo<br />

telefone. Quando enviavam os “sumários”, sempre o acompanhavam de diligências<br />

específicas a serem realizadas.<br />

A questão era que o trabalho de uns e de outros – policiais e promotores- não era<br />

intercambiável. Pelo que observei na UFI, a polícia produzia um tipo de conhecimento<br />

vinculado a uma forma de fazer investigação mais empírica, de rua, de andar, conversar,<br />

espiar, vigiar, suspeitar, enganar, manter uma rede de informantes, negociar.<br />

Formalmente, as informações produzidas com essas atividades deviam ser registradas<br />

por escrito e informadas à UFI. Todavia, acontecia em muitas ocasiões que os policiais<br />

fossem à UFI, comentassem informalmente os resultados ou novidades e solicitassem<br />

autorizações para prosseguir com as “tarefas de inteligência” ou para fazer um<br />

allanamiento, ou escutas telefônicas. Como algumas destas medidas só podiam ser<br />

182 Em uma sala de aproximadamente dois metros por quatro, trabalhavam quatro policiais sob as ordens<br />

do chefe da Divisão. Essa sala era apenas a base do trabalho de investigação, porque a maior parte do<br />

mesmo era desenvolvida na rua, nos bairros, conversando com as pessoas, executando mandados de busca<br />

e apreensão, fazendo perseguições e vigilâncias e, como eles o chamavam em seus relatórios, outro tipo<br />

de “tarefas de inteligência com fins investigativos”.<br />

212

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!