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Baixar - Proppi - UFF

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Na manhã seguinte, a primeira coisa que soube quando cheguei à UFI, foi que às<br />

23h da noite, quando Esteban saiu da casa, foi preso pelo policial que, à paisana, tinha<br />

ficado vigiando. “O cara se fudeu, porque estava em liberdade condicional [por um<br />

processo anterior] e isso aqui é tentativa de homicídio; no mínimo, vão lhe dar cinco ou<br />

seis anos [de pena]”, disse Sebastián. O caso ficou sob responsabilidade de Valeria.<br />

Seria um dos casos que acompanhei com bastante atenção. O vínculo prévio entre<br />

Patrícia Juarez, a vítima, e Esteban Garza, o “imputado”, me intrigou em um tipo de<br />

crime como o narrado.<br />

Naquele primeiro dia, saímos da UFI por volta de 8h da noite. Valeria ofereceu<br />

me levar de carro até a estação. No trajeto, tocou o celular; nova ligação. O policial<br />

informou “o roubo de um carro e disparos com uma arma sem carregador” (?!). Valeria<br />

achou estranho e pediu que lessem a ata policial. Fiquei olhando para Valeria: “como<br />

assim?! A ata é das 18h15 e o senhor me liga às 20h15, por que é que estão me ligando<br />

duas horas depois?!”, “porque a ata demorou a ser feita...”, “sim, mas devem me ligar<br />

quando acontece o fato”. Quando desligou, olhou para mim e disse: “viu, isso aqui é<br />

armar”. Se referindo à categoria utilizada quando a polícia inventava ou tergiversava<br />

versões no processo. No dia seguinte, Valeria me disse: “colocaram um foragido com<br />

uma arma. Chegam a ser até engraçados”, em referência à atuação dos policiais.<br />

As ligações<br />

As ligações eram provocadas pelas intervenções que os policiais faziam na área<br />

do departamento de Los Pantanos. Eram os casos que, posteriormente, viriam a ser<br />

trabalhados na UFI. Diante de qualquer situação que representasse um crime (de tipo<br />

“criminal”), o policial devia ligar, desde o local, para a UFI que estivesse de “turno”.<br />

A enorme maioria dos casos que ingressavam durante o “turno” o faziam através<br />

destas ligações. Uma minoria ingressava a partir das denúncias apresentadas na “Oficina<br />

de Denuncias”. Esta ficava no térreo do prédio de Tribunales. Funcionava entre as sete<br />

e as catorze horas. As pessoas que chegavam depois desse horário, como a senhora<br />

atendida por Fred, eram encaminhadas à UFI de “turno” para que um funcionário<br />

registrasse –ou não- a denúncia.<br />

Geralmente, as ligações da polícia envolviam casos de “flagrantes”; mas também<br />

outros casos nos quais a polícia tomava conhecimento de um eventual crime. Quando<br />

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