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perigosa. A investigação do assassinato de um fotógrafo e jornalista nas proximidades<br />

do balneário onde descansava o governador, por um lado, e do atentado à Associação<br />

Mutualista Israelense Argentina (AMIA), pelo outro, deixou em evidência a<br />

participação de policiais de La Bonaerense, nas redes que permitiram ambos os<br />

crimes 60 . As pretensões presidenciais do governador da província impulsionaram um<br />

processo de reforma institucional que teve inúmeros vaivens. Chamados pela mídia e<br />

também por analistas e pesquisadores como períodos de reforma e de contra-reforma,<br />

eles dão conta do contexto de disputas políticas e policiais que geraram adeptos e<br />

opositores contumazes ao processo (Eilbaum, 1998; Sain, 2004, 2008).<br />

A intervenção civil da polícia foi seguida, em primeiro lugar, do afastamento de<br />

300 chefes superiores da instituição, seguido de sucessivos períodos de “purgas” de<br />

significativa quantidade de agentes 61 . Em segundo lugar, da implementação de uma<br />

política de reforma estrutural da instituição. As medidas foram variadas. Buscou-se a<br />

descentralização das unidades menores, ao tempo do fortalecimento e centralização do<br />

poder político (civil) sobre a instituição. A polícia foi reorganizada, assim, de acordo a<br />

critérios territoriais e funcionais. A província foi dividida, territorialmente, em 18<br />

departamentos judiciais, e para cada um deles foi criada uma Polícia Departamental de<br />

Segurança, para as funções de prevenção. Foi criada também uma Polícia de<br />

Investigações, uma Polícia Cientifica, uma de Trânsito e um serviço de custódia e<br />

translado de presos.<br />

60 No dia 25 de janeiro de 1997, foi encontrado, sem vida, algemado e queimado, o corpo do fotógrafo e<br />

jornalista José Luis Cabezas. Pelo mesmo foram julgados e condenados a prisão perpétua integrantes de<br />

uma banda criminosa conhecida como “Los Horneros” e policiais da Bonaerense que também fariam<br />

parte do grupo. Após diferentes hipóteses e associações com disputas políticas tanto em nível nacional<br />

como provincial, ficou definido que o motivo do assassinato teria sido o fato do jornalista ter fotografado<br />

um empresário, cujo rosto era desconhecido publicamente. Este último –Alfredo Yabrán- não foi julgado,<br />

devido a seu corpo ter sido achado sem vida, em um aparente caso de suicídio em maio de 1998,<br />

momentos antes de ser preso. Diversos jornalistas escreveram livros sobre o caso. Entre outros, ver<br />

Llorente e Blamaceda, 1997 e Bonasso, 1999.<br />

No dia 18 de julho de 1994, explodiu uma bomba na AMIA. Morreram 85 pessoas. Os juízes que<br />

investigaram o caso apoiavam, junto com os EUA e Isarael, a tese do atentado ter sido obra da<br />

organização Hezbolah, com envolvimento do governo irani. Como parte dessa hipótese, investigou-se a<br />

chamada “conexão local”. Entre setembro de 2001 e agosto de 2004, foi realizado o julgamento oral. A<br />

decisão final do Tribunal foi pela declaração de nulidade da etapa de investigação, por considerarem que<br />

houve graves irregularidades no proceder do juiz de instrução. Com essa decisão, os acusados -um<br />

advogado e vendedor de veículos e quatro ex-policiais da Bonaerense- ficaram livres. Recentemente, em<br />

dezembro de 2009, a Câmara de Casación Penal Nacional, revisou o processo e considerou que a atuação<br />

do juiz de instrução foi imparcial até setembro de 1995, com o que poderia se reabrir o processo para<br />

realizar um julgamento.<br />

61 Na época da reforma, a Polícia da província de Buenos Aires tinha 48.000 policiais. Era a polícia com a<br />

maior quantidade de agentes do país.<br />

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