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Baixar - Proppi - UFF

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determinação sobre as possibilidades positivas de depor – “se eu vejo que você é vivaz<br />

para depor, vai para frente”, dizia-me o advogado Pascolini-, o passo seguinte era<br />

pensar sobre aquilo que a versão sustentável ia, propriamente, sustentar.<br />

Inventar ou Calar?<br />

O Dr. Magistir tinha trinta anos de experiência profissional na área criminal.<br />

Conhecia bem o departamento judicial de Los Pantanos. Ao longo da entrevista<br />

caracterizou a forma de trabalho de vários funcionários que eu conhecia pessoalmente<br />

ou de nome. Também era conhecedor de outros departamentos, cujos perfis ele traçou<br />

em poucos segundos. Magistir disse-me pegar todo tipo de casos; roubo, crimes contra a<br />

propriedade, dos quais podia derivar um homicídio, com utilização de arma ou de<br />

violência, crimes vinculados a drogas, eventualmente crimes sexuais 166 . Os casos<br />

chegavam através dos familiares e amigos dos “imputados” e de ex-clientes. Também<br />

através de familiares de pessoas presas junto com outro cliente.<br />

Eu apresento uma excarcelación e devem dizer “esse aí é bom porque tirou da<br />

prisão a este que estava fudido”. E na verdade talvez fosse um cara que tinha que<br />

sair sozinho, mas que na prisão se vangloriava de ter 57 mil processos, mas sai<br />

em liberdade e os outros presos dizem “deve ter um bom advogado!”.<br />

(Entrevista com Dr. Magistir, 21/05/09).<br />

Magistir tinha certo predicamento na área. Era considerado um bom profissional,<br />

dentre daqueles dedicados, como ele me disse, a defender “pessoas que além de serem<br />

pobres, estão envolvidas, são conscientes do que estão fazendo, são caras grandes que<br />

trabalham do crime”. Diferenciava-se assim do perfil do advogado que tinha me<br />

indicado seu nome e telefone para nosso encontro, o Dr. Fellini, que, segundo ele,<br />

trabalhava “com um segmento de pessoas pobres, mas criminalizadas pela pobreza”.<br />

Nesse sentido, também poderia diferenciá-lo de outros advogados entrevistados<br />

vinculados a organismos de direitos humanos, envolvidos, na maioria das intervenções,<br />

com a representação de famílias cujos filhos tinham sido mortos por policiais. Também<br />

era diferente do Dr. Pascolini, atuante em casos de repercussão pública; ou bem<br />

daqueles identificados no departamento como “advogados de policiais”.<br />

166 Dentre as entrevistas que realizei com advogados particulares, dois me disseram trabalhar todos os<br />

casos, à exceção da defesa de acusados por crimes contra a integridade sexual feminina. O Dr. Magistir<br />

confirmou esta tendência de alguns colegas dele e também acrescentou ter colegas que não trabalham o<br />

tema drogas; “porque têm filhos e acham que é um flagelo e que tem que ser perseguido”.<br />

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