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Baixar - Proppi - UFF

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Sebastián subiu ao andar da UFI anunciando o “golaço” do “reconhecimento” de Cacá.<br />

Acrescentando essa informação aos depoimentos anteriores, Cacá permaneceu preso e<br />

foi citado para depor conforme o artigo 308 do CPP-PBA.<br />

Contou Paco, que acompanhou o “reconhecimento” do lado da sala dos<br />

números, que Cacá resistiu com ímpeto à detenção, exclamando não entender o que<br />

acontecia e gritando não estar envolvido em homicídio nenhum. Diante disso, eu disse<br />

para ele e Sebastián que lamentava não ter acompanhado o procedimento. Achei curiosa<br />

a resposta risonha de Sebastián. Ele disse que até o momento os “reconhecimentos” que<br />

eu tinha presenciado tinham dado “negativo” e ficou temeroso de eu “estar dando azar”.<br />

Brincadeira ou não, chamou-me a atenção o componente de sorte envolvido no<br />

procedimento, segundo esta perspectiva.<br />

Cacá e o “308”<br />

No dia seguinte, Sebastián ingressou à sala de Valeria. Era passado o meio dia<br />

de uma sexta-feira e eu permanecia sentada lendo algum processo. Sebastián entrou<br />

reclamando do fato de estar esperando desde a manhã que a defensoria pública<br />

“subisse” um preso para lhe tomar o “308”. O preso era Cacá. A demora parecia estar<br />

vinculada com a “entrevista prévia”. O processo tinha “subido” da UFI para a<br />

defensoria às nove e meia da manhã. A essa altura era uma e meia da tarde e o defensor<br />

não dava notícias. Seguindo o ritual de toda sexta-feira, o pessoal da UFI iria almoçar<br />

junto fora do prédio; só que naquele dia tinham combinado uma comida na casa de uma<br />

funcionária e as massas a serem feitas esperavam na geladeira da copa do “corredor”.<br />

Como Valeria não iria naquele almoço, ofereceu para Sebastián ficar responsável por<br />

tomar o “308” de Cacá. Esta delegação acontecia algumas vezes em que, por<br />

circunstâncias específicas, quem “levava o processo” solicitava para outro funcionário<br />

que tomasse um depoimento. Como a expectativa era que “imputado” não iria depor,<br />

nesses casos, apenas seria necessário tomar os dados pessoais e ler os “fatos” que<br />

constavam no respectivo processo.<br />

Naquela tarde de sexta-feira, na UFI, ficamos apenas Valeria e eu. Foram várias<br />

as vezes que ela ligou para a defensoria reclamando pelo processo e pela realização do<br />

depoimento. O processo já tinha mais de três meses e bastante informação acumulada.<br />

O defensor titular, Martín Lavalle, um jovem recentemente nomeado no cargo, tinha<br />

passado o processo a uma funcionária para que ela desse uma lida. Talvez por isso<br />

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