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Baixar - Proppi - UFF

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CAPÍTULO 8<br />

Não sei se por intuição profissional ou por pura sorte, em um dia de fevereiro de<br />

2010, estando na minha casa no Rio de Janeiro, decidi escrever para Valeria<br />

perguntando se, com o número do processo de Cacá, ela teria como informar a data do<br />

juicio oral, caso já estivesse marcada. Em poucos minutos, me respondeu que tinha sido<br />

bem fácil: colocou o número no “sistema”, do seu computador, onde se informava que o<br />

juicio estava previsto para acontecer entre os dias 26 e 27 de abril desse ano. Valeria<br />

acrescentou na sua resposta que, com certeza, aconteceria naquela data porque, por se<br />

tratar de um “homicídio”, era improvável um “juicio abreviado”. Indicava, assim, a<br />

importância e gravidade outorgadas ao tipo de crime que seria julgado. Também<br />

refletida no fato de Cacá ter permanecido preso desde a decisão de “prisão preventiva”<br />

da “juíza de garantias”, em novembro de 2007, até aquela data do juicio.<br />

Como contei no Capítulo 1, para aqueles dias viajei para Buenos Aires. Assisti o<br />

juicio de Dario e, poucos dias depois, o de Cacá. Eram para mim dois compromissos<br />

importantes da pesquisa. O juicio de Cacá intrigava-me pelo fato de nunca ter observado<br />

um julgamento do qual tivesse, em seu momento, acompanhado presencialmente a etapa<br />

de instrução. Isso devido, em grande medida, ao tempo transcorrido entre a chamada<br />

“elevación a juicio” e a realização da audiência de juicio.<br />

(...) nunca na província de Buenos Aires acreditou-se na oralidade. Por que você<br />

pode dizer isso com essa certeza? Porque quando você acredita em um sistema e<br />

você acredita nas bases sobre as quais o sistema vai operar, você destina<br />

recursos materiais e humanos para que funcione. Na província de Buenos Aires,<br />

não há salas de audiências, não há! Como pode se pensar que, se a um Estado<br />

realmente lhe interessa a oralidade no sistema penal, não poderia ter construído o<br />

âmbito natural das audiências orais? E isso tem sido uma limitação enorme.<br />

Agora isso está sendo revisado por alguns tribunais superiores, mas no ano de<br />

2008, em Los Pantanos, estavam marcando audiências de juicio oral para 2013,<br />

e com um preso! A oralidade não tem sido levada à realidade como corresponde.<br />

(Entrevista com Dr. Lopez Matze, advogado criminal, 26/05/09)<br />

A média de tempo entre a “elevación a juicio” e a audiência de julgamento era,<br />

tal como manifestada em entrevistas e a partir dos juicios observados, entre três e quatro<br />

anos. Este intervalo de tempo foi muitas vezes criticado em detrimento ao direito de<br />

defesa. O tempo transcorrido, por exemplo, podia atentar contra a presença de<br />

testemunhas (morte, não localização), fazendo que os depoimentos realizados na etapa<br />

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