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Baixar - Proppi - UFF

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opinião, o jovem amigo de Santiago e Quique pareceu conforme, me agradeceu e nos<br />

despedimos até o dia seguinte.<br />

Naquela primeira manhã, após esperar aproximadamente uma hora, um policial<br />

abriu a porta que conduzia à sala. Chamou as pessoas, solicitando que fizessem uma<br />

fila. Rapidamente todos se organizaram e foram ingressando na sala de audiências. Sem<br />

inscrição prévia e sem apresentação de identidade, apenas sendo revistados os bolsos e<br />

as roupas. Era uma experiência semelhante a outros juicios que tinha assistido nesse e<br />

em outros departamentos judiciais. Contrastava, porém, com a experiência vivida dias<br />

antes no juicio de Dario. Como relatei no primeiro capítulo, naquele, a permissão, o<br />

ingresso e a distribuição do “público” na sala tinham sido extremamente controlados.<br />

Fui a última desse primeiro grupo em ingressar à sala. O grupo do “bairro” tinha<br />

se localizado nas duas primeiras fileiras de assentos disponíveis. Sente-me na última<br />

ocupada por eles, do lado de um casal e atrás do jovem com quem conversaria mais<br />

tarde. Já conhecia a sala de outras audiências. Era uma sala menor e menos exultante se<br />

comparada com aquela reservada para o juicio de Dario, em La Plata. Esta, do<br />

departamento de Los Pantanos, tinha sete fileiras de cadeiras, sem separação umas de<br />

outras. Com uma divisória de madeira, dividia-se o ambiente do “público” daquele onde<br />

aconteceria o juicio propriamente dito. O promotor e o defensor não estavam a cada<br />

lado da cadeira do eventual depoente, como em La Plata, mas atrás dela. Isso criava o<br />

efeito da pessoa que depunha permanecer de costas a quem formulava perguntas e se<br />

dirigia a ela.<br />

Quando entrei na sala, Cacá já estava sentado na mesa da “defesa” junto com<br />

seu advogado particular. Vestia um casaco de lã e uma calça jeans, bem arrumado. O<br />

cabelo estava curto e sem pontas de mechas pintadas de loiro. Não sei se foi por esse<br />

escurecimento do cabelo, ou por diferenças nas imagens por mim retidas, mas pareceume<br />

diferente daquele jovem que tinha conhecido em setembro de 2007, na sala de<br />

Valeria. Não sei se o tivesse “reconhecido” se não fosse aquela situação e posição<br />

inteiramente previsível. Cacá conversava com seu advogado, tal como o faria durante a<br />

audiência em várias oportunidades. Não parecia inquieto; apenas atento ao que<br />

acontecia e era dito. Atrás dele, do lado do “público”, permanecia um agente do serviço<br />

penitenciário. Como todos os “acusados”, Cacá permaneceria durante a audiência sem<br />

algemas.<br />

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