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Baixar - Proppi - UFF

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isso, as diferentes formas de trabalho dos funcionários podiam ter efeitos no<br />

depoimento. Não era a mesma situação para a testemunha depor antes ou depois do<br />

depoimento anterior ser lido, ou diretamente sem que fosse lido. Isso não quer dizer<br />

que, quando era lido no início, as pessoas ratificassem seu conteúdo integralmente e o<br />

repetissem diante do funcionário da UFI. Podiam fazer algumas correções e acrescentar<br />

informações. Esses acréscimos eram resultado também da interação com as perguntas<br />

mais incisivas e detalhistas dos funcionários judiciais. Diferentemente, eles, em todos os<br />

casos, tinham lido previamente a ata policial e estavam familiarizados com certas<br />

informações que desejavam perguntar ou reperguntar.<br />

Ora, nem todas as testemunhas tinham deposto previamente na polícia. E nem<br />

todas as pessoas recebiam a citação policial por escrito. E outras recebiam a citação<br />

policial por escrito, mas posteriormente eram contatadas por outras vias para se fazerem<br />

presentes. “Se as testemunhas não vêem duas vezes, você as manda buscar com a força<br />

pública, porque se atrasam os prazos”, me disse Valeria. Contudo, era mais comum,<br />

antes dessa instância, os próprios funcionários da UFI ligarem para a testemunha por<br />

telefone, explicassem o motivo pelo qual deviam ir à UFI e a comprometessem a tal<br />

fim. Também acontecia que alguma testemunha fosse citada por escrito mais de uma<br />

vez, mas não se apresentasse na UFI.<br />

Esta situação me chamou a atenção em um processo por “homicídio” que Alicia<br />

guardava na sua estante havia quatro anos. O processo continuava em andamento,<br />

porque, após quatro meses do fato, a mãe do jovem morto tinha solicitado, junto com<br />

seu advogado, a citação de quatro vizinhos do bairro que teriam presenciado o fato. No<br />

dia seguinte àquela petição, por via policial, Alicia mandou citar as três testemunhas<br />

para o mês de março. Como não acudiram, foram citadas novamente para abril e,<br />

posteriormente para maio. Passado um mês, enviou novamente um agente policial.<br />

“Cumpro em informar a senhora que se comissionou o Sargento Diego<br />

Fernández, o qual cumpre a função de citador neste elemento, aos fins de<br />

realizar a notificação do cidadão Oscar López, que se domicilia na rua José<br />

Suárez 228 deste meio. Constituído no local, constata que a numeração inexiste,<br />

sendo que a mesma se encontra localizada em uma villa de emergencia [favela]<br />

denominada Evita, onde não existe numeração cadastral municipal. São os<br />

vizinhos da área que colocam os números das moradias. Não levando nenhum<br />

tipo de ordem. É assim que foi percorrida a artéria José Suárez em toda sua<br />

extensão (700 metros) inexistindo dita numeração. Em tal sentido, foi realizado<br />

um levantamento entre os vizinhos da área aos fins de dar com o paradeiro do<br />

envolvido, se negando a aportar dados e circunstâncias pessoais”.<br />

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