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Baixar - Proppi - UFF

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demorassem em devolvê-lo. Talvez fosse porque a entrevista com Cacá demorava mais<br />

do que o costume. O certo era que já eram as três da tarde e Cacá ainda não tinha se<br />

apresentado. Quando finalmente ligaram da defensoria, avisando que estavam<br />

“descendo” com o processo, também informaram que “Cacá iria depor”. Tal decisão<br />

não parecia ter estado nos planos de Valeria e Sebastián quando ela tomou o lugar dele.<br />

Em parte porque, como vimos, esperava-se que a maioria dos “imputados” defendidos<br />

por defensor oficial optasse por “não depor”. Em parte, porque, como o fato de “não<br />

depor” era associado com a proclamação de inocência, nem Valeria, nem Sebastián<br />

esperavam que esse fosse ser o caso de Cacá, que, para eles, parecia implicado o<br />

suficiente para permanecer calado.<br />

Com a presença do defensor titular, Valeria começou o ato com o interrogatório<br />

pessoal de Cacá.<br />

Cacá tinha nascido no 5 de novembro de 1987. Na época, tinha 19 anos. Nasceu<br />

na província de Buenos Aires, no mesmo bairro onde ainda morava com seus pais e<br />

suas duas irmãs. Também morava junto com eles um irmão mais velho, mas, naquela<br />

época, estava alojado em uma prisão da província. Cacá era um jovem alto,<br />

aproximadamente, de 1,80 metro, magro, de cabelo curto. No dia do depoimento, tinha<br />

as pontas de suas curtas mechas castanhas pintadas de loiro (“raios de sol”). Sua pele<br />

era escura. Disse ser vendedor ambulante e ter ido à escola até a terceira série. Também<br />

disse não saber ler nem escrever. Era solteiro e havia poucos meses “ficava com uma<br />

garota”. Valeria perguntou se tinha processos anteriores, respondendo ele que “não, só<br />

de menor”.<br />

Valeria leu os “fatos imputados”. E, embora já soubesse da decisão, perguntou,<br />

formalmente, para Cacá se iria depor. Com a resposta afirmativa, começou o<br />

depoimento propriamente dito.<br />

Valeria: estou ouvindo você.<br />

Cacá: que sou inocente. O que quer que eu diga? Que estão me acusando de uma<br />

coisa que eu não fui.<br />

Valeria: bom, mas diga o que é que você quer dizer.<br />

Cacá: eu não faço nem idéia do que é que aconteceu.<br />

(…)<br />

Valeria: você conhece um senhor chamado Sopa?<br />

Cacá: seria meu sogro, o padrasto de minha garota.<br />

Valeria: e como se chama “sua garota”?<br />

Cacá: Samanta.<br />

Valeria: lembra de ter tido uma discussão com esse senhor?<br />

Cacá: sim.<br />

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