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Baixar - Proppi - UFF

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desenvolvida pelas mesmas unidades. Há departamentos que privilegiaram organizar as<br />

promotorias de forma especializada por tipo de crime. Em uma delas (na zona norte do<br />

conurbano), há então unidades para “crimes comuns” (homicídio, roubo, furto, ameaça,<br />

extorsão, entre outros), unidades para “crimes culposos”, outras para crimes<br />

considerados menores (lesões leves, porte de arma, ameaça) e crimes sexuais (estupro,<br />

abuso desonesto), outras para “crimes complexos” e patrimoniais e uma última unidade<br />

para casos com autor ignorado. Estes critérios podem também ser combinados.<br />

No departamento de Los Pantanos, na época da minha pesquisa, a distinção era<br />

bem combinada. Entre as promotorias, havia unidades diferenciadas para a etapa de<br />

investigação (26) e a de julgamento (18) (como veremos a seguir, chamadas Unidades<br />

Funcionales de Investigación –UFI- e Fiscalías de Juicio, respectivamente). Dentre as<br />

primeiras, havia também duas unidades especializadas: uma para crimes por temas de<br />

droga 77 e outra para casos com “autor ignorado”, conhecida como a “UFI de NN”. O<br />

resto se dividia em UFIs de tipo “criminal” (quinze) e de tipo “correccional” (quatro).<br />

Esta divisão dependia do tipo de crime. Por definição do CPP-PBA, os crimes de tipo<br />

correccional são aqueles cuja pena máxima é menor que seis anos. Contudo, em Los<br />

Pantanos, o Fiscal de Câmara flexibilizava essa distinção incluindo nas “UFIs<br />

criminais” crimes que, conforme a lei, seriam “correccionales”. Por isso, volta e meia,<br />

durante o trabalho de campo, ouvia críticas dos promotores de “UFIs criminais” pelas<br />

acomodações que fazia o Fiscal de Câmara do departamento. Já na primeira visita à<br />

UFI criminal, onde desenvolveria o trabalho de campo, ouvi que:<br />

O Fiscal General de Los Pantanos distribui os crimes entre criminais e<br />

correccionales de modo próprio. Todos aqueles que lhe parecem mais<br />

complexos os manda para criminais. O resultado é que as criminais estão cheias<br />

de trabalho. As criminais têm desde homicídios, crimes sexuais, até furto,<br />

resistência à autoridade (que é tudo, porque se o rapaz respondeu de mau jeito o<br />

policial já coloca resistência à autoridade) e também quando há carros<br />

abandonados na rua ou corpos mortos!<br />

77 A Lei de Drogas é de competência da justiça federal, mas a província de Buenos Aires foi a primeira<br />

em aderir à Lei Nacional de Desfederalização de Entorpecentes (26.052, julho de 2005). De acordo com a<br />

mesma, as questões vinculadas à venda e distribuição de droga em casos de menor quantidade (sem<br />

especificar a mesma) passaram a ser competência da Justiça provincial. Um juiz da província explicava<br />

esta situação considerando que “o varejo, o cristão que vende droga é nosso. Na PBA onde há mais<br />

miséria e muita venda de paco [droga elaborada com a base da cocaína, e identificada como um dos<br />

problemas atuais em termos de venda e consumo] e demais, fizeram um corte com certos crimes como o<br />

porte de entorpecentes, o porte para uso pessoal, tudo o que é de menor quantidade o passaram para aqui<br />

[justiça provincial]. Mas o informante continua sendo o mesmo porque é a polícia quem levanta o dado, a<br />

polícia ia com o dado para a justiça federal que não dava nem bola, hoje vem aqui e há uma resposta”. A<br />

resposta mais freqüente tem sido a detenção de pessoas que vendiam droga, em pequenos comércios do<br />

conurbano, majoritariamente, os jovens que moram pela área.<br />

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