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Baixar - Proppi - UFF

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público, 13h. Naquela sexta-feira eram às 14h quando finalmente “subiram o preso” de<br />

Alicia. Tratava-se de um preso que queria apresentar uma denúncia de “maus tratos” na<br />

Unidade prisional onde estava alojado.<br />

Alicia: você está fora do horário para fazer a denúncia. Você tem que se<br />

comunicar com o defensor. Por que você não se comunicou com o defensor?<br />

Jovem: é que minha família falou com o defensor e lhe disseram que não era o<br />

dia [algumas defensorias públicas tinham dias fixos de atendimento dos<br />

familiares].<br />

Alicia: eu não posso fazer nada porque hoje é sexta e trouxeram você às 14<br />

horas.<br />

Alicia telefonou para a Oficina de Denúncias e explicou a situação: “em dez<br />

minutos o mando para lá”. O horário da Oficina de Denúncias estava se esgotando.<br />

Alicia tomou o depoimento do jovem, lhe fazendo várias perguntas sobre a situação<br />

denunciada. O fato de ter sido uma denúncia por “maus tratos” na prisão não contribuía<br />

com a paciência de Alicia que, finalmente, demonstrou ser maior do que seu humor. Os<br />

casos de denúncias “por maus tratos” ou “tortura” eram vistos na UFI como casos que<br />

não conduziam para uma resolução concreta. Ou eram difíceis de provar (“porque os<br />

próprios agentes se encobrem”, disse uma vez Diego), ou os próprios presos desistiam<br />

da denúncia por ameaças ou temor dos policiais ou agentes penitenciários. Embora ela<br />

mesma achasse que a denúncia fosse terminar em nada, fez tudo com detalhe. Quando<br />

deu por terminado o depoimento, a Oficina de Denúncias já estava fechada e os<br />

“meninos” cheios de fome. Não acreditavam ter tido que esperar até “tão tarde”.<br />

A outra fonte de reclamações em relação ao ‘tempo dos presos’ não recaía nos<br />

guardas, mas nos defensores. Como já disse, antes de irem à UFI, os “imputados”<br />

tinham uma entrevista na defensoria pública de “turno”. O tempo levado nas<br />

defensorias para disponibilizar o “imputado” ou o processo, para que seja tomado o<br />

depoimento na UFI, era motivo de reclamações caso demorasse “demais” 146 . Também<br />

era um indicador para atribuir certos estilos de trabalho às defensorias.<br />

“Mesma roupa, mesmos móveis”<br />

“Esta defensora começa te ligar às 13h30 para ir embora”, disse Valeria no<br />

segundo dia do primeiro “turno” que acompanhei. Essa frase marcava temporalidades<br />

distintas entre as diversas defensorias. Aquela de “turno” nessa ocasião era considerada<br />

146 Ver Capítulo 7.<br />

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