12.07.2015 Views

EUGEN VON BOHM-BAWERK Teoria Positiva do Capital Volume I

EUGEN VON BOHM-BAWERK Teoria Positiva do Capital Volume I

EUGEN VON BOHM-BAWERK Teoria Positiva do Capital Volume I

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

14 PREFÁCIO PARA A TERCEIRA EDIÇÃOcampo de pesquisa, provém de se subestimar certo tipo de dificuldades com quese costuma aqui deparar, e <strong>do</strong> fato de, em conseqüência desse menosprezo, se dispensarmuito pouca atenção a essas dificuldades. Não é possível encontrar uma soluçãopara os problemas relativos ao capital - como aliás teve de comprová-lo deimediato e instintivamente to<strong>do</strong> aquele que tenha tenta<strong>do</strong> solucioná-los - sem umaforte <strong>do</strong>se de trabalho dedutivo, sem operar com um conjunto de fatos preexistentes.forneci<strong>do</strong>s pela realidade. Além disso, pelo fato de muitas coisas estarem concatenadasentre si, os encadeamentos <strong>do</strong> pensamento dedutivo devem obrigatoriamenteatingir aquele grau de extensão consideravelmente grande, para cujos perigosjá Marshall chamou a atenção com muita propriedade, ainda que, em parte,por outros motivos.Nessas longas cadeias de pensamento dedutivo, considero que nosso inimigomais perigoso é a palavra. Esta deve ser um traje lingüístico, um invólucro para concepçõesvitais, com a única função de despertá-las. Mas o problema é este: comque grau de criatividade obedecemos, em cada caso, a esse estímulo? Com quegrau de vivacidade e fidelidade tornamos presente ao nosso espírito a representaçãodas coisas inerente à palavra? Se, de uma forma ou de outra, nos descuidarmosneste trabalho de representação plástica, se - como tão facilmente acontece- com confiança ingênua nos apoiarmos mais na palavra que nos é confiada <strong>do</strong>que construírmos em nós o conteú<strong>do</strong> dela, neste caso, com excessiva facilidade apalavra se transforma em "invólucro" num senti<strong>do</strong> diferente, indeseja<strong>do</strong>: este entãoacaba nos esconden<strong>do</strong> os contornos níti<strong>do</strong>s e verdadeiros <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> real, e nãomais conseguimos chegar até ele através da palavra, pois nos satisfazemos com oscontornos acidentais da representação lingüística. E quan<strong>do</strong> então tais palavras, queescondem a realidade, percorrem essas longas cadeias de raciocínio, inexiste qualquergarantia de que os conteú<strong>do</strong>s veicula<strong>do</strong>s pelas palavras se ajustem uns aosoutros, com seus ângulos e contornos; chega-se então a conclusões dialéticas, extraídasde palavras justapostas umas às outras, e com elas chega-se àqueles agourentosdescarrilamentos dialéticos com que se costuma deparar em todas as deduçõescomplexas e longas, fato que em lugar nenhum se encontra com maior freqüência<strong>do</strong> que em cadeias de raciocínio construídas despreocupadamente no âmbitoda teoria <strong>do</strong> capital.Temo que muitos <strong>do</strong>s colegas que operam em nosso ramo ainda não estejamsuficientemente preveni<strong>do</strong>s contra esse perigo. Ainda não estão suficientemente escalda<strong>do</strong>spara entender que não bastam inteligência e perspicácia para evitar essesperigos, e que os melhores resulta<strong>do</strong>s se obtêm fazen<strong>do</strong> uso de certas virtudes secundárias,e talvez até um tanto subestimadas: um cuida<strong>do</strong> pelos detalhes, que raiapelo pedantismo, além de uma paciência infinita, que nunca cessa de requestionaras coisas. A experiência nos mostra que exortações abstratas costumam lograr poucoresulta<strong>do</strong>. Eis por que me propus ilustrar tu<strong>do</strong> isso como que na experiência viva.Para esse fim podiam e deviam servir-me também aqueles casos-padrão concretos,aproveita<strong>do</strong>s para uma reflexão extremamente cuida<strong>do</strong>sa. Basea<strong>do</strong> neles,como que em um tipo de ensino visual, quis ilustrar toda a periculosidade e a dificuldade- via de regra muito subestimada - inerentes às elaborações como estas;quis mostrar quanto e até que profundidade se deve pensar em cada frase que sepronuncia, mesmo na mais simples, e quão enganosas e insuficientes são, nessecampo, as reflexões de fôlego curto, interrompidas precipitadamente pela impaciênciaou pela ingênua credulidade - e isso, tanto quan<strong>do</strong> se trata de construir comode criticar.Sei muito bem que com isso me impus uma tarefa digna de reconhecimento.Em verdade, não se pode esperãt colher lauréis literários com tais investigações trabalhosase sutis, que pesquisam o detalhe mais remoto. De antemão <strong>do</strong>u razão a .

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!