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EUGEN VON BOHM-BAWERK Teoria Positiva do Capital Volume I

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38 CONCEITO E NATUREZA DO CAPITALsibilidades seria enormemente amplia<strong>do</strong>. E de fato conseguimos isso.Conseguimo-lo na suposição de <strong>do</strong>minarmos com mais facilidade a matéria naqual reside a força auxiliar <strong>do</strong> que a destinada a ser transformada no bem real deseja<strong>do</strong>.Ora, essa suposição felizmente se verifica com muita freqüência. Nossa mãomacia e flexível é incapaz de vencer a coesão da pedreira. Mas a cunha de ferro,dura e pontuda, pode, e felizmente conseguimos, com pouco esforço, <strong>do</strong>minar porsua vez a cunha e o martelo, que têm a função de fazê-lo. Somos incapazes de recolherátomos de fósforo e de potássio <strong>do</strong> solo, e átomos de carbono e de nitrogênio<strong>do</strong> ar atmosférico, e transformá-los em um grão de trigo; mas as forças químicoorgânicas<strong>do</strong> trigo para semeadura são capazes de estimular esse lin<strong>do</strong> processo,e nós podemos, brincan<strong>do</strong>, enterrar o grão de trigo para semeadura no local desua atuação misteriosa, o seio da terra. Sem dúvida, muitas vezes não somos capazesde <strong>do</strong>minar diretamente a matéria na qual reside a energia auxiliar que está nela:mas da mesma forma que ela está destinada a nos ajudar, ajudamo-nos a nósmesmos contra ela: procuramos conseguir uma segunda força auxiliar da Natureza,a qual coloca sob nosso <strong>do</strong>mínio a matéria porta<strong>do</strong>ra da primeira., Queremos conduzirpara casa a água da fonte. Calhas de madeira forçariam a água a entrar pelocaminho prescrito, segun<strong>do</strong> nosso desejo. Acontece que nossa mãoéJmpotente parareduzir a árvore <strong>do</strong> mato à forma de calhas. Rapidamente é encontrada uma saída.Procuramos uma segunda força auxiliar no macha<strong>do</strong> e na broca. Primeiro, a ajudadesta segunda força auxiliar nos dá as calhas, e a seguir estas devem ajudar-nosa trazer a água. E o que nesse exemplo ocorre por meio de <strong>do</strong>is ou três elos, podeocorrer, com sucesso igual e melhor, também por meio de cinco, dez ou vinte elosintermediários. Assim como <strong>do</strong>minamos a matéria imediata <strong>do</strong> bem por uma forçaauxiliar e <strong>do</strong>minamos esta mediante uma segunda força auxiliar, da mesma formapodemos obter a segunda força auxiliar mediante uma terceira, a terceira medianteuma quarta, esta mediante uma quinta, e assim por diante, na medida em que recorrermospara cima a causas cada vez mais longínquas <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> final, até chegarmosfinalmente a uma causa da série que podemos comodamente <strong>do</strong>minar comnossos próprios meios naturais. Este é o verdadeiro significa<strong>do</strong> inerente à a<strong>do</strong>çãode vias indiretas na produção, e esta é a razão <strong>do</strong>s sucessos liga<strong>do</strong>s a essa prática:cada novo caminho indireto significa o <strong>do</strong>mínio de uma força auxiliar que é maisforte ou mais adequada <strong>do</strong> que a mão humana; cada prolongamento da via indiretasignifica uma multiplicação das forças auxiliares que são colocadas a serviço <strong>do</strong>homem, bem como uma transferência de uma parte <strong>do</strong> ônus da produção, <strong>do</strong> escassoe dispendioso trabalho humano para as forças da Natureza, disponíveis emabundância.E agora é o momento de assentar explicitamente uma idéia já há muito tempoesperada, e que com certeza o próprio leitor já intuiu, a saber: a produção, que caminhapor sábios caminhos indiretos, não é outra coisa senão aquilo que os estudiososde Economia Política denominam produção capitalística,3 da mesma formaque a produção que vai diretamente, usan<strong>do</strong> só as mãos, ao objetivo, é poreles chamada de produção sem capital. Por sua vez, o capital outra coisa não ésenão o conjunto <strong>do</strong>s produtos intermediários que surgem nas diversas etapas individuaisque perfazem a via de surgimento indireta.Com isso interpretamos o fundamento básico mais importante da teoria <strong>do</strong> ca­- :r"":. i""3 o termo "produção capitalística" é utiliza<strong>do</strong> em duas acepções. Com ele designa-se tanto uma produção que se serve daajuda de objetos que constituem capital (matérias-primas, instrumentos. máquinas e similares), quanto uma produção queocorre por conta e sob o coman<strong>do</strong> de capitalistas-empresários priva<strong>do</strong>s. Uma não precisa necessariamente coincidir coma outra. Pessoalmente, relaciono o termo sempre com a primeira das duas acepções

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