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EUGEN VON BOHM-BAWERK Teoria Positiva do Capital Volume I

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32 CONCEITO E NATUREZA DO CAPITALJá foi dito que o surgimento <strong>do</strong>s bens materiais está totalmente sujeito às leisda Natureza. Nenhum bem material pode originar-se a não ser quan<strong>do</strong> uma constelaçãoexistente de matérias e forças torna necessário, por lei natural, que se formeexatamente'essa configuração da matéria: considerada <strong>do</strong> ponto de vista da Natureza,toda formação de bens é um puro processo natural. O mesmo não oCQrre <strong>do</strong>ponto de vista <strong>do</strong> homem. Este tem razões para insistir numa diferença que d~saparece<strong>do</strong> ponto de vista puramente histórico-natural. Efetivamente, uma parte/de formasúteis da matéria origina-se sem qualquer intervenção <strong>do</strong> homem, ou seja, comoproduto casual - <strong>do</strong> ponto de vista teleológico <strong>do</strong> homem - de constelaçõesfavoráveis <strong>do</strong>s materiais e das forças da Natureza. Assim surgem ilhas férteis no curso<strong>do</strong>s rios. assim germina o capim num solo natural de pastagem, assim crescemos bagos e as árvores <strong>do</strong> mato, assim se formaram as reservas naturais de mineraisúteis. Entretanto, embora o acaso muito faça em favor <strong>do</strong> homem dessa maneira,nem de longe faz o suficiente. Na Natureza, se aban<strong>do</strong>nada a si mesma, aconteceem grande escala o que ocorreria em pequena escala, se alguém, desejan<strong>do</strong> conseguirtirar uma imagem bem determinada de pedrinhas de cor, ao invés de comporas mesmas com intencionalidade, quisesse colocá-las em um calei<strong>do</strong>scópio e esperaraté que as pedrinhas, ali misturadas sem plano, um dia produzissem por acasoa imagem desejada: sen<strong>do</strong> incalculável a variedade em que os materiais e as forçasem ação podem combinar-se, tanto num caso como no outro as imagens efetivaspossíveis são inúmeras, ao passo que as favoráveis são poucas; e essas poucas, seas coisas forem deixadas ao seu livre curso, ocorrem com freqüência excessivamentebaixa para que o homem, que depende da ocorrência delas para satisfazer àssuas necessidades, possa ficar tranqüilo. Por isso ele intervém como fator nos processosda Natureza, com seus próprios esforços orienta<strong>do</strong>s para o fim visa<strong>do</strong> - elecomeça a produzir os bens de que necessita.Produzir! Que significa isso? - Que a produção de bens não é a criação dematérias anteriormente não existentes, não é a criação no verdadeiro senti<strong>do</strong> da palavra,mas só é e só pode ser transformação da matéria imperecível em formas maisvantajosas, o que já foi dito tantas vezes que seria totalmente supérfluo voltar novamentea esse ponto. Mais correta, embora também exposta a má interpretação, éa expressão tantas vezes ouvida de que o homem, na produção, "<strong>do</strong>mina" as forçasda Natureza e as "dirige" para vantagem sua. Se quiséssemos dar a essa expressãoo senti<strong>do</strong> de que o homem em qualquer partícula de matéria pode pôr sua vontadesoberana em lugar das leis da natureza normalmente imperantes, pode a seu arbítriocriar qualquer exceção a essas leis, seria totalmente errôneo: queira ou não orei da criação, nenhum átomo da matéria, em momento algum, em virtude de suaspróprias forças, agirá, por mínimo que seja, de uma forma diferente daquela exigidadele pelas leis inalteráveis da Natureza. O papel que cabe ao homem na produçãoé, na realidade, muito mais modesto. Consiste simplesmente no seguinte: ele, quetambém é uma peça <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> da Natureza, combina suas forças naturais com asforças não pessoais da natureza e as combina de tal maneira que da ação conjuntadas forças unidas deva, por forças das leis naturais, ocorrer a formação de determinadacoisa material que se deseja. Assim sen<strong>do</strong>, a formação de bens permaneceum processo puramente natural, não obstante o homem; esse processo não é perturba<strong>do</strong>pelo homem, mas é por ele executa<strong>do</strong>, na medida em que, inserin<strong>do</strong> habilmentesuas próprias forças naturais, sabe preencher as lacunas que até agora persistemnas condições de lei natural para a formação de um bem material.Se examinarmos ainda com mais precisão de que maneira o homem ajuda osprocessos naturais, descobriremos que a única, porém plenamente suficiente, receitade que dispõe é o deslocamento das coisas no espaço. Os deslocamentos da ma­

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