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EUGEN VON BOHM-BAWERK Teoria Positiva do Capital Volume I

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106 CONCEITO E NATUREZA DO CAPITALvêem como um fator autônomo, sim, mas apenas "deriva<strong>do</strong>";7 outros consideramnoapenas como uma "condição";8 outros, ainda, apenas como um "instrumento"ou "ferramenta" de produção. 9 Digo mais: os nossos teóricos não conseguem concordarnem sequer sobre a questão de como se origina esse meio auxiliar e útil daprodução. Sem dúvida, se perguntarmos concretamente como se origina uma plaina,ou um ara<strong>do</strong>, ou uma máquina a vapor, provavelmente saberão fornecer, complena segurança, até informações minuciosas sobre o processo de desenvolvimentodessas peças <strong>do</strong> capital. Mas a partir <strong>do</strong> momento em que se trata de generalizaressas observações, separam-se em campos adversários: os capitais originam-se dapoupança, dizem uns; não, dizem outros, os capitais têm de ser produzi<strong>do</strong>s; tambémnão é isso, dizem os terceiros, os capitais se originam através <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is conjuga<strong>do</strong>s:a poupança e a produção.O fato de não se haver chega<strong>do</strong> a uma concordância nessa questão e em outrassemelhantes é muito mais estranho <strong>do</strong> que o de não se ter consegui<strong>do</strong> essaconcordância no tocante às teorias <strong>do</strong> juro. Pois no presente caso o problema a resolverera bem diferente e essencialmente mais fácil. Enquanto nas teorias sobre cjuro se trata de dar a explicação correta para fatos realmente muito complexos, aqu:quase não se precisava fazer outra coisa senão descrever corretamente os fatos ­e além <strong>do</strong> mais, fatos que são plenamente conheci<strong>do</strong>s de to<strong>do</strong>s. Como dissemos.não há quem não saiba como se origina uma plaina ou uma máquina a vapor. Damesma forma, cada qual tem uma idéia suficientemente exata <strong>do</strong> que é e comoopera na produção uma plaina, uma máquina, um ara<strong>do</strong> ou uma matéria-primaTeria basta<strong>do</strong> pôr de la<strong>do</strong> o específico desses casos e descrever com termos apropria<strong>do</strong>so que há de típico neles: só com isso já se teria quase automaticamenteescrito uma teoria da formação e da função <strong>do</strong> capital.Falhou-se até nessa tarefa simples, porque não se deixou que os fatos falassempor si mesmos. Em vez de simplesmente se descreverem os fatos como eles são.fizeram-se "interpretações" em torno deles e se introjetaram "interpretações" neles.Colocou-se em primeiro plano determina<strong>do</strong> traço, outro em segun<strong>do</strong> plano, um terceirofoi totalmente ignora<strong>do</strong>, para em compensação talvez projetar um quarto, quenem sequer estava presente neles. Ten<strong>do</strong> cada autor introjeta<strong>do</strong> profundamente nosfatos sua própria interpretação subjetiva, não era de admirar que cada um acaboulen<strong>do</strong> coisa diferente nos fatos.Considero que a tarefa mais importante <strong>do</strong> teórico neste campo consiste exatamenteem evitar o erro que acabo de censurar. Para fazê-lo com segurança, queroseparar nitidamente - mesmo externamente - a exposição <strong>do</strong>s fatos e a interpretação<strong>do</strong>s mesmos. Nessa linha, teremos primeiro uma seção autônoma destinadaa apresentar de forma puramente descritiva o processo de produção capitalista. Somentedepois de pisarmos em chão real e sóli<strong>do</strong> virá a interpretação da construção:aí então haverá uma seção sobre a função produtiva <strong>do</strong> capital, e outra para desenvolvera teoria da formação <strong>do</strong> capital. lO7 Por exemplo. GIDE. Príncipes d'Économie Politique. 1884, p. 101 e 145.8 Por exemplo, Kleinwaechter. no Manual de Schoenberg, 2 a ed., onde entre os 'fatores elementares da produção" se en_·meram apenas a Natureza e o trabalho, ao passo que o capital é en umera<strong>do</strong> apenas entre suas "condições".9 Por exemplo, Carey.10 Segun<strong>do</strong> enten<strong>do</strong>, na literatura anterior as concepções mais claras sobre a natureza da produção capitalista se enco:"'_­tram em Rodbertus, Jevons e C. Menger. Em especial, as exposições <strong>do</strong> primeiro aqui cita<strong>do</strong> apresentam um conhecime-·to prático e uma transparência clássica nos pontos em que a exposição não é viciada justamente por influência da vise.:socialista unilateral <strong>do</strong> autor. Infelizmente são muito perceptíveis alguns aspectos desfigura<strong>do</strong>s. Em particular, isso vale quan::ao menosprezo da função que cabe às valiosas forças da Natureza na produção e da influência <strong>do</strong> tempo - <strong>do</strong>is elemem:;que obviamente não se enquadram muito bem na "teoria da exploração', defendida por Rodbertus com tanta ênfase. ,que por isso foram deixa<strong>do</strong>s de la<strong>do</strong>. Para uma exposição mais exata, ver mais adiante. C. Menger, sobretu<strong>do</strong> ao estabe:ecer as "ordens de bens" (Grundsaetze der Volkswirtschaftslehre, p. 7 et seqs.), assim como as leis comuns aos bens de codens diferentes, deu, por um la<strong>do</strong>, uma demonstraç.ão brilhante de sua visão clara <strong>do</strong>s complexos fenômenos da produç~:e, por outro, um instrumento extremamente valioso à pesquisa posterior.

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