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EUGEN VON BOHM-BAWERK Teoria Positiva do Capital Volume I

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348 o JUROQue tipo de gente são, pois, os capitalistas? Numa palavra, são comerciantesque têm merca<strong>do</strong>ria presente para vender. São <strong>do</strong>nos felizar<strong>do</strong>s de um estoque debens de que não necessitam para suas necessidades pessoais <strong>do</strong> momento. Trocam,portanto, esse estoque de bens, de uma forma ou outra, por merca<strong>do</strong>ria futura efazem com que esta, em suas mãos, amadureça e se transforme novamente em merca<strong>do</strong>riapresente com seu valor pleno. Certos capitalistas fazem essa conversão deuma vez. Quem com seu capital contrói uma casa, compra um terreno, adquire umtítulo bancário de renda anual, dá um empréstimo a juros para 50 anos, troca seusbens presentes, totalmente ou em parte, por bens ou serviços que pertencem a umfuturo muito longínquo, e por isso cria com um só golpe oportunidade para umaumento de valor e uma renda em juros que terão longuíssima duração. Quem,ao contrário, desconta títulos trimestrais ou mantém uma produção com perío<strong>do</strong>de duração de um ano tem de repetir a conversão com freqüêncid. A merca<strong>do</strong>riafutura adquirida se transforma em merca<strong>do</strong>ria presente com valor pleno, já dentrode três meses ou dentro de um ano. Com essa merca<strong>do</strong>ria presente a operaçãocomercial é repetida, compram-se novos títulos a descontar, novas matérias primas,nova mão-de-obra; estes são novamente converti<strong>do</strong>s em bens presentes, e assimpor diante, sem interrupção.Que um capital renda juros ~eternamente", eis uma coisa muito simples, em taiscircunstâncias. Não tem cabimento pensar numa ~força produtiva" inesgotável <strong>do</strong>capital, que lhe asseguraria fecundidade eterna; não tem cabimento pensar num ~usO"eterno, que pudesse ser proporciona<strong>do</strong>, ano após ano, até o fim <strong>do</strong>s tempos, porum bem talvez já desapareci<strong>do</strong> há muito tempo.66 A verdade é outra: pelo fato deser sempre escasso o estoque de bens presentes, a conjuntura é sempre favorávelà sua troca por merca<strong>do</strong>ria futura; e pelo fato de o tempo sempre avançar para afrente, a merca<strong>do</strong>ria futura, comprada com vantagem, se transforma sempre de novoem merca<strong>do</strong>ria presente, adquire assim seu valor pleno de merca<strong>do</strong>ria presente,e ao mesmo tempo permite a seu proprietário aproveitar de novo a conjuntura semprefavorável aos bens presentes.Haverá algo de estranho ou escandaloso nisso? Não saberia por quê. Já pormotivos naturais, os bens presentes são uma merca<strong>do</strong>ria que vale mais <strong>do</strong> que bensfuturos; e o fato de o <strong>do</strong>no de uma merca<strong>do</strong>ria de mais valor a trocar por uma quantiamaior de merca<strong>do</strong>ria de menor valor não é mais escandaloso <strong>do</strong> que o <strong>do</strong>no detrigo por mais de uma maquia de aveia ou cevada, ou <strong>do</strong> que o <strong>do</strong>no de ouro trocarmeio quilo de ouro por mais de meio quilo de ferro ou de cobre. Renunciarao valor maior da merca<strong>do</strong>ria própria seria um ato de altruísmo e de generosidade,que é impossível impor como dever para to<strong>do</strong>s, e na realidade não é imposto comodever no caso de nenhuma outra merca<strong>do</strong>ria que seja.Na própria essência <strong>do</strong> juro, portanto, nada existe que o tome em si mesmoiníquo ou injusto. Mas uma coisa é a essência de um instituição, e bem outra coisasão casuais circustâncias concomitantes que lhe podem aderir em sua concretização66 Uma teoria demonstra-se incorreta pelo fato de não conseguir apresentar uma solução satisfatória para to<strong>do</strong>s os casosocorrentes. Repetidas vezes já tive oportunidade de apontar casos que não se consegue explicar satisfatoriamente com osmeios da "'teoria <strong>do</strong> uso", em meu entender errônea (ver supra, p. 308, 340 et seqs). Enumero aqui mais Um caso: é acompra de uma "renda perpétua. por exemplo uma das Rendas de Dívida Pública, hoje usua.is, que não sâo conversíveisnem reembolsáveis. A teoria <strong>do</strong> uso pretende ver nos pagamentos anuais de renda o preço <strong>do</strong> "uso <strong>do</strong> capital", cedi<strong>do</strong>para sempre. Mas que aconteceu com o estoque de capital? Em qualquer hipótese. ele foi transferi<strong>do</strong> Não foi simplesmenteempresta<strong>do</strong>, pois nunca será devolvi<strong>do</strong>. Também não pode ter si<strong>do</strong> transferi<strong>do</strong> sob remuneração - no entender <strong>do</strong>s defensoresda teoria <strong>do</strong> uso -, pois as rendas anuais são o preço <strong>do</strong> "uso", e afora isso não se paga nada. Finalmente, O estoquede capital também não foi transferi<strong>do</strong> gratuitamente, oc seja, da<strong>do</strong> de presente, pois ao cre<strong>do</strong>r da renda não ocorre a idéiade dá-lo de presente, e o deve<strong>do</strong>r da renda na verdade também nâo se sente presentea<strong>do</strong>. Pois bem, aquilo que a teoria<strong>do</strong> uso não consegue explicar, ou só o consegue recorren<strong>do</strong> a muitos artifícios, explica-se com perfelta na.turalidade pelanossa teoria: o que ocorre aqui é uma troca de bens presente~ (capital de renda) por uma série de somas futuras de bens(as rendas).prátice Cnismo" =~sangL:2. 51reinan:.:: ~tuiçãc :".":';e abu5e"De :apresen:;; Ium pe:-:;·(precisa :':':)ga<strong>do</strong> a:",tâncias : J'lsó pOG,,:-:,é muito :xvel. Po~ :::Jtárlos: c_ 'Nessa t:ê.:1te desfê'.:)!desfavoré-.lde<strong>do</strong>re5 ::ihá relaC:':.!meros. :':Jsituação ::f- situac~cdesfavoÇ;; ::lPor CJ.vez, ser .:-:rsen<strong>do</strong> pC":'lbens pre~:são obLça:ra um n".;;:Felizme~.:;;circustân:::aso, sim. C"na<strong>do</strong> pelo ~da qual E:

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