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EUGEN VON BOHM-BAWERK Teoria Positiva do Capital Volume I

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164 O VALOR E O PREÇOa importância <strong>do</strong> serviço que o pão pode prestar a meu bem-estar, perguntan<strong>do</strong>se esse conjunto universal tem importância grande ou pequena. Seria exatamentea mesma coisa que, ao se perguntar a alguém a altitude <strong>do</strong> Kahlemberg (próximode Viena), a pessoa pretender atribuir a esse minúsculo representante <strong>do</strong>s Alpesa altitude da cadeia inteira <strong>do</strong>s Alpes. Na realidade, também na vida prática nuncanos ocorre a idéia de honrar cada pedaço de pão que possuímos, como se fosseum tesouro de importância de vida e morte, ou a idéia de, cada vez que com algumasmoedinhas tivermos compra<strong>do</strong> um pão ao padeiro, nos alegramos como secom isso tivéssemos consegui<strong>do</strong> salvar a vida e, inversamente, a idéia de censurarcomo um sacrifício corajoso da própria vida, toda vez que alguém for imprudenteao ponto de dar de presente um pedaço de pão, esbanjá-lo ou até dá-lo de comera um animal! E no entanto este deveria ser nosso juízo, se transferíssimos a importânciada espécie necessidade de alimentação, de cuja satisfação depende obviamentenossa vida, aos bens que servem a essa satisfação.E claro, portanto, que a avaliação <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s bens nada tem a ver com a ordemdas espécies de necessidades, mas só tem a ver com a ordem hierárquica dasnecessidades concretas. Para auferir dessa conclusão to<strong>do</strong>s os frutos, é necessárioesclarecer, mais <strong>do</strong> que se tem feito nas discussões até agora, alguns outros pontosque se referem à composição dessa ordem hierárquica, e sobretu<strong>do</strong> é preciso darlhesum fundamento mais seguro.A maioria de nossas necessidades é divisível, no senti<strong>do</strong> de que elas são passíveisde serem satisfeitas em parte. Quan<strong>do</strong> estou com fome, não sou necessariamenteobriga<strong>do</strong> a optar por uma das duas alternativas, a saber, ou saciar-meplenamente ou passar fome extrema, senão que posso também limitar-me a mitigarminha fome, comen<strong>do</strong> com moderação - talvez para mais tarde saciá-la de to<strong>do</strong>,ingerin<strong>do</strong> posteriormente uma segunda e uma terceira porção de alimento, ou talvezpara ficar mesmo nessa primeira satisfação parcial. Evidentemente, uma vez quea satisfação parcial de uma necessidade concreta tem para meu bem-estar uma importânciadiferente, menor <strong>do</strong> que a satisfação completa da mesma, só essa circunstânciajá seria suficiente para até certo ponto produzir o fenômeno descrito, a saber,que dentro de uma espécie de necessidades se encontram necessidades concretas(respectivamente necessidades parciais) de importância diferente. A isso se associa,porém, ainda outra circunstância digna de nota. E um fato da experiência, tão conheci<strong>do</strong>quanto profundamente radica<strong>do</strong> na natureza <strong>do</strong> homem, que o mesmoato de prazer, se for sempre repeti<strong>do</strong>, a partir de certo ponto nos proporciona umprazer que decresce até converter-se no oposto, isto é, em repugnância e mesmonáusea. Cada um pode verificar em si mesmo que o desejo de um quarto ou umquinto prato nem de longe é senti<strong>do</strong> com tanta intensidade quanto o que sucedeao primeiro de uma refeição, e que, continuan<strong>do</strong> o acúmulo de pratos, ao final vemo ponto no qual continuar ingerin<strong>do</strong> alimentos se transforma em náusea. Experiênciasanálogas ocorrem no caso de um concerto, de uma conferência, de um passeioou um jogo de duração mais longa, e também no caso da maioria <strong>do</strong>s prazeres físicose intelectuais. 1515 Como é sabi<strong>do</strong>, na Ciência Econômica essas concepções encontraram acolhida e reconhecimento sob a denominaçãode "'lei <strong>do</strong> decréscimo de prazer de Gossen" Quanto aos precursores literários de Gossen, quanto a pesquisas paralelasem outros campos da ciência, quanto ao campo de aplicação da lei de Gossen, seus limites e suas exceções, seus fundamentospsicológicos e fisiológicos mais profun<strong>do</strong>s, e aspectos seO"l,elhante.s, ver, entre outros; KRAUS, Oskar. Zur Theoriedes Wertes. eine Bentham-Studie. Halle. 1902. p. 41 et seqs., CUHEl. Lehre von den Beduerfnissen. p. 232 et seqs.;e BRENTANO. Versuch einer Theorie der Beduerfnisse. p. 40 et seqs. Não preciso entrar aqui em maiores detalhes, poispara as conclusões que tenho de deduzir para a teoria <strong>do</strong> vator, interessa apenas o núcleo central, indubitavelmente correto,da lei de Gossen, enquanto a existência de certas exceções, por exemplo para as fases iniciais de uma satisfação que seexperimenta pela primeira vez para necessidades "altruístas", para a paixão de colecionar e similares, permanecem semrelevância. Por isso, no texto empreguei uma redação que pressupõe apenas uma validade bem ampla da lei de Gossen,mas não uma validade sem exceções.

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