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EUGEN VON BOHM-BAWERK Teoria Positiva do Capital Volume I

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I:J -fAcabamos de dizer que to<strong>do</strong>s os bens livres não têm valor. O ar atmGs'é~~ ~e a água potável são <strong>do</strong>is tipos de bens. E no entanto é patente que sem ar res:=.~§­;.el não conseguiríamos manter-nos vivos durante cinco minutos, e sem água ;c:~­':el não conseguiríamos sobreviver uma semana, e que, portanto, o nosso bem-es:ê.;::iepende, e muitíssimo, desses bens livres. Como conciliar uma coisa com a outra~A contradição é apenas aparente. Para resolvê-Ia, temos de dirigir nossa atençãopara um fato que no decurso de nossas considerações sobre o valor ainda !)OSocupará muitas vezes e que nos dará a chave para decifrar muitos enigmas. E ofato de que o juízo que fazemos sobre uma e mesma espécie de bens pode, ao mesmotempo e nas mesmas condições, ser diferente, conforme avaliarmos apenas unidadesisoladas ou quantidades maiores <strong>do</strong>s mesmos, como unidade global. Pode-seaqui fazer um juízo diferente, e até oposto, não somente - como veremos na próxi­• ma seção - sobre a grandeza <strong>do</strong> valor, mas também - é isso que aqui nos interessa- sobre a presença <strong>do</strong> valor. Por mais estranho que possa parecer esse fato àprimeira vista, ele se explica com naturalidade a partir <strong>do</strong> que acabamos de dizersobre as condições para que haja o valor. Com efeito, valor pressupõe escassez, ea ausência de valor pressupõe superabundância - aliás, como tivemos de acrescentar,uma superabundância que é suficientemente grande para em razão dela podermosdispensar até os próprios bens de apreço, sem que a superabundância setransforme em carência. Esse acréscimo indica de que maneira o juízo sobre o valor~.pode mudar em virtude de uma mudança ocorrida na unidade avaliada. Com efeito,em casos em que existe uma superabundância de bens de certa espécie, o queinteressa é simplesmente se o quantum de bens submeti<strong>do</strong>s à avaliação como unidadeglobal é menor ou maior <strong>do</strong> que o excedente disponível e não utilizável darespectiva espécie de bens. Se for menor, pode ser plenamente reposto com o excedente,e sua perda não tem como consequência absolutamente nenhum prejuízopara os interesses <strong>do</strong> bem-estar, e por isso ele é considera<strong>do</strong> sem valor. Se, porém,o quantum for maior, a situação é ou de excedente ou de carência. Só há excedentequan<strong>do</strong> se possuir esse quantum. Se, porém, não se possuir este quantun, nãosomente não haverá excedente, mas faltará até uma parte <strong>do</strong> necessário, e uma partedas necessidades até agora satisfeitas passa a já não poder sê-lo. Portanto, a presençadessa quantidade é aqui certamente condição para a satisfação de certas nesessidadesatinentes ao bem-estar, e por isso também se tem de atribuir-lhe valor. E fác 1mostrar isso com nosso exemplo acima. Para nosso agricultor, que precisa diariamentede dez hectolitros de 5gua e possui vinte hectolitros, um único hectolitro deágua não tinha valor algum. Tem valor, porém uma quantidade de 15 hectolitrosconsiderada como unidade. Pois ela abrange não somente to<strong>do</strong> o excedente de 10hectolitros, com o qual o agricultor nada tem a se preocupar, mas ainda cinco daquelesoutros dez hectolitros de que ele precisa para as necessidades de sua econorio.e não o critério primário verdadeiramente decisivo. Somente quan<strong>do</strong> e por que, devi<strong>do</strong> à insuficiência <strong>do</strong>s estoques.sofremos ou tememos uma carência na satisfação de nossas necessidades é que decidimos submeter-nos às dificuldadespara conseguir um bem. ao trabalho etc.; essas últimas circunstâncias sozinhas não conseguiriam salvaguardar o carátereconômico <strong>do</strong>s bens. se em geral não lhes estivesse associada à circunstância de que as espécies de bens de obtençãodifícil ou trabalhosa permanecem escassas também em caráter permanente. Que o decisivo no caso não é a dificuldade.mas a escassez. vê-se por aqueles casos - certamente não freqüentes - em que as condições técnicas são casualmentetais que só se consegue um bem superan<strong>do</strong> dificuldades, mas, feito isso, pode-se consegui-lo em superabundância. Porexemplo, a obtenção de boa água potável, que um camponês leva até sua casa numa tubulação, possivelmente demandeum dispêndio constante de trabalho e custos, representa<strong>do</strong>s pela construção, pela manutenção e pelo funcionamento datubulação. Mas, se a tubulação trouxer a água em superabundância, nem por isso o camponês terá a idéia de "economizar"a água, apesar <strong>do</strong>s custos. Em seu pronunciamento mais recente sobre o assunto ("Grenznutzentheorie und Grenzwertlechre",ibid., série 1lI, v. 27j, Scharling opõe sua teoria, em forma sensivelmente mais branda, à minha. Não consigo compreenderbem como Stolzmann (Zweck in der Volkswirtschaft, p. 766 et seqs.) pôde negar a característica da precisão ameu conceito de "escassez em comparação com a necessidade", explica<strong>do</strong> no texto com tanto cuida<strong>do</strong> e até com números.

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