12.07.2015 Views

EUGEN VON BOHM-BAWERK Teoria Positiva do Capital Volume I

EUGEN VON BOHM-BAWERK Teoria Positiva do Capital Volume I

EUGEN VON BOHM-BAWERK Teoria Positiva do Capital Volume I

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

iI144 O CAPITAL COMO INSTRUMENTO DE PRODUÇÃOocupa seu lugar entre os meios de produção, mas entre os motivos que decidemo que se produzirá; por isso, a proposição de que a natureza e o trabalho são asúnicas verdadeiras forças produtivas pode perfeitamente compaginar-se com a outraafirmação, a saber, que, para surgir capital, antes tem de haver determinadasdisposições psíquicas, pelas quais se renuncia a uma parte <strong>do</strong> prazer que se poderiater no momento, ou seja, pelas quais se resolve "poupar".Outra objeção que se faz: a poupança é um "não-consumir", portanto algo depuramente negativo; ora, uma mera negação não pode produzir absolutamente nada.22 Penso que nesse argumento há mais dialética <strong>do</strong> que verdade. Será mesmoverdade que poupar é algo meramente negativo? Como explicar então que, apesarde nada ser tão fácil como "simplesmente deixar de fazer" uma coisa, para tantaspessoas o poupar é tão difícil e duro? A verdade é que poupar é um ato psíquico,aliás, muitas vezes ~ nem sempre -- um ato psíquico bem penoso, que só se resolvepraticar depois de íonga reflexão e luta entre motivos conflitantes. Sem dúvida,poupar não é praticar um ato de produção, e sob esse aspecto os defensores <strong>do</strong>.cita<strong>do</strong> argumento dialético em última instância têm perfeita razão ao fazerem a objeçãocontra aqueles teóricos que pretendem fazer da poupança um terceiro fator deprodução. Por outro la<strong>do</strong>, porém, esse ato puramente psíquico é suficiente para desempenhareficazmente o papel que atribuímos à poupança no processo de formação<strong>do</strong> capital, a saber, o de exercer uma influência sobre a direção da produção.Aliás, qualquer que seja o juízo que se faça acerca da objeção de que a poupançaé uma "mera negação", uma coisa é certa: não serão certamente preocupaçõesdialéticas que nos impedirão de constatar fatos científicos importantes. Ora.um desses fatos importantes, que justamente por ter si<strong>do</strong> contesta<strong>do</strong>, tem de sersalienta<strong>do</strong> com ênfase tanto maior, é que o progresso da formação de capital temum nexo causal com o aumento <strong>do</strong> consumo que os indivíduos e as nações inteirasexigem <strong>do</strong> presente. Aquele que - trata-se de um indivíduo ou de uma nação ­aumenta as exigências de consumo no presente, ao ponto de realmente esgotar ncperío<strong>do</strong> corrente toda a medida de consumo que sua renda lhe possibilita para operío<strong>do</strong> em curso, não tem condições de formar capital novo nem de aumentar ccapital que já possui; e esse fato encontra sua expressão lingüística correta ~ e n'ldacapciosa, para quem não operq com sofismas artificiais e capciosos - na proposiçãode que a poupança é unia condição indispensável para a formação dEcapital. 23Entretanto, a constatação ~ conquista que foi tão difícil ~ de que para forma::apitai .~penas::lZer es~ gerar :32 be:-:-:'xças :::'::2 ao.:.,t>, ~~- é a"_::l ter.:'-.:~eSC-2~ soJuç~:: _-2 ,.-.ê22MARX. Das Kapila!. I. 2" ed, p. 619 na nota: -o economista vulgar nunca fez esta reflexão simpies: cada ato huma,:pode ser entendi<strong>do</strong> como 'abstenção' de seu oposto. Comer é abster-se de jejuar, andar é abster-se de ficar para<strong>do</strong>, trat~lhar é abster~se de ficar na ociosidade. o ficar n a OCIosidade é abster-se de trabalhar etc, Conviria que Q pessoal pensa5~uma vez no dito de Spinoza: 'deter~inatío est negatio"'.'" GIDE. Principes d'Économie PoJWque, p. 168: "'Un acte puremc'négatif, une abstention ne saurait produire quoi que ce solt... Sans <strong>do</strong>ute on peut dire que si ces richesses avaient été ccsomméesau fur et à mesure qu'elles ont pris naissance, elles nexisteraient pas à cette heure, et Qu'en conséquence I'éparg:--:Jes a fait naltre une seconde fois. Mais à ce compte. il faudrait dire Qu'on produit une chose toutes les fois qu'on s'absh:-­d'y toucher et la non desrruction devrait être classée parmi les causes de la productíon, ce qui serait une singuJiere logiqL:E··23 Não quero negar a priori que talvez se consiga excogitar exemplos individuais nos quais surge capital (aliás, capital s:cial) sem uma "poupança n propriamente dita; isso é uma razão a maís para eu manter com mais firmeza a proposição :{que na imensa maioria <strong>do</strong>s Casas de formaç~o de capital econômico a "poupança'" tem parte da maneira que descre','" "Determinar uma coisa é negá-la~. [N. <strong>do</strong> T)b "Um ato puramente negativo, uma abstenção não poderia produzir o que quer que seja... Sem dúvida, pode-se .:'-=zque, se essas riquezas tivessem si<strong>do</strong> consumidas sucessivamente à medida que tiveram origem, nào existiriam n~ssa h:':::­e por conseguinte a poupança as faz surgir uma segunda vez, Mas, nesse caso, seria preciso dizer que se produz uma c:_;,:todas as vezes que alguém se abstém de nela tocar e a não~destruição deveria ser classificada entre as causas da prodt...;_~':o que seríam urna lógica esquisita" (N. <strong>do</strong> T.)

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!