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EUGEN VON BOHM-BAWERK Teoria Positiva do Capital Volume I

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162 o VALOR E O PREÇOguiria manter-se viva, o leve ao juízo casuístico de que cada litro de água que brota<strong>do</strong> poço de sua casa seja um bem de valor incalculavelmente eleva<strong>do</strong>, digno deser compra<strong>do</strong> com milhares de florins. A nossa tarefa consistirá em mostrar à práxiscasuística de decisão na vida real como que o espelho, e ilustrar - de mo<strong>do</strong> seguroe ao mesmo tempo consciente - as regras que o homem comum maneja instintivamentecom tanta segurança.O ganho de bem-estar que pode para nós depender de um bem, consiste, pelasua própria natureza como regra geral, na satisfação de uma necessidade. IJ Maisadiante ainda travaremos conhecimentos com certas exceções, de pouca relevânciana prática. Por isso, a decisão casuística correta para o problema de quanto <strong>do</strong> bemestarde uma pessoa depende de um bem se resume na resposta a duas questõesparciais: 1) qual, dentre várias ou muitas necessidades, depende de um bem? e 2)qual é o grau de importância da necessidade dependente, respectivamente de suasatisfação?!.?or motivos de conveniência, queremos abordar primeiro a segunda pergunta.E sabi<strong>do</strong> que nossas necessidades diferem muitíssimo em importância. Costumamosmedir o grau das mesmas pela gravidade das consequências desvantajosasque sua não-satisfação acarreta para o nosso bem-estar. De acor<strong>do</strong> com isso, atribuímosa importância máxima àquelas necessidades cuja não-satisfação teria comoconsequência nossa morte; logo depois destas colocamos aquelas de cuja nãosatisfaçãoadviria uma desvantagem grave e permanente para nossa saúde, nossahonra, nossa felicidade; mais abaixo vêm aquelas em que estão em jogo sofrimentos,<strong>do</strong>res ou privações mais passageiros; finalmente, colocaremos bem embaixo naescala aquelas necessidades cuja não-satisfação nos custa apenas um desconfortobem pequeno ou a renúncia a um prazer ao qual damos muito pouco valor. Combase nessas características é possível construir uma escala hierárquica formal ou umaescala de necessidades segun<strong>do</strong> sua importância. É bem verdade que essa escala,pelo fato de a diversidade das características corporais e espirituais, o grau de formaçãoe similares terem como referência uma grande diversidade <strong>do</strong> nível de necessidade,será muito desigual de um indivíduo para outro, e, mesmo em se tratan<strong>do</strong><strong>do</strong> mesmo indivíduo, será muito desigual em um momento ou em outro. Mesmoassim, to<strong>do</strong> administra<strong>do</strong>r prático, quan<strong>do</strong> é obriga<strong>do</strong> a fazer uma escolha sábia dispon<strong>do</strong>de meios limita<strong>do</strong>s, terá de ter sua escala ao menos claramente na cabeça,razão pela qual vários teóricos foram leva<strong>do</strong>s a projetar tal escala partin<strong>do</strong> <strong>do</strong> pontode vista "objetivo" de uma análise científica imparcial. l41:.3 Não está no plano de min ha obra tratar ex professo também a importan tíssima teoria das necessidades. No que tenhode deixar claro aqui, creio que me bastam certos conceitos e termos entendi<strong>do</strong>s por to<strong>do</strong>s, e em seu conteú<strong>do</strong> nao voualém <strong>do</strong> que meu objetivo específico exige indeclinaveimente. A elaboração da <strong>do</strong>utrina sobre as necessidades é uma tarefaà parte, q~l.e por enquanto ainda me parece exigir um tratamento em forma de monografia. Tal elaboração. tentou-a recentementeCuhel (Zur Lehre uon den Beduerfnissen. lnnsbruck, 1907) com grande aplicação e muitos resulta<strong>do</strong>s objetivamentevaliosos <strong>do</strong> ponto de vista <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>. Lamento apenas que o autor tenha prejudica<strong>do</strong> o efeito literário de suameritória obra com certas exterioridades secundárias, isto é, com um zelo exagera<strong>do</strong> em dividir e esquematizar, com umestilo pesa<strong>do</strong> nas formulações, decorrente da procura de uma exatidão absoluta, e sobretu<strong>do</strong> com um uso simplesmenteexcessivo de expressões lingüísticas novas e além disso de mo<strong>do</strong> algum sempre felizes e de bom gosto. Uma monografiaainda mais recente, de Lujo Brentano (Versuch einer Theorie der Beduerfnisse, Sitzungsberichte der kgi. baFo Ak. d. Wis·senschaften, Philos.-phil%g. Klasse, 1908. Ensaio 10), decepcionou-me de certo mo<strong>do</strong> - aliás, não só a mim. Ela reúne,de maneira mais ou menos superficial, uma multidão de detalhes interessantes e instrutivos, mas parece-me falhar fragorosamentejusto naquilo que se tem o direito de esperar de uma teoria das necessidades, O forte desse excelente "pesquisa<strong>do</strong>rrealista" está num campo que não é o das análises teóricas cuída<strong>do</strong>sas e profundas.14 Ultimamente ainda L. Brentano (op. cit, p. 11 et seqs.) empreendeu uma catalogação das necessidades pelo grau deurgência com que a maioria das pessoas costuma senti-las. Alguns resulta<strong>do</strong>s dessa catalogação são um tanto mirabolantes.Brentano pensa, por exemplo, em sua escala empírica de urgências, que o lugar que cabe à "necessidade de cuidar <strong>do</strong>futuro dev'e estar depois da necessidade de "diversão e antes da necessidade de "cura". O aspecto mirabolante desses resul~la<strong>do</strong>s se deve em parte ao infeliz ajuntamento <strong>do</strong>s grupos .de necessidades postos em comparação e que resulta de seucritério de classificação, em parte ao próprio fato de Brentano ter tenta<strong>do</strong> estabelecer uma classificação hierárquica dasespéCies de necessidades. Quanto a isso, por certas razões, a serem logo analisadas no texto, surgiram necessariamentevárias dificuldades que, segun<strong>do</strong> me parece. Brentano não levou suficientemente em conta no conteú<strong>do</strong> de suas exposições;na forma simplesmente quase não as levou.

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