12.07.2015 Views

EUGEN VON BOHM-BAWERK Teoria Positiva do Capital Volume I

EUGEN VON BOHM-BAWERK Teoria Positiva do Capital Volume I

EUGEN VON BOHM-BAWERK Teoria Positiva do Capital Volume I

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

158 o VALOR E O PREÇOmia. Por isso, o agricultor não pode ficar sem ela, sem sofrer um prejuízo na satisfaçãode necessidades; ela é condição para que ele possa satisfazer tais necessidades.Com isso talvez surja naturalmente a objeção de que, se assim é, o juízo devalor feito pelas pessoas carece de qualquer fundamento firme e fica totalmente entregueao arbítrio, o que significa que, conforme se escolher uma unidade de avaliaçãogrande ou pequena, poder-se-ia caracterizar arbitrariamente um bem como valiosoou como destituí<strong>do</strong> de valor. Essa objeção carece de fundamento. Pois as pessoasnão podem escolher ao arbítrio a unidade a ser avaliada, senão que as mesmascircunstâncias externas que as levam a fazer um juízo de valor com respeito a determinadaespécie de bens, contêm sempre também um imperativo absolutamente compulsóriosobre que quantidade elas têm de formular um único juízo de valor. Seeu precisar comprar um cavalo, não me ocorrerá a idéia de formar um juízo sobreo que valeriam para mim cem cavalos ou quanto valeriam para mim to<strong>do</strong>s os cavalos<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, e com base nisso fazer minha proposta de compra. Pelo contrário,com naturalidade farei um juízo de valor com respeito a um cavalo. Assim é que,por necessidade interna, a cada momento fazemos exatamente aquele juízo de valorque é exigi<strong>do</strong> pela situação econômica concreta. O fato de em situações diferentespodermos fazer juros diferentes não somente é preocupante, como é até necessário.Imaginemos, por exemplo. o caso de um moleiro que recebe ao mesmo tempo <strong>do</strong>ispedi<strong>do</strong>s: um de seus vizinhos lhe pede que o autorize a tirar um cântaro de água<strong>do</strong> riacho que alimenta seu moinho, e um outro lhe pede permissão para desviartoda a água <strong>do</strong> riacho. Se o moleiro só tivesse a possibilidade de fazer um únicojuízo acerca da espécie "água", em qualquer hipótese teria de agir mal numa dessasduas situações. Se considerasse a água pura e simplesmente como "valiosa", haveriade, sem necessidade alguma, negar a seu vizinho a autorização - inofensivapara ele - de retirar um cântaro de água; se considerasse a água pura e simplesmentecomo "sem valor", não proibiria o desvio - para grande desvantagem dele- de toda a água <strong>do</strong> riacho. Na realidade, nosso moleiro fará <strong>do</strong>is juízos de valordiferentes, e o fará de mo<strong>do</strong> perfeitamente correto: define que o cântaro d'água,considera<strong>do</strong> sozinho, não tem valor, e permite sem mais que o vizinho o retire <strong>do</strong>riacho; quanto ao riacho inteiro, ele o define como ten<strong>do</strong> valor, e por isso nega permissãopara desviá-lo.Uma simples aplicação <strong>do</strong> que foi dito nos traz também a solução da contradiçãoque pareceria existir nos juízos de valor <strong>do</strong>s bens livres, contradição esta de quefalamos acima. Os bens livres estão à nossa disposição em excesso pleno. Pelo que.. foi dito, todas as quantidades parciais menores, que não esgotam esse excesso, ne­... cessariamente não têm valor, e a experiência diária mostra realmente que não ottêm. Se, porém, focalizarmos como unidade global um conjunto tão grande de benslivres, que ele englobe mais <strong>do</strong> que o excedente, ou até o conjunto total de to<strong>do</strong>sos bens livres de determinada expécie, é igualmente natural, pelo que dissemos,que se deve reconhecer valor a esse conjunto maior. Esse reconhecimento ocorrejustamente no juízo de que os homens não conseguiriam viver sem ar e sem água.Nesse juízo inclui-se na imaginação to<strong>do</strong> o ar respirável e toda a água potável, ouentão se faz abstração desse to<strong>do</strong>, e por isso, em raciocínio perfeitamente conseqüente,se atribui valor a esse to<strong>do</strong>.Por motivos óbvios, na vida prática quase sempre nos defrontamos com quantidadesparciais limitadas de bens livres, e por isso quase sempre nosso juízo a seurespeito é o de que não têm valor. São quase só considerações de tipo acadêmico- como a que acabamos de mencionar - que oferecem oportunidades para fazerum juízo contrário a este. Todavia, em casos excepcionais raros, também na vidaprática somos leva<strong>do</strong>s a formar um juízo único de valor acerca de grandes quanti­

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!