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EUGEN VON BOHM-BAWERK Teoria Positiva do Capital Volume I

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66 CONCEITO E NATUREZA DO CAPITALconseguirá haurir da linguagem popular esse tipo de confirmação para as mais heterogêneasdefinições de capital entre si conflitantes. Penso, porém, que se deve exigirmais. De certo mo<strong>do</strong> é preciso submeter a linguagem comum a um exame cruza<strong>do</strong>;deve-se examinar quais interpretações ela mesma contradiz na primeira oportunidade,e quais ela tende a manter em to<strong>do</strong>s os casos que ocorram, ou ao menosna maior parte deles e nos mais essenciais e tem condições para tanto. Ver-se-á entãoclaramente, por exemplo, que a linguagem está pronta, em várias expressõesocasionais, a qualificar como "capital" <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r a própria pessoa dele, porémresiste vigorosamente à tentativa de tirar as conseqüências terminológicas dessa denominação,isto é, qualificar também o trabalha<strong>do</strong>r de "capitalista" e o salário <strong>do</strong> trabalhode "juros <strong>do</strong> capital". Eis aqui um claro sintoma de que o espírito da línguasó está disposto a atribuir o nome de capital em seu "senti<strong>do</strong> próprio", ou seja, comodesignação técnica, a um determina<strong>do</strong> grupo mais restrito de bens.Aliás, essa ponderação não vale só para o caso de Fisher. Ela ajuda tambéma explicar, em boa parte, o fenômeno tão supreendente de, no âmbito de nossacontrovérsia, tantos teóricos concorrentes afirmarem simultaneamente que o uso lingüísticoestá justamente conforme à sua própria concepção. Efetivamente, não gostariade atribuir esse fenômeno exclusivamente à tendência de na crítica recíprocafeita às propostas concorrentes, cada um ser tanto mais inclina<strong>do</strong> a notar o ciscono olho <strong>do</strong> próximo <strong>do</strong> que ver a trave em seu próprio olho. Aliás, a nossa controvérsiaoferece um campo inusitadamente vasto para essa tendência, que de restome parece ter si<strong>do</strong> explora<strong>do</strong> em grau incomum.Os motivos de conveniência terminológica que acabei de expor afiguram-semetão contundentes, que deveriam levar a rejeitar a proposta de Fisher, mesmose ela tivesse a seu favor razões internas muito fortes e lógicas. Todavia, acreditopoder mostrar que as considerações pelas quais Fisher se deixou levar aos seus resulta<strong>do</strong>sinaceitáveis, não são de forma alguma inatacáveis nem concludentes emsi mesmas. Em particular, acredito que, da existência de uma "antítese" entre os <strong>do</strong>isconceitos - capital e renda -, ele concluiu muito mais <strong>do</strong> que aquilo que se teriao direito de concluir, operan<strong>do</strong> com imparcialidade.Antes de tu<strong>do</strong>, em que senti<strong>do</strong> existe afinal, na realidade, e sem contestação,a antítese a que ele se refere? Seguramente, naquele senti<strong>do</strong> concreto - que Fisheraponta com tanta freqüência e insistência - de que o capital é um stock, ao passoque a renda é uma torrente. Mas essa oposição, ocorre de mo<strong>do</strong> claro no caso deto<strong>do</strong> stock, qualquer que seja a sua abrangência, e por isso não é lícito, <strong>do</strong> reconhecimentodessa oposição tirar qualquer conclusão que seja em favor de determinadadelimitação <strong>do</strong> stock que se deva qualificar de capital; em particular, tão pouco élícito concluir daqui que o termo capital deva ser reserva<strong>do</strong> precisamente ao con­Junto mais amplo imaginável de to<strong>do</strong>s os bens existentes em determina<strong>do</strong> momento,sem distinção de espécie. Em outros termos, da premissa maior - que se deveadmitir pacificamente - de que to<strong>do</strong> capital é um stock, de forma alguma segueo inverso, a saber, que to<strong>do</strong> e qualquer stock deva também ser "capital".Além disso, Fisher parece pressupor como pacífica também a existência de um2segunda antítese, mais específica e delimitada entre os conceitos de capital e rendaParece considerar como pacífico que esses conceitos devem coincidir entre si netocante a sua extensão, que eles de certa forma se tocam ao longo de toda a SU2extensão, de sorte que, até onde alcançar o conceito de capital, na mesma extensãedeveria contrapor-se a ele, antiteticamente, também uma renda, e vice-versa. Ora.penso que a existência de tal tipo de antítese não é um ponto de partida segure<strong>do</strong> qual se possa tirar conclusões quanto à extensão a ser dada ao conceito de cap;­tal, senão que é extamente o ponto a ser discuti<strong>do</strong> na nossa questão. O que nessê.área é incontestável é apenas uma premissa maior, que não admite sem mais ner

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