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EUGEN VON BOHM-BAWERK Teoria Positiva do Capital Volume I

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214 O VALOR E O PREÇOé um sofrimento maior <strong>do</strong> que a <strong>do</strong>r causada por uma picada de agulha. Se nossossentimentos de prazer e de <strong>do</strong>r fossem realmente incomensuráveis, estaríamos constantementena pior das perplexidades. Pois, uma vez que os recursos <strong>do</strong> homemmais rico são insuficientes para satisfazer to<strong>do</strong>s os seus desejos, não teríamos absolutamentenenhuma base para definir a que desejos e necessidades devemos darprioridade, e a quais não. E um belo dia poderia suceder-nos - não a nível degracejo, mas a sério -, por exemplo, morrermos de sede em meio à maior abundânciade água, simplesmente porque, coloca<strong>do</strong>s ante o dilema se devemos utilizara água disponível para saciar a sede ou para regar nossos campos, infelizmente demosa prioridade exclusiva a esta última necessidade. Por conseguinte, o simplesfato de administrarmos é a melhor prova de que não é absolutamente impossíveldeterminar a grandeza de nossos sentimentos de prazer e de sofrimento. Só se podediscutir sobre que tipo de avaliação dessa grandeza se pode atingir.Podemos dizer que há unanimidade quanto a um fato: temos condição de decidirse um sentimento de prazer é mais forte ou mais fraco <strong>do</strong> que outro. Tambémquanto a outro fato podemos dizer que não há dúvida: temos condição de julgarse um sentimento de prazer é muito ou pouquíssimo mais forte <strong>do</strong> que o outro.Mas será que podemos determinar com precisão maior a grandeza da diferença,será que podemos determiná-la em números? Será que podemos julgar que o sentimentode prazer A é, por exemplo, três vezes maior ou mais forte <strong>do</strong> que o sentimentode prazer B?Penso que temos realmente condição de fazê-lo, ou no mínimo algo muito semelhante.Ou então, expressan<strong>do</strong>-se com mais cüida<strong>do</strong>: pelo menos procuramosformar para nós juízos acerca de grandezas <strong>do</strong> prazer, juízos estes expressos em números;aliás, temos de procurar fazê-lo, por necessidade prática, pois somente assimpodemos, em inúmeros casos, conseguir bases para a<strong>do</strong>tar decisões práticasracionais. Com efeito, inúmeras vezes chegamos, na vida prática, à situação de termosde fazer uma opção entre vários prazeres, que não se podem obter ao mesmotempo, devi<strong>do</strong> à limitação <strong>do</strong>s meios de que dispomos. Nesses casos, a situaçãomuitas vezes é tal que de um la<strong>do</strong> temos um prazer maior e, de outro, uma pluralidadede prazeres menores iguais. Ninguém há de duvidar de que temos a possibilidadede a<strong>do</strong>tar uma decisão racional em tais casos. Mas é igualmente claro quepara uma decisão dessas não é suficiente o juízo genérico de que um prazer de umaespécie é maior <strong>do</strong> que um prazer da outra espécie; tampouco é suficiente o juízode que um prazer da primeira espécie é bem maior <strong>do</strong> que o da outra. O juízo deve!I II 11definir estritamente quantos prazeres menores contrabalançam um prazer da primeira, I espécie, o que, por sua vez, significa - já que se pode supor que esses prazeresmenores são iguais entre si - um juízo sobre quantas vezes um prazer supera ooutro em grandeza. 87Para empregarmos um exemplo bem simples, imaginemos um rapaz que quercomprar frutas com uma pequena moeda que possui. Com esse dinheiro pode comprarou uma maça ou seis ameixas. Naturalmente, há de comparar mentalmenteos prazeres que seu paladar sentirá ao comer as duas espécies de fruta. Mas parapoder tomar uma decisão, não basta ele julgar que gosta mais de maças <strong>do</strong> quede ameixas; seu juízo em termos de determinação numérica deve ir tão longe quetenha clareza sobre se o prazer de comer uma maçã supera mais de seis vezes ou:.. TI..111'-=- >.I:.c:: '..87 Se 05 prazeres menores não fossem iguais entre si, mas, por exemplo, constituíssem uma série decrescente - caso estebem freqüente na prática, devi<strong>do</strong> à influência da lei <strong>do</strong> decréscimo <strong>do</strong> prazer de Gossen -, o juízo sobre a compreensãonão conteria mais díretamente a designação de determina<strong>do</strong> múltiplo, mas mesmo assim representaria uma determinaçãonumérica da intensidade, que se parece muito com ele, e em to<strong>do</strong> caso pressupõe a possibilidade de tal juízo. Para maioresdetalhes sobre essa complicação interessante, ver o "Excurso" X.

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