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EUGEN VON BOHM-BAWERK Teoria Positiva do Capital Volume I

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126 o CAPITAL COMO INSTRUMENTO DE PRODUÇÃOtan<strong>do</strong> meu trabalho a forças da Natureza, faço tijolos de barro, e amanhã, associan<strong>do</strong>meu trabalho a <strong>do</strong>ns da Natureza, faço cal, e depois de amanhã levanto um murocom meus tijolos e com a argamassa que eu mesmo fiz, será possível dizer, em relaçãoa alguma parte qualquer <strong>do</strong> muro, que este não é obra <strong>do</strong> meu trabalho conjuga<strong>do</strong>com as forças da Natureza?Em outras palavras: antes de um serviço longo, por exemplo a construção deuma casa, ficar inteiramente pronto, é natural que antes disso deve ter fica<strong>do</strong> prontauma quarta parte dele, depois a metade, e depois três quartos. Que se diria se alguémquisesse qualificar essas etapas inevitáveis <strong>do</strong> progresso da obra como requisitosindependentes da construção da casa, e pretendesse afirmar que para construiruma casa se precisa, além <strong>do</strong>s materiais de construçâo e <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong>s construtores,também de "uma casa com uma quarta parte pronta", de uma "casa pronta pelametade" e de uma "casa com três quartas partes prontas"? Na verdade, isso só naforma é menos estranho - pois quanto à própria coisa não é por nada mais correto- <strong>do</strong> que querer transformar em agentes autônomos da produção, além da Naturezae <strong>do</strong> trabalho, também aquelas etapas intermediárias <strong>do</strong> progresso da obra queexternamente se apresentam como bens de capital!Sem dúvida, tu<strong>do</strong> isso nunca poderia ter si<strong>do</strong> posto em dúvida, se, devi<strong>do</strong> àintrodução da divisão de trabalho e profissão, não se tivesse rompi<strong>do</strong> a unicidade<strong>do</strong> processo de produção de bens de consumo, separan<strong>do</strong>-a em uma multiplicidadede etapas de produção aparentemente autônomas. Desaprendeu-se assim a dirigira atenção para o to<strong>do</strong>, deixan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong>minar, em atitude de estranha modéstia,pelas criaturas intermediárias não autônomas da atividade humana passada, comose fossem um poder autônomo e independente. Mas mesmo assim dificilmente teriasi<strong>do</strong> possível enganarem-se teóricos de visão penetrante, se essa ilusão não tivessesi<strong>do</strong> favorecida por uma segunda circunstância. Trata-se <strong>do</strong> paralelismo quese acreditou existir entre os fatores de produção, de um la<strong>do</strong>, e os diversos tiposde renda, de outro, bem como <strong>do</strong> embaraço em que se temia cair, ao explicar ejustificar os juros <strong>do</strong> capital, no caso de se recusar a reconhecer o capital como fatorde produção autônomo. Toda renda original, assim se ensinava, baseia-se em umaparticipação na produção de bens. Os diversos tipos de renda não são outra coisasenão as formas de remuneração oferecidas pelos múltiplos fatores que contribuempara a produção. A renda fundiária é a remuneração paga pelo fator de produçãoque é a Natureza, o salário <strong>do</strong> trabalho é a remuneração <strong>do</strong> fator de produção trabalho;e os juros <strong>do</strong> capital? Estes pareciam pairar no ar, se não se pudesse interpretálosde maneira análoga como sen<strong>do</strong> a remuneração oferecida por um terceiro fatorde produção autônomo. Os teóricos não viam possibilidade nem de explicar teoricamenteos juros <strong>do</strong> capital, nem de justificá-los na prática - o que lhes pareciaainda mais fatal. Assim sen<strong>do</strong>, a muitos pensa<strong>do</strong>res eruditos pareceu preferível fecharum olho perante os fatos manifestos, a sacrificar a produtividade autônoma<strong>do</strong> capital, com o que, segun<strong>do</strong> eles, estariam sacrifican<strong>do</strong> também o fundamentocorrente que se gostava de admitir para embasar a teoria <strong>do</strong>s juros <strong>do</strong> capital.No entanto, os fatos falavam com muita clareza. Que o capital não é um elementono senti<strong>do</strong> próprio, já que ele mesmo só resulta da ação conjunta da Naturezae <strong>do</strong> trabalho, eis uma coisa que não somente não se podia simplesmente negar,mas até precisava ser expressamente demonstrada - por uma estranha ironia <strong>do</strong>destino -, recorren<strong>do</strong> a um exemplo da<strong>do</strong> por Adam Smith, pelos mesmos teóricosque afirmavam a produtividade autônoma <strong>do</strong> capital. Com efeito, ten<strong>do</strong> elesque mostrar, em sua teoria sobre o preço, que to<strong>do</strong>s os preços de bens em últimaanálise se reduzem à renda fundiária, salário <strong>do</strong> trabalho e juros <strong>do</strong> capital, eramobriga<strong>do</strong>s a explicar, com to<strong>do</strong>s os pormenores, que o quantum de capital não é... ~...."......t=.- --..__'.=..:::.: ==:,=..i'r: ::--:'.:­:Z" ':.C::;S:.7c::::::_~~~-:~:7Ec ::--.,,;::'==-:- -€ - ,.~--:.:- .:~:;-:;;~,~-: -=- :=l!]'e',,:,: ~-:-~=~ :: =él~"'~,c.=.3j:i::,_-=-=--..

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