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EUGEN VON BOHM-BAWERK Teoria Positiva do Capital Volume I

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280 o JUROmos sobre nossas necessidades futuras, sobretu<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> remotas. Assim sen<strong>do</strong>,é natural que todas essas necessidades, nas quais simplesmente não pensamos, dei­xam de exercer influência sobre a avaliação daqueles bens que estão destina<strong>do</strong>s aservir a essas necessidades futuras, e, em conseqüência disso, se faz deles, erronea­mente, uma avaliação excessivamente baixa.Enquanto este primeiro motivo se reduz a um erro de avaliação, há um segun<strong>do</strong>que, em meu entender, se baseia em uma falha da vontade. Com efeito, acreditoocorrer com freqüência que alguém, coloca<strong>do</strong> ante a escolha entre um prazerou sofrimento presente ou um futuro, se decide pela alegria menor presente, emborasaiba perfeitamente - e até pense explicitamente nisso, no momento da escolha- que é maior o prejuízo que terá futuramente, e portanto que sua opção, no conjunto,não é vantajosa para seu bem-estar. Com quanta precisão muitas vezes um"folgadão", ao gastar em divertimentos levianos sua mesada mensal já nos primeirosdias <strong>do</strong> mês, prevê as <strong>do</strong>lorosas dificuldades e privações que virão, e no entantonão é capaz de resistir ao atrativo momentâneo! Ou então, quantas vezes nos deixamosarrastar hoje, "por fraqueza", dan<strong>do</strong> um passo ou um sim, ainda que no própriomomento saibamos que amanhã nos arrependeremos <strong>do</strong> que fizemos! Como já disse,creio que a causa de tal comportamento errôneo não está em uma falta de conheci­mento - como ocorria no caso anterior -, mas em uma falta de vontade. Contu­<strong>do</strong>, não me surpreenderia se os psicólogos interpretassem também este caso comouma subespécie variante <strong>do</strong> primeiro, afirman<strong>do</strong>, por exemplo, que o sentimentomomentâneo, mais fraco, se sobrepõe ao sentimento futuro, mais forte, só porquea representação deste último, embora esteja presente, não é suficientemente vivae forte para impor-se ao nosso espírito. Mas isso é irrelevante para nossas finalidades.Finalmente, acredito que colabore ainda um terceiro motivo, a saber, a consideraçãoda brevidade e da incerteza da vida humana. Com efeito, mesmo quan<strong>do</strong>a aquisição real de bens futuros é praticamente certa,18não deixa de ser possívelque já estejamos mortos quan<strong>do</strong> isso ocorrer. Isso faz com que a utilidade de taisbens para nós seja incerta, o que nos leva - de mo<strong>do</strong> perfeitamente análogo ao__ =_-=':'lI--'~--.~_"':. =:.:--- '.::::::-::- ---&- - - ='5-- ~- ~;:icaso de bens objetivamente incertos - a operar uma dedução no valor deles, emmedida correspondente ao grau da incerteza. 19 A uma utilidade de 100, se em relaçãoa ela houver uma probabilidade de 50% de que não mais desfrutaremos dela,certamente não atribuímos o mesmo valor que a uma utilidade presente de 100, : =- - -:dmas provavelmente apenas uma de 50, e estou convenci<strong>do</strong> de que qualquer umde nós, se hoje alguém lhe oferecesse um presente de aniversário de 100 mil florinsquan<strong>do</strong> completar 100 anos de idade, de bom gra<strong>do</strong> estaria disposto a trocar essepresente, grande mas um tanto incerto, por uma fração muitíssimo menor <strong>do</strong> mesmoem bens presentes, Todavia, para determinar corretamente o alcance práticodesse terceiro elemento, precisamos ter:--~'ruma compreensão ainda um pouco maisclara da extensão em que ele ocorre e da maneira como ele atua. ---- -:-~Quanto a isso, acredito poder constatar o seguinte. Esse terceiro elemento sóatua diretamente em uma minoria de casos, ao passo que na maioria deles atuade mo<strong>do</strong> apenas indireto. Atua da maneira mais direta e com a maior força naquelescasos, não numerosos, nos quais as pessoas, levadas por circunstâncias espe­ - --:~ciais, pensam intensamente na morte, Isso pode se aplicar, por exemplo, a pessoas .e-otlde idade muito avançada, ou nos últimos estágios de <strong>do</strong>ença a pessoas que exer­, ....::::,...:..=-..:...::!!:~.::. :.ti18Ver supra, p, 274,19 Se além da incerteza subjetiva houver também incerteza objetiva, naturalmente haverá duas deduções no valor. Dentre :>':Õ.:-:'.:1:essas duas deduções, a que é praticada em razão da incerteza objetiva, por ser um fenômeno específico ocorrente em:." -'51,determina<strong>do</strong>s espécies de bens, não afeta o juro; afeta-o, porém, a dedução feita em razâo da incerteza subjetíva.

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