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EUGEN VON BOHM-BAWERK Teoria Positiva do Capital Volume I

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--~ ~.------------------------------------302 o JUROlflorins futuros que dará em troca, terá que pagar um "ágio" ou "prêmio". Esse prêmioé o juro, o qual provém, pois, de forma diretíssima, da diferença de valor entre benspresentes e bens futuros.Essa é a explicação absolutamente simples de uma coisa que, há séculos, temsi<strong>do</strong> objetivo favorito de elucidações excessivamente sutis e ao mesmo tempo errôneas.Com efeito, desde a época de Molinaeus e Salmasius 1 se entende o empréstimocomo um procedimento análogo ao arrendamento e ao aluguel, como umatransferência <strong>do</strong> uso temporário de bens substituíveis. Sem dúvida, também essaconcepção tem a aparência externa de simplicidade e naturalidade; ela tem até deantemão a vantagem de poder estribar-se na concordância com a concepção e alinguagem popular. Pois efetivamente não se diz "eu lhe ven<strong>do</strong> ou troco com você1 000 florins presentes", mas "eu lhos empresto"; quanto ao tipo de negócio,denominamo-lo de "empréstimo"; e quanto ao juro, denominamo-lo "usura", ou seja,"dinheiro para uso"! Entretanto, para fundamentar cientificamente essa concepção,foi preciso antes fazer uma série e invenções; e para "provar" que estas são tiradasda realidade, foi preciso recorrer aos sofismas mais artificiais. Teve-se primeiro queinventar como é possível transferir a outrem ainda algo mais, de uma coisa, depoisjá ter transferi<strong>do</strong> tu<strong>do</strong>. Isto é, ao transferir a propriedade da coisa emprestada, transferirtambém o direito a to<strong>do</strong> e qualquer uso a ser feito da coisa, até ao consumoque acaba com a coisa; e além disso mais um outro finalzinho de uso separa<strong>do</strong>,pelo qual se pode exigir, separadamente, um juro! Foi preciso fazer esta outra invenção:bens consumíveis perecem no momento de seu uso, mas, não obstante, fornecemum uso contínuo, o qual ressurge novamente sem cessar, mesmo que já façamuito tempo que o bem tenha cessa<strong>do</strong> de existir. Foi preciso inventar que se podequeimar totalmente e transformar em cinza 100 quintais de carvão em I? de janeirode 1909 e apesar disso se pode continuar a usá-los incessantemente durante to<strong>do</strong>o ano de 1909, talvez até ainda durante outros cinco, dez ou cem anos - e, o queé ainda melhor, se pode ainda vender continuamente, por um preço especial, esseuso contínuo, apesar de e depois de já se ter troca<strong>do</strong> totalmente o próprio carvãoe o direito de consumi-lo por outra remuneração, diferente desse carvão e desse direito!Na primeira parte principal da presente obra, ou seja, na "História e Crítica da<strong>Teoria</strong> <strong>do</strong> Juro", submeti essa estranha teoria a uma análise crítica detalhada. Mostreique ela se originou em circunstâncias históricas singulares, como produto deuma situação forçada, na qual, para justificar o juro contra os ataques indubitavelmenteinjustifica<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s canonistas, foi preciso a qualquer preço encontrar e, se necessário,inventar um substrato <strong>do</strong> juro. Expus então como essa teoria deriva suaorigem obscura de uma ficção, a qual, na época em que surgiu, os juristas criaramem função de determina<strong>do</strong>s objetivos prático-jurídicos. Eles estavam totalmente cônsciosde que se tratava de uma mera ficção, ao passo que agora essa ficção passoua ser erroneamente considerada como uma verdade científica plenamente válida,com base em um estranho equívoco. Procurei além disso mostrar que essa teoriaem si mesma está eivada de equívocos, também em suas conseqüências leva inexoravelmentea contradições e impossibilidades. A tu<strong>do</strong> isso contraponho agora a teoriapositiva por mim então anunciada e deixo ao leitor que julgue de que la<strong>do</strong> estáa aparência e o erro e de que la<strong>do</strong> está a verdade. 2Nesse contexto poderia abster-me de qualquer outro comentário, se precisamentenos últimos anos 3 não tivesse ocorri<strong>do</strong> uma nova manifestação literária a favor da--~ - ~ :.]o_=. 3. - "~:--= = T_ - :J1 Ver minha Geschichte und Kritik, p. 33 et seqs. e 4" ed.. p. 24 et seqs.2 Ver minha Geschichte und Kritik. Seção VIII, sobretu<strong>do</strong> p. 260-308 (2" ed.. p. 264 et seqs. e 4" ed., p. 196 et seqs.).3 Escrito em 1888! Mantive o debate com Knies, que segue no t.§.xto, inaltera<strong>do</strong> em sua forma original, pois esta me pareceuser mais útil para o esclarecimento objetivo <strong>do</strong>s pontos nela aborda<strong>do</strong>s, mesmo depois de ter passa<strong>do</strong> a fase polêmica.A numeração das páginas citadas refere_-se à primeira edição de minha Geschichte und Kritik.--: =-~

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