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EUGEN VON BOHM-BAWERK Teoria Positiva do Capital Volume I

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292 o JUROmenta de peixes <strong>do</strong> mar, os quais são apanha<strong>do</strong>s simplesmente com as mãos, depoisde a maré vazante os ter deixa<strong>do</strong> em poças na praia. Nessa situação, um trabalha<strong>do</strong>rpossivelmente apanhe e consuma diariamente 3 peixes. Se tivesse barco e rede,poderia pegar 30 peixes por dia, em vez de 3. Mas ele não tem condição defabricar esses instrumentos, pois sua fabricação custaria um mês de tempo e trabalho,e nesse intervalo o trabalha<strong>do</strong>r não tem com o que viver. Portanto, para nãomorrer de fome, tem de continuar a praticar esse tipo de "pesca" primitivo. Digamosque alguém lhe empreste 90 peixes, em troca da promessa de restituir dentro deum mês 180 peixes. Nosso homem embarca no negócio, com os peixes empresta<strong>do</strong>sprovê a subsistência durante um mês, neste meio tempo fabrica barco e rede,e com esses instrumentos pega, no mês seguinte, 900 peixes, em vez de 90. Comesses 900 peixes tem condição não somente de efetuar o pagamento combina<strong>do</strong>de 180 peixes, mas ainda guarda para si um ganho líqui<strong>do</strong> bem considerável. Aomesmo tempo demonstra cabalmente que os 90 peixes presentes empresta<strong>do</strong>s tiverampara ele muito mais valor, não somente <strong>do</strong> que 90 peixes futuros, mas até mais<strong>do</strong> CLue os 180 peixes futuros que pagou pelos 90. 38E claro que nem sempre as diferenças de valor são tão grandes como nesseexemplo. Elas atingem o máximo para as pessoas que vivem da mão para a boca.Para eles, dispor de uma quantidade acima <strong>do</strong>s bens de consumo presentes significaa passagem de uma produção absolutamente sem capital para uma produçãocapitalista. A diferença é menor, mas ainda assim existe, no caso de pessoas quejá possuem certo estoque de bens. Se, por exemplo, Seu estoque de bens for sufi­----.-..---- ;:==. =:-:1~:--2:=;-::=.s ::~38 Contra esse exemplo - no qual mudam um pouco apenas as cifras - Otto Conrad objeta (B6hm-Bawerks Krítík dess02íalistíschen Zínstheorie". In: Zeitschrift fuer Volkswirtschaft, SozialpoJitik und VerwaJtung v. 20, 1911, p. 708 et seqs.)qu ~ o respectivo homem, se for esperto, não acumulará um estoque de 100 peixes - o qual na maior parte teria quepermanecer inaproveitável durante os 50 dias para os quais deve bastar - senão que antes pescará diariamente <strong>do</strong>is peixes,empregará o tempo economiza<strong>do</strong>, pela renúncia ao terceiro peixe, para fazer o barco e a rede, e dessa forma, apósdecorri<strong>do</strong>s 150 dias, também estará igualmente de posse de um barco e rede Disso pretende Conrad concluir que é basicamentedispensável ter estoques de subsistência para se a<strong>do</strong>tarem méto<strong>do</strong>s de produção capitalista; para isso bastaria "'apossibilidade de produzir mais <strong>do</strong> que o indispensável". Ao que me parece, essa objeção desvia a atenção - de uma formabem exterior e equívoca - para detalhes secundários indiferentes <strong>do</strong> exemplo, não atingin<strong>do</strong> o essencial. É natural que,em última linha, se tem que prover. mediante qualquer poupança que seja, para a subsistência durante o processo de produçãocapitalista, da maneira como eu descrevi acima, nas páginas 130 et seqs., ou de mo<strong>do</strong> semelhante. E certamenteé também imaginável que, para o próprio início da formação <strong>do</strong> capital, se possa prover apenas com a poupança corr,ente,sem formação de estoque, Todavia, parece-me igualmente claro que, no caso de se a<strong>do</strong>tarem méto<strong>do</strong>s indiretos de produçãosignificativamente mais longos. a alimentação a partir da poupança corrente (sobretu<strong>do</strong> porque esta. pela pressuposiçãoa<strong>do</strong>tada, teria que ser obtida da produção <strong>do</strong> momento, que é extremamente improdutiva e primitiva!) não pode bastar,senão que a poupança tem que levar a uma formação de estoque (e, naturalmente, não mediante um acúmulo de meiosde consumo perecíveis, mas mediante a formaçào de um estoque destina<strong>do</strong> à subsistência, com as caraeterfsticas descritasna 2" ed., p. 340 el s~qs., e na 4" ed.. p. 203 el seqs., e a ser novamente descrita adiante, na mesma linha). Será queConrad acredita real e seriamente que se. poderia conseguir méto<strong>do</strong>s de produção indireta, na extensao em que costumamorrer em uma economia desenvolvida, sem formação de estoques, simplesmente a partir da poupança corrente? Quase~e tem essa impressão ao ler a seguinte afirmação dele: "'Todavia, o homem teria podi<strong>do</strong> empreender a construção <strong>do</strong>barco também se a construção tivesse demanda<strong>do</strong> 100 ou 1 000 dias de trabalho. Somente que teria demora<strong>do</strong> mais parachegar ao termo da tarefa. Tão logo, portanto, tivermos a condição prévia para a produção capitalista, pura e simplesmente,pode-se a<strong>do</strong>tar méto<strong>do</strong>s de produção de qualquer duração e complexidade que seja. A escolha entre o perío<strong>do</strong> de produçãomais breve ou mais longo não depende da grandeza de um estoque destina<strong>do</strong> à subsistência". Acontece que, ao dizerisso, Conrad manifestamente ignorou o seguinte ponto primordial: certamente é possível alguém, mesmo sem dispor denenhum estoque. para a subsitência, orientar uma nesga de seu tempo de trabalho para qualquer objetivo de produçãomais remoto. Mas o perío<strong>do</strong> de produção no qual esta nesga de trabalho é utilizada. precisamen te não é o perío<strong>do</strong> deprodução de seu trabalho pura e simplesmente, pois é natural que este seja calcUla<strong>do</strong> a partir da média de to<strong>do</strong>s os empregosde trabalho. Ora, se a parte principal <strong>do</strong> trabalho for empregada em produção momentãnea, portanto em um perío<strong>do</strong>de duração zero, é natural que também a média corretamente calculada deva ser bem baixa, sobretu<strong>do</strong> se, em vez <strong>do</strong> detalhegrosseiro e casual <strong>do</strong> exemplo. que permite reservar para a poupança um terço inteiro <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> de uma produ):ãomomentânea improdutiva, supusermos possíveis apenas taxas de poupança mais modestas. Infelizmente, porém, Conradse deixou induzir a tomar por base de sua generalização exatamente o que há de arbitrário <strong>do</strong> exemplo de Roscher, oque não lhe é típico, deixan<strong>do</strong> de considerar o que é típico, e que pode constituir modelo também para situações modernas.Ora, que para a relação <strong>do</strong> estoque destina<strong>do</strong> ã subsistência com a duração <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção. no senti<strong>do</strong> deminha teoria, o que interessa é justamente o perío<strong>do</strong> de produção médio, isso está explica<strong>do</strong> tantas vezes e com tanta clarezaem meu livro que nem a Conrad deveria ter escapa<strong>do</strong>. E acredito que a impossibilidade de ter uma média longa sem"estoques" é tão óbvia que nada mais preciso acrescentar~=~= :'i:.:=:"'J'. ::_= :"71:.:=....:: :=~;:~=': _1~::: ::1-...~~"Q!

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