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EUGEN VON BOHM-BAWERK Teoria Positiva do Capital Volume I

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222 o VALOR E O PREÇOa avalanche <strong>do</strong> ceticismo meto<strong>do</strong>lógico já tenha entra<strong>do</strong> em declínio desde então,não gostaria de deixar simplesmente de la<strong>do</strong> essa questão que acabei de ventilar:eis por que, sem querer debater o problema meto<strong>do</strong>lógico em geral, quero ao menosenunciar com clareza a minha convicção pessoal sobre esta questão específica:o que se deve fazer no tocante à teoria <strong>do</strong> preço, e o que deixar como está?3 Parafacilitar minha exposição, recorro a uma analogia.Se atirarmos uma pedra no meio de um lago cuja superfície é lisa como a deum espelho, observamos que os círculos das ondas se espalham para to<strong>do</strong>s os la<strong>do</strong>scom nitidez e regularidade impecáveis. O vento que sopa no mar alto e cujosgolpes, se bem que ocorram mais ou menos na mesma direção e com a mesmaintensidade, nunca ocorrem exatamente <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong>, provocan<strong>do</strong> um movimentode ondas que, a um exame superficial, revela inconfundivelmente uma imagemde regularidade, mas, se o examinarmos em detalhe, mostra uma série depequenos desvios e irregularidades. Se, porém, ao final o vento mudar de repente,ou se uma série de vagas <strong>do</strong> oceano bater em uma costa irregular e escabrosa, temosaquela confusão selvagem de movimentos de ondas que se entrecruzam e quese denomina arrebentação, cuja única lei parece ser a ausência de lei.Se buscarmos a causa dessa diferença, é fácil encontrá-Ia. No primeiro caso,havia uma única causa de movimento, a qual, por ser a única, podia mostrar coma máxima nitidez os efeitos regulares peculiares a essa causa, efeitos esses que nãosofrem alteração alguma. No segun<strong>do</strong> caso, entrecruzaram-se impulsos diferentes,mas um deles pre<strong>do</strong>minou e conseguiu imprimir ao efeito global ao menos o cunhoprovisório <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de agir peculiar a ele. No terceiro caso, por fim, uma mesclavariegada de causas antagônicas produziu uma mescla igualmente variegada de tendênciasde movimentos, os quais, por se obstacularem e se entrecruzarem, apagamqualquer vestígio de regularidade no quadro global.Penso que no setor <strong>do</strong>s fenômenos relativos aos preços há causas perfeitamenteanálogas que provocam efeitos perfeitamente análogos.Assim como acontece com nosso agir de mo<strong>do</strong> geral, da mesma forma tambémnosso comportamento no comércio de trocas está sob a influência de fatoresde motivação. Conforme os classificarmos em medida maior ou menor, podemosenumerar apenas <strong>do</strong>is fatores de motivação (egoísmo e altruismo), como tambémpodemos enumerar uma dúzia ou centenas deles (por exemplo, a procura de vantagemeconômica direta, a procura de vantagem indireta, atrain<strong>do</strong> clientes, desalojan<strong>do</strong>concorrentes; aversão a comprar de um inimigo pessoal, de um adversáriopolítico ou nacional, anti-semitismo, vaidade, desgosto, teimosia, desejo de vingança:o desejo de proporcionar uma vantagem econômica a outra pessoa, por generosidadeou por simpatia a ela, ou o desejo de castigá-Ia, de corrigi-la etc). Quemprocurar explicar o comportamento das pessoas na formação <strong>do</strong>s preços, à luz <strong>do</strong>smotivos, não conseguirá escapar a uma classificação bem detalhada <strong>do</strong>s motivos,por mais instrutivo que seja englobar muitos motivos afins em grandes grupos. Comefeito, nesse campo muitas vezes basta que a um motivo se acresçam pequenos ingredientesnovos para que a pessoa de decida a agir no senti<strong>do</strong> oposto. Por exemplo,a procura da vantagem econômica própria terá um efeito totalmente diferente,conforme a vantagem própria for o objetivo direto ou - por exemplo, oferecen<strong>do</strong>o produto por um preço inferior ao proposto por um concorrente não bem visto- o objetivo indireto; no primeiro caso, o egoísmo levará o vende<strong>do</strong>r a vender caro;no segun<strong>do</strong>, a vender barato. Ou, então, o motivo básico "vaidade" terá justa­Jl'I113 Minha profissão de fé meto<strong>do</strong>lógica. em gera!, na formulação mais concisa, encontra-se em meu estu<strong>do</strong> "Zur Literaturder Staats- und Sozialwissenschaften", in CONRAD. Jahrbücher, 1890, v. XX, nova série, p. 75 et seqs

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