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Desafios para a superação das desigualdades sociaisNesse sentido, ainda, o maior número de incidências de fragmentos consideravelmentegrandes está na abordagem do Romantismo, Realismo e Modernismo. Alguns autores como ManuelAntônio de Almeida (Memórias de um sargento de milícias), Álvares de Azevedo (Noite na taverna),Machado de Assis (contos), Eça de Queiros (O primo Basílio), Mario de Andrade (Macunaíma),Raquel de Queiroz (contos), Graciliano Ramos (São Bernardo) e Clarice Lispector (conto), chegam aocupar entre duas a três páginas do LD em transcrições de fragmentos de suas obras. Os dadostambém mostram que a ênfase nos estudos literários é maior na segunda série do Ensino Médio, que,coincidentemente, corresponde à abordagem do Romantismo – a arte da burguesia. Além disso, osgêneros literários clássicos e modernos (romance) são estudados como literatura, recebendo o endossocredenciado pela historiografia e crítica literária. Os outros gêneros textuais (ou gêneros consideradosmenores, segundo a concepção clássica da crítica literária) são estudados nos capítulos de Produção detexto, ou seja, esses gêneros “menores” podem ser reproduzidos ou recriados pelos alunos, porém, osgêneros “maiores”, não.Quanto às características do autor do texto literário, 91,3% são autores masculinos, 5,7%femininos, 2% anônimos e 0,9% possuem dupla autoria (masculina e feminina) – é o caso, de algumasletras de músicas, consideradas, neste estudo, como literatura. E, ainda, 77,9% dos autores sãobrasileiros, 19,31% portugueses e 2,8% de outras nacionalidades. Em geral, os autores pertencentes aoutras nacionalidades correspondem àqueles consagrados pelo cânone ocidental. Por outro lado, temsea voz da crítica literária, com uma função, aparentemente, paralela à atuação da história literária. Oscomentários críticos presentes no decorrer do LD assumem a postura de “conselheiros” do público ouindicadores de novas propostas de leitura e relações a partir do tema estudado no LD. A crítica, nessaperspectiva, surge como porta-voz da cultura e da sociedade - caráter típico da tendência teórica dosestudos culturais.Sendo assim, pode-se notar, segundo a classificação de Thibaudet (1930 apud IMBERT,1971), a presença de três modalidades críticas. A primeira é a crítica profissional elaborada pela vozde um crítico renomado e, portanto, de grande valor e reconhecimento. A segunda modalidadepresente no LD é a crítica artística, ou seja, aquela comentada pelo próprio artista. E a última críticapresente seria a dos organizadores do LD, que poderia ser classificada como uma mescla da críticaprofissional, porque esses não deixam de ser profissionais professores da área, e de uma críticaespontânea, já que em muitos momentos, esses reproduzem certas concepções da crítica de massa,modismos e outros. Todas estas modalidades foram encontradas no decorrer do LD analisado.A crítica que se percebe no LD apresenta “várias caras e inúmeras vozes”, como afirmavaLajolo (2001). Por outro lado, apesar da variedade, a forma como essas vozes se manifestam, não abreespaço para que o aluno reflita sobre os motivos que levaram tais obras a comporem o quadro deestudo da literatura, ou por quem são feitas tais escolhas, por quê, para qual público, ou ainda, qual apertinência de tais textos e seus sentidos para a vida. Segundo Terzi (1995), a escola pressupõe certafamiliaridade do aluno com a escrita, o que em muitos casos, pode dificultar na compreensão daquiloque se anuncia ou se pede ao aluno no LD, simplesmente porque ele ainda não tem o domínio de certolinguajar, termos e expressões. Observe, neste exemplo, como é constrangedora a explicação dada noLD sobre o conceito de verso e prosa: “textos em versos são poemas, isto é, aqueles construídos comversos, cada verso corresponde a uma linha do poema” [grifo nosso]. O texto não explica o que époema e tampouco o que é verso. E afirmam, ainda: “textos em prosa são aqueles construídos emlinha reta, ocupando todo o espaço da folha de papel, e organizados geralmente em frases,parágrafos, capítulos, partes” [grifo nosso]. Essa explicação é visual, e ainda utiliza conceitoscartesianos (linha reta). Ora, tal conceito não se aplica sequer às novas modalidades e suportes (quenão a “folha de papel”) que a literatura hoje se encontra, como na tela de computador, ou outro.3 CONSIDERAÇÕES FINAISA presença marcante da historiografia e da crítica literárias no LD evidenciam um modoparticular de patrocinar certa concepção de literatura e um modo de ler. Em geral , percebe-se que oLD não pressupõe a história dos sujeitos leitores e não oferece margem para autonomia nainterpretação textual. Percebe-se que diante das mudanças de um mundo moderno e informatizado, o100

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