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Desafios para a superação das desigualdades sociaismaterial, evidenciando uma perspectiva de letramento como prática sociocultural, ou seja, que valorizaos empregos significativos, sociais e comunicativos da leitura e da escrita.Em dissertação de mestrado, Coutinho (2004) investigou como duas professoras do primeiroano do ensino fundamental, em Recife, Brasil, trabalhavam a leitura utilizando o livro didático “Letra,Palavra e Ensino”. A leitura foi tomada a partir da perspectiva do letramento. Os procedimentosmetodológicos consistiram em análise do livro didático utilizado, entrevistas com as duas professorase observações semanais de suas práticas de ensino. A análise do livro apontou para uma variedade degêneros textuais, mas ausência de atividades que desenvolvessem as diferentes estratégias de leitura.As observações semanais mostraram que, na prática docente, as professoras enriqueciam emodificavam as propostas do livro, principalmente visando o ensino do sistema de escrita.Freitas e Moura (2007) fizeram um estudo de caso para investigar os usos do livro didático nasinterações em duas salas de aulas de Educação de Jovens e Adultos em processo de alfabetização deuma escola pública municipal no estado de Alagoas, Brasil. O problema da pesquisa foi entendercomo são utilizados linguisticamente os gêneros textuais presentes nos Livros Didáticos de Educaçãode Jovens e Adultos adotados em sala de aula. Com o objetivo geral de analisar os eventos deletramento em que os alunos e professores interagem com os gêneros textuais constantes nos livrosdidáticos, as autoras entrevistaram professoras e alunos e observaram aulas. Bakhtin, Geraldi, Koch,Marcuschi e Bazerman constituíram o referencial teórico adotado. As autoras concluíram que, emambas as salas de aula, o livro didático é menos utilizado que outros materiais de leitura. No entanto,em todas as situações de leitura as interações são mais focalizadas no ensino da norma padrão dalíngua portuguesa do que na intertextualidade.Em dissertação de mestrado, Teixeira (2009) entrevistou professoras alfabetizadoras,profissionais da secretaria de educação e pedagogos das escolas municipais de Curitiba, Brasil, paraquestionar sobre os usos que fazem do livro didático de alfabetização. A autora constatou que, nasexperiências pessoais e profissionais, o livro didático é mais valorizado do que nos significadosatribuídos a ele pelos professores. No discurso as professoras atribuíram pouca importância ao livrodidático. No entanto, diante das entrevistas acompanhadas do livro didático adotado pela escola, asprofessores declaravam estabelecer formas diversas de usos deste material.Em pesquisa etnográfica realizada em uma escola no estado mexicano de Tlaxcala, no ano de1980, Rockwell (2000) investigou a especificidade cultural do discurso em sala de aula a partir doconceito bakhtiniano de gêneros do discurso. Nesta pesquisa, na qual a autora também observou apresença do livro didático na sala de aula, evidenciaram-se os usos de vários gêneros do discurso peloprofessor, tanto os gêneros de ensino quanto outros, inclusive da tradição oral, como as piadas, fofocase contos do passado. Os gêneros promoveram pistas para a codificação do conhecimento escolar e suatradução no currículo vivenciado. O gênero de ensino mais presente nas observações foi o catequético,caracterizado pelo diálogo de perguntas e respostas, no qual o professor dirigia as interações e osalunos respondiam em uníssono. No entanto, a autora observou que em sala de aula coexistiam váriosgêneros discursivos, os quais muitas vezes se relacionavam com a experiência de vida do professor.Em outra pesquisa, a mesma autora demonstrou que o livro didático não se define apenas peloseu conteúdo, mas também se constitui como suporte material com características específicas. Eminvestigação etnográfica, Rockwel (2001) observou as limitações do livro didático enquanto suportematerial de leitura. A partir da observação de aulas em uma escola rural mexicana, a autora investigouas práticas de leitura, tendo como base teórica as obras de Chartier, Certeau e Bakhtin. A ênfase recaiuna materialidade do livro didático e nas suas características peculiares que o distinguem de outrosmateriais impressos. Uma destas características é que, para possibilitar as leituras e o trabalhosimultâneo, é preciso dispor de um exemplar do livro didático para cada aluno. Outra característicaimportante é que no livro didático estão plasmadas também determinadas teorias pedagógicas, que seencontram presentes nos conteúdos e nas próprias formas escritas. Embora a materialidade do livrodidático não determine a maneira de ler, ela exerce grande influência. Rockwell encontrou umexemplo de como a materialidade do livro influi nas formas de ler observando uma professora utilizarno livro uma história que continha um enigma. Ao contar a história aos seus alunos, a professoratentou explorar o enigma e levar os alunos a criarem hipóteses. Entretanto, a atividade não foipossível, pois todos os alunos viraram a página do livro didático e viram as ilustrações e o texto quetrazia o desfecho da história. A materialidade do livro didático influenciou o planejamento da aula. Foi406

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