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O papel dos manuais didáticos e das mídias educativasséculo XX para cumprir um papel naquele determinado período. As discussões do Movimento dosTrabalhadores Rurais Sem Terra quanto ao significado da educação têm sido uma contribuiçãorelevante aos debates sobre Educação do Campo no Brasil. Para o MST, a educação é uma bandeira deluta permanente, sempre presente em pautas de reivindicação desde o inicio de sua organização, emespecial pensando a escola como um dos instrumentos para a educação dos sujeitos do campo, desdeque não fechada em si mesma.Na última década, o governo federal incluiu representantes dos movimentos sociais em seusquadros políticos-administrativos, o que resultou também na incorporação de determinados elementosdas propostas dos movimentos sociais às ações e políticas, inclusive alguns avanços no campoeducacional no que se refere à Educação do Campo. Todavia é importante situar tais questões noâmbito das contradições que marcam a vida social brasileira, próprias de uma sociedade capitalista, naqual a desigualdade social se expressa de forma nítida e indiscutível no campo, onde a disputa entredois projetos está presente – o projeto do agronegócio e o projeto da agricultura camponesa. Éimportante ressaltar que neste trabalho a opção é pela educação do campo, assentada na tríadeeducação, campo e políticas públicas (CALDART, 2008, p. 72) e como educação de classe, “desde osseus vínculos sociais de origem, para construção de outro projeto de campo, de país”, elementos queanalisados conjuntamente mostram um compromisso de classe na busca da transformação social.A proposta de Educação Rural, desde seu inicio, não teve por objetivo resolver o problema daeducação de seus sujeitos, ao longo do século XX. A prova do compromisso dos governos com outrasfinalidades e questões está no fato de que, ainda hoje, cerca de 23% das pessoas que vivem no camponão sabem ler e escrever - isso confirma o tipo de compromisso com a população camponesa que seefetivou ao longo dos último século no Brasil 19 .Neste sentido, é relevante destacar que a construção dessa desigualdade social e o descasocom a população do campo não correspondem, como muitas vezes o discurso liberal e conservadorafirmam, a uma atitude de passividade ou conformidade do povo. Se, de um lado, está presente oestado capitalista com seus governos de diferentes orientações a privilegiar determinados grupos eclasses sociais, de outro lado estão as organizações sociais que lutam pela construção de uma novaordem social, constituindo o embate e a luta por meio de suas ações.Desta forma este artigo busca apresentar como os conceitos produzidos pelos movimentossociais e pelos pesquisadores da temática da Educação do Campo estão presentes nos documentos doMEC, neste caso, relativos a um programa específico, o PNLD Campo (Programa Nacional do LivroDidático – Campo). O PNLD pode ser considerado um importante programa do Governo Federal,responsável, pela seleção, aquisição e distribuição de livros didáticos para todas as escolas públicas.Considerando-se a existência muito recente do PNLD-Campo, os limites impõem a necessidade decompreender estas análises como uma primeira aproximação à problemática, que deverá ser objeto deestudos ao longo dos próximos anos.O trabalho está organizado em três partes, além desta introdução e das considerações finais.Inicialmente apresentam-se sucintamente os embates atuais da Educação do Campo, e em seguidafocaliza-se a produção de materiais didáticos para as escolas do campo, abordando em particular aquestão dos livros didáticos dentro do PNLD. Na sequência, busca-se fazer aproximações possíveis apartir do edital PNLD Campo-2013, examinando alguns documentos ofi8cias e problematizando aintencionalidade do programa em relação às especificidades das escolas do campo.2 EDUCAÇÃO RURAL E EDUCAÇÃO DO CAMPO: QUESTÕES PARA DISCUTIR OSMATERIAIS DIDÁTICOS E OS LIVROS ESCOLARESA década de 1970 foi marcada pelo surgimento, no Brasil, de alguns movimentos sociais,entre eles o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. No processo de luta pela terra, estemovimento manifestou, desde seu início, a preocupação com a educação, seja no espaço formal - naluta por escolas públicas em todos os níveis, tanto nos acampamentos, quanto nos assentamentos –seja no espaço não formal - que compreende a formação política de seus militantes, e se estende a19 Dados do IBGE censo de 2010. Disponível em: www.ibge.gov.br.85

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