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O papel dos manuais didáticos e das mídias educativascompreensão do outro no tempo, colocando-se no lugar deste outro em conformidade com o contextovivido por ele; o julgamento moral da experiência humana no tempo é encarado como sendo asatribuições de valor ao passado, geralmente tendo como referência o tempo presente; o anacronismo,apesar de muitos historiadores o entenderem como um dos maiores pecados a ser cometido pelohistoriador, é concebido neste momento como um “mal necessário”, tanto na prática historiográfica,quanto no processo de desenvolvimento cognitivo histórico realizado pelas pessoas, por isso adota-se aideia de Loraux (1992) de que o anacronismo deve ser manejado cuidadosamente.No sentido de manejar as experiências passadas e presente, a “prática controlada doanacronismo” proposta por Loraux parece equilibrar o risco de se perder no passado por meio daempatia, com um outro risco, o do presentismo nos julgamentos morais das experiências no tempo,riscos sublinhados por Von Borries (2001). Este autor afirma, ainda, que “combinando ambos” –empatia histórica e julgamento moral – “em um caminho intelectualmente correto, isso significarácrescimento mental” (VON BORRIES, 2001, p. 287). Assim, por um lado, percebe-se a empatiahistórica como estratégia de compreensão da experiência no tempo e, por outro, o julgamento moraldessa experiência, como estratégia de atribuição de sentido histórico. No “combinado” de ambos, temseuma “prática controlada do anacronismo”. Sendo esta relação do passado com o presenteestabelecida de maneira equilibrada, o passado passa a ser melhor compreendido e dotado de sentidohistórico.Retomando a discussão a respeito das atividades propostas em livros didáticos ou mídiaseducativas, defende-se que é possível se fazer questões abertas, com ampla liberdade de resposta,desde que haja estímulo para a construção da evidência histórica na realização das atividades. Assimsendo, uma das maneiras para a construção da evidência histórica é por meio dessas estratégiascognitivas de compreensão e atribuição de sentido ao passado. A “prática controlada do anacronismo”,nesse caso, pode ser considerada um dos nortes para a elaboração de atividades didáticas pautadas emprincípios epistemológicos da ciência histórica, valorizando a subjetividade e a objetividade comoelementos próprios da experiência histórica. Dessa forma, a empatia histórica, o juízo histórico-moral,bem como o anacronismo, são categorias de operacionalização do pensamento histórico que podempossibilitar categorizações e até mesmo prescrições no que diz respeito às atividades didáticas deHistória – para além da intencionalidade das atividades, mas a partir das apropriações feitas porprofessores e alunos daquelas atividades nas aulas de História.Desse modo, este estudo revelou uma disparidade entre os livros didáticos de 6. o Ano doEnsino Fundamental e os do 1. o Ano do Ensino Médio no que tange às possibilidades de combate àmonoperspectividade histórica, em especial pela tendência de negação da subjetividade ao longo doprocesso de escolarização. Entretanto, a necessidade de se saber como lidam professores com asatividades em aula, além de como elas podem interferir na consciência histórica dos sujeitos emprocesso de escolarização, são questões que dispendem de maiores esforços para serem buscadasexplicações.REFERÊNCIASBOULOS JR., Alfredo. História – Sociedade & Cidadania, 6 o Ano. São Paulo: FTD, 2009BRAICK, Patrícia; MOTA, Myriam. História: das cavernas ao terceiro milênio, 6 o Ano. São Paulo:Moderna, 2ª. Ed, 2009.CHOPPIN, Alain. História dos livros e das edições didáticas: sobre o estado da arte. In: Educação ePesquisa, São Paulo, v. 30, n.3, p. 549-566, set./dez., 2004.DUBET, François; MARTUCELLI, Danilo. En la escuela: sociología de la experiência escolar.Buenos Aires: Editorial Losada, 1998.EZPELETA, Justa; ROCKWELL, Elsie. A escola: relato de um processo inacabado de construção. In:EZPELETA & ROCKWELL. Pesquisa participante. São Paulo: Cortez, 1989, p. 9-30.FIGUEIRA, Divalte; VARGAS, João. Para entender a história. 6º Ano. São Paulo: Saraiva, 2ª. Ed,2009.365

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