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O papel dos manuais didáticos e das mídias educativasassim, como elementos da cultura escolar podendo ser identificados como produtos culturais(BITTENCOURT, 2004, p. 477).Contudo, para além destas definições, por serem distribuídos massivamente por programas degoverno, os livros didáticos apresentam-se hoje como um veículo de valor que comporta um amploespectro de interesses econômicos, representados em agentes e instituições determinadas. Assumem,assim, o papel de mercadorias (APPLE, 1985, p. 82), pois possuem, por um lado, um valor de uso,inerente às suas especificidades relativas ao processo de ensino e aprendizagem de Física e, por outro,um valor de troca, cujo potencial deve ser realizado no mercado por distintos agentes, dentre eles aseditoras e o Estado.4 MOMENTOS DA PRODUÇÃO DE LIVROS DIDÁTICOS DE FÍSICA NO BRASILConsiderando o período compreendido entre o início do século XX e os dias atuais, verifica-seque a produção dos livros didáticos de Física passou por um amplo desenvolvimento, sendo possívelreconhecer, em linhas gerais, três momentos (Quadro 1), marcados por influências de livros didáticosde outros países.Num primeiro momento, de acordo com Garcia (2007, p. 4), entre o início do século XX emeados dos anos 1950, os livros didáticos de Física eram, com raras exceções, traduções de obras deautores franceses. Verifica-se que duas características marcam estas publicações: em primeiro lugar,os conhecimentos eram apresentados de maneira enciclopédica (com muitas informações) e eram decunho propedêutico; em segundo lugar, as obras didáticas eram destinadas de maneira indiscriminadatanto a alunos quanto a professores, não estando presentes neste momento, versões exclusivas a uns e aoutros.Um segundo momento possui as características de uma influência anglo-saxônica, que passoua ter expressão no contexto educacional brasileiro a partir do conjunto de acordos MEC-USAID, quese iniciaram em meados dos anos 1950 e que se consolidaram a partir de 1964, ano do golpe militar.Neste período, nos EUA e na Inglaterra, ocorreram diversos debates acerca da necessidade de renovaro ensino de ciências, supostamente motivados por certo sentimento de inferioridade em decorrênciadas conquistas da antiga União Soviética na chamada corrida espacial, em um dos episódios da GuerraFria (Garcia, 2007, p. 6). Deste processo de renovação curricular surgiram vários projetos de ensino deciências, que visavam, em última instância, alterar o caráter das relações entre os conhecimentosoriundos das ciências de referência e a sua presença no espaço escolar. Fazem parte destes projetos deensino, nos EUA: Biological Science Curriculum Study (BSCS), Physical Science Curriculum Study(PSCS), Project Harvard Physics, Chem Study e Chemical Bond Approach (CBA). Na Inglaterratambém havia projetos para essas disciplinas, financiadas principalmente pela Fundação Nuffield(BARRA e LORENZ, 1986, p. 1970). No Brasil, estes projetos foram traduzidos e se buscou a suaimplantação nas escolas públicas sem, no entanto, muito sucesso, pois os projetos de ensino deciências haviam sido pensados para realidades educacionais bem distintas das brasileiras, sendonecessário adequar a proposta às condições nacionais. Desta tentativa surgiram alguns projetos deensino que buscavam tratar a Física em termos da realidade educacional brasileira, carente decondições técnicas e de pessoal capacitado para o ensino de 2º grau.Não se pretende fazer uma análise aprofundada dos projetos de ensino de ciências ingleses enorte-americanos, buscando-se apenas indicar que estes projetos exerceram forte influência sobre aprodução de livros didáticos de Física no Brasil, configurando um momento distinto daquele que sedava sob influência francesa, destacando-se alterações significativas nas publicações didáticas emfunção da mudança de pressupostos. Neste sentido, verifica-se que, neste segundo momento, buscavasecentralizar o aluno no processo de ensino-aprendizagem e, neste sentido, passou a haver umadistinção na produção dos livros, com obras produzidas exclusivamente para alunos e outras somenteaos professores (o Guia do Professor) que neste contexto, deveriam ser muito mais colaboradores doque condutores do processo de ensino-aprendizagem. Se no período anterior havia centralidade doconteúdo enciclopédico, os livros didáticos deste segundo período buscavam envolver os alunos naresolução de exercícios e na realização de atividades experimentais de simples execução.195

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