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O papel dos manuais didáticos e das mídias educativasas nações indígenas, sejam diversos tipos de assalariados vinculados à vida e ao trabalho no meiorural”. (FERNANDES, CIRIOLI, CALDART, 2004, p. 25). Neste sentido, não basta ter escolas nocampo: “queremos ajudar a construir escolas do campo, ou seja, escolas com um projeto políticopedagógicovinculado às causas, aos desafios, aos sonhos, à história e à cultura do povo trabalhador docampo.” (FERNANDES, CIRIOLI, CALDART, 2004, p. 27).Durante o I Encontro Nacional de Educadores e Educadoras das Áreas de Reforma Agrária (IENERA), em julho de 1997, em Brasília, foram alavancadas as primeiras discussões sobre o que seriahoje o grande movimento por “Educação do Campo”. O desafio posto naquele encontro pelarepresentante do UNICEF 20 resultou em grandes discussões reunindo muitas outras entidades eorganizações 21 , que juntos organizaram a primeira Conferência por uma Educação Básica do Campoem julho de 1998, em Luziania (GO). Este encontro é considerado um marco, pois naquele momentofoi estabelecido um espaço de luta, agora não mais apenas por terra, mas para o enfrentamento daquestão da educação necessária e merecida pelos sujeitos do campo.Assim, a expressão do campo traz consigo um conjunto de sujeitos, concepções pedagógicas efilosóficas, que dará corpo ao projeto de educação que está em construção pelos movimentos sociais.Mas, para além deles, foi incorporado ao discurso oficial do governo brasileiro após as eleições quecolocaram o partido dos trabalhadores no Governo Federal, e também foi assumido pelos governos dealguns estados brasileiros.Ao lado desta compreensão sobre as lutas feitas pelos movimentos sociais, segundo os autoresque contribuem para a produção acadêmica nesse campo teórico, é preciso também fazer referência àEducação do Campo como paradigma, “como uma construção teórica que se consolida na comunidadecientífica”. (FERNANDES e MOLINA, 2004, p 54). Segundo os autores, essa nova compreensãosobre o sentido da Educação do Campo convive com o paradigma da Educação Rural tradicional, oqual “elege, seleciona o que lhe interessa como modelo econômico e cultural”. (FERNANDES,MOLINA, 2004, p. 57).A Educação do Campo é, portanto, a “que defende os interesses, a política, a cultura e aeconomia da agricultura camponesa, que construa conhecimentos e tecnologias na direção dodesenvolvimento social e econômico dessa população”. (ARROYO e FERNANDES, 2006, p. 65).Essa perspectiva de compreensão e de análise teórica vai sendo consolidada nos embates que decorremdas tensões com outras, com fundamentos e concepções diferentes, seja quanto ao significado daeducação e da escolarização, seja com relação ao entendimento sobre a vida social de forma maisampla.Trata-se, portanto, de um problema que, para além do MST e de outros movimentos sociais,diz respeito à escola pública para todas as crianças e jovens brasileiros. E que afeta todo o conjunto depolíticas públicas produzidas no âmbito do Estado que chegam até as escolas pelas ações relacionadasa diferentes elementos do processo educativo e da escolarização, entre eles as ações quanto à formaçãodos professores e também à produção e distribuição de materiais didáticos, tema central neste texto.3 O PROGRAMA NACIONAL DO LIVRO DIDÁTICO (PNLD) E O PNLD CAMPO.As propostas de educação apresentadas pelo MST trouxeram contribuições relevantes aodebate sobre o modelo de escola para as populações do campo. Em parte, foram incorporadas maisrecentemente pelas normas e propostas do Governo brasileiro – a partir do momento em que o Partidodos Trabalhadores assumiu o poder, identificando-se como governo popular e progressista. Assim,apontam-se ações que derivaram desses debates e que vêm afetando a construção de ideias e práicassobre a Educação do Campo no país. Nos limites deste texto, relembra-se apenas a aprovação peloCongresso Nacional, em 2001, do Plano Nacional de Educação (PNE) e a instituição das DiretrizesOperacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo, aprovada pela Resolução CNE/CEB de03/04/2002.O PNE, de acordo com Munarin (2012, p. 8), “foi iniciativa do Ministério da Educação, que ocoordenou, mantendo-se quase absolutamente fechado às tentativas de influência e inclusão de20 Ana Catarina Braga21 CPT, CIMI, MEB, CNBB.87

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