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O papel dos manuais didáticos e das mídias educativasque em cada política de governo é possível identificar os elementos que marcam de forma maisefetiva, explícita ou não, as concepções e ações daquele grupo no poder.Esses materiais, que são oficiais e têm sua produção originada no interior do Estado, sugeremestudos sobre o tipo de conhecimento que se considera legítimo ensinar, a forma como ele foiorganizado e apresentado publicamente, os pressupostos que sustentam as opções definidas; e, assim,podem-se compreender diferentes configurações simbólicas que os materiais ganham quandoproduzidos por diferentes políticas públicas educacionais.A opção pela análise destes materiais tem como referência o pressuposto que eles expressam oconhecimento legítimo a ser ensinado em cada momento, do ponto de vista do conteúdo e da forma e,assim, contribuem para entendermos os modos de ensinar e também a formação docente. Trata-se deum objeto da cultura escolar, produzido pelo Estado, fora da escola, mas que aponta elementos paraestruturar as práticas em sala de aula.Assim sendo esses materiais didáticos possuem uma característica comum, além de seremmateriais destinados a professores da disciplina de História. Eles constituem fontes relevantes paracompreendermos os modos de ensinar a História que foram produzidos no Brasil, em particular noEstado do Paraná, pelos Governos de cada período.A partir da análise dos cadernos produzidos na década de 1970, pelo Centro de Seleção,Treinamento e Aperfeiçoamento de Pessoal do Estado do Paraná, pode-se dizer, segundo Veiga(1996), citada por Garcia (2007, p.13) que a educação desse período apoiou-se nos pressupostos deuma "pedagogia tecnicista", procurando "desenvolver uma alternativa não psicológica, situando-se noâmbito da tecnologia educacional, tendo como preocupação básica a eficácia e a eficiência do processode ensino". Ainda, deve-se destacar que essas transformações, foram decorrentes do "modelo sóciopolíticobrasileiro fundado no binômio desenvolvimento-segurança nacional e do modelo de educaçãocomo fator de desenvolvimento social" (OLIVEIRA, 1996, p.30).A educação, com isso, passa a estar impregnada pela ideia de utilização das técnicas, nas maisvariadas formas, seja nas propostas pedagógicas ou nas formas de organização do sistema escolar; istoderiva também na fragmentação e hierarquização do trabalho pedagógico, que abre maior possibilidadede controle sobre a escola.Na análise dos materiais curriculares foi possível constatar a presença de uma concepção quedicotomiza conteúdo e forma. Assim constatou-se nos materiais do período da Ditadura Militar apresença de elementos como a instrução individualizada, a instrução programada, o estudo dirigido.Também evidenciou-se a força do "formalismo psicológico" e do "formalismo técnico" quecaracterizavam a Didática Geral naquele período.A ausência de elementos específicos da Didática da História nestes materiais contribuiu para apermanência da cisão entre teoria e prática da disciplina, muito questionada a partir da década de1980, tanto pela Didática Geral como no campo do Ensino de História. As análises realizadaspermitiram compreender que o ensino foi pedagogizado (SCHMIDT, 2008), isto é, transformou-senum conjunto de encaminhamentos e/ou prescrições voltados, basicamente, ao saber fazer pedagógico,mas esvaziado daquilo que se constitui na natureza específica de cada disciplina escolar. Percebemosque estes materiais possuem concepções de aprendizagem relacionadas fundamentalmente àPsicologia construtivista. A preocupação com o método estava em motivar o interesse do aluno noconhecimento a ser adquirido e não no desenvolvimento de um pensamento propriamente histórico.Tal panorama permite afirmar que os materiais destinados à formação de professores de Histórias nasdécadas de 1970, de forma geral, possuíam uma preocupação com a técnica, com o manejo de classe,com a organização do trabalho pedagógico, o que é de significativa importância. Porém ainda nãolevava em consideração a contribuição dos princípios teóricos e metodológicos da Ciência da História.Ao analisarmos a Revista Currículo, notamos uma ordenação dos conteúdos propostos,formando uma seqüência lógica e crescente em que a aprendizagem se dá por um processo cumulativode objetivos, cuja complexidade maior seja adequada ao estágio de desenvolvimento humano.Evidencia-se no material a influência da teoria piagetiana de desenvolvimento por estágios e a opçãopela estruturação dos conhecimentos a serem ensinados a partir de objetivos. Esta opção se expressano documento orientando a derivar objetivos operacionais a partir dos específicos, estes semprerelativos a uma "ação", decorrente da teoria. Nesse sentido, evidencia-se que a relação entre conteúdoe forma está distanciada.327

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