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O papel dos manuais didáticos e das mídias educativasuma sinergia, por meio da literatura, com os familiares. Na escola observada, o professor estimulavaos alunos interessados em divulgar as suas leituras que o fizessem oralmente para os colegas.Inicialmente os alunos demonstraram um pouco de timidez que foi sendo superada pela reaçãopositiva dos colegas que faziam perguntas, riam com as passagens de humor, comentavam que iamemprestar aquele livro e aplaudiam o colega no final da apresentação. Esta atividade se revelou umótimo meio de divulgação dos livros e de motivação à leitura.Ler e narrar são atividades que podem contribuir para a formação do leitor literário desde queas obras ou os textos disponibilizados para as crianças sejam provocativos e atraentes; desde que oprofessor demonstre seu prazer de ler e narrar; desde que sejam dadas diferentes oportunidades aoaluno de ler e narrar, para que possa ir dominando essa habilidade de forma desafiadora e prazerosa;desde que seja consagrado bastante tempo à leitura silenciosa, período necessário ao mergulho notexto; desde que sejam momentos geradores de oportunidades de partilhar conhecimentos, opiniões esonhos com os professores e os colegas. Enfim, oportunidades de o jovem leitor perceber o caráterlúdico inserido na atividade de ler e narrar.Vale ressaltar ainda as atividades de interpretação do texto literário como uma das mediaçõesessenciais a serem desenvolvidas pela escola. Para tratar do processo interpretativo do texto literário,Tauveron (1999) parte das teorias da estética da recepção para afirmar que o texto literário tem comoparticularidade a inscrição potencial do leitor no coração de seu mecanismo, não como consumidor,mas como parceiro. O texto literário demanda a cooperação cognitiva ativa do leitor, porque o textoliterário é incompleto e não entrega seu sentido simbólico facilmente, ele depende do leitor para lhedar forma e concluí-lo, de modo que aprender a ler as entrelinhas desde o início da aprendizagem daleitura é essencial.A construção da interpretação de um texto literário em sala de aula depende de os professoressolicitarem a participação dos alunos para emitirem sua opinião, expressarem suas emoções eexternarem suas impressões. Entretanto, uma atividade desta natureza não pode ser realizada em umtempo exíguo e que inviabiliza a consecução do que sugere Tauveron (1999): a oportunidade de ascrianças elaborarem o pensamento, de trocarem opiniões, de compararem os caminhos utilizados naconstrução do significado, de determinarem as zonas indeterminadas, incertas e os lugares onde otexto se impõe e de avaliarem a pertinência de suas interpretações e as partilharem com as dos colegas.O tempo ampliado dedicado ao debate do texto permite o confronto das idéias e auxilia os alunos paraque preencham os vazios do texto.Observei na escola a grande dificuldade das professoras de deixar a palavra com as crianças efazer aflorar as opiniões e as ideias. Elas têm ainda dificuldade para fazer com que os alunosestabeleçam conexões e percebam outros aspectos do texto, o que muitas vezes provoca uma atitudepassiva de alguns alunos, que não têm coragem de emitir opiniões e ficam apenas esperando asinterpretações apresentadas pela professora para transcrevê-las no caderno, em resposta aoquestionário. O papel fundamental a ser exercido pelo professor seria o de favorecer a interação entreos alunos, o diálogo entre eles e o professor e o diálogo com o texto, de forma que, juntos, possamencontrar respostas às zonas de sombra e desvendar as pegadinhas do texto (TAUVERON, 2002, p.103, tradução minha).Destaco o desejo dos alunos em participar da troca de opiniões, sempre que a professoraprocurava ouvi-los atentamente e emitia as suas opiniões sem tentar impô-las, de acordo com o quepreconiza Lebrun (1996, p. 72, tradução minha) ao afirmar que o clima da classe é muito importante,de forma que todos acolham a opinião dos outros, num ambiente caloroso, sem competitividade econformismo. Num primeiro momento, o professor deixa emergir, sem censura, as diversaspossibilidades de significação. Assim, ele não se preocupa muito com o aspecto formal das reaçõesorais ou escritas, afim de não inibir a espontaneidade dos jovens leitores. Ele tenta encontrar pontos decontato entre seus alunos para as discussões futuras. Somente num segundo momento ele trará a suaexperiência estruturada sobre o saber literário, os incitando a seguir mais longe com a reflexão e aanálise.O jogo interpretativo provoca as operações cognitivas de alto nível (VANDENDORPE, 2001,tradução minha) e são capazes de suscitar o interesse da criança. O contato com as obras literáriasricas e variadas ensina muito cedo à criança a necessidade de desconfiar das respostas prontas e dasinferências muito evidentes. Assim, a questão mais problemática a ser enfrentada pela escola é o143

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