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Desafios para a superação das desigualdades sociaisPara o presente trabalho, procuramos definições de cultura que sejam diferentes de uma visãotradicional. Uma das perspectivas teóricas que norteiam a reflexão sobre o conceito de cultura estácalcada nessa visão tradicional de cultura. Nesse sentido, consideramos relevante para o trabalho,refletirmos sobre essa visão de cultura, pois consideramos que essa orientação cultural ainda está –frequentemente- presente nos LD. Janzen (2008), ao examinar a visão herderiana de cultura, indicaque:Fundamentada nestes eixos, uma visão tradicional de cultura implica a busca doapagamento das diferenças socioculturais, de modo a propiciar umahomogeneização do grupo. A homogeneidade interna possibilita a delimitaçãoexterna, uma vez que o que é estranho é externo ao grupo. Um dos movimentos deunificação interna e delimitação externa é o de negação dos valores e crenças dooutro, do estranho, reforçando uma perspectiva etnocêntrica (comum à visãotradicional de cultura).(JANZEN, 2008, p. 64).Segundo Eagleton (2005), não refletimos sobre nossos costumes ou crenças, nós apenasagimos sob o respaldo de nossa cultura, naturalmente, assim como o ato de caminhar. Como ocaminhar, não paramos para pensar a cada passo que damos, nos movimentos que precisamos fazer,apenas executamos esses movimentamos, que estão condicionados em nossa mente.O estranhamento entre culturas diferentes é um processo que é esperado que ocorra. SegundoBhabha (1998), o estranhamento pode ocorrer nos detalhes do cotidiano,as questões em torno de nascimentos, casamentos, questões de família com seusrituais de sobrevivência associados a comida e vestuário. Mas é precisamente nessasbanalidades que o estranho se movimenta, quando a violência de uma sociedaderacializada se volta de modo mais resistente para os detalhes da vida: onde vocêpode ou não se sentar, como você pode ou não amar. (Ibid., p. 37)Quando duas culturas (ou mais) entram em contato, há o surgimento de uma terceiraalternativa. Segundo BHABHA (1998), não há mais o mundo em termos binários e sim o surgimentode um mundo híbrido. Quando este mundo surge, as diferenças das culturas anteriores não estão lápara serem vistas. Este terceiro espaço que surge não mostra claramente as características das culturasque a formaram, elaborando outras opções em seu lugar. Não se pode definir claramente onde acabauma para começar a outra, ou seja, as fronteiras não são visíveis. Existe o surgimento de um “TerceiroEspaço”, que seria um local de negociação dessas culturas, como coloca Bhabha (1998).De acordo com a concepção de linguagem, baseada no Círculo de Bakhtin, quando falamosestamos sempre expressando uma opinião ou uma ideia, como afirma Volochínov, em Marxismo efilosofia da linguagem: “na realidade, não são palavras o que pronunciamos ou escutamos, masverdades ou mentiras, coisas boas ou más, importantes ou triviais, agradáveis ou desagradáveis.”(VOLOCHÍNOV, 2009, p. 98).Nesse sentido, ainda de acordo com o autor, as palavras já vêm carregadas de valores eprecisam ser contextualizadas para que possam fazer sentido. As palavras ou orações quandoutilizadas para comunicação passam a ser enunciados e só são entendidas no contexto único de seuuso. “Se uma palavra isolada é pronunciada com entonação expressiva, já não é uma palavra, mas umenunciado acabado expresso por uma palavra.” (BAKHTIN, 2003, p. 290)Mesmo que a perspectiva sociointeracionista (ou mesmo a concepção de língua comodiscurso) seja amplamente debatida nas propostas que abordam o ensino de línguas nos documentosoficiais, a perspectiva normativista ainda está presente nas escolas, e, nesse processo de ensinoaprendizagem,muitas vezes, os conteúdos são abstraídos de seus contextos e as orações sãoapresentadas de forma descontextualizadas, fora de um momento de comunicação. Assim, BAKHTINafirma que:442Não se pode dizer que esses esquemas sejam falsos e que não correspondam adeterminados momentos da realidade; contudo, quando passam ao objetivo real dacomunicação discursiva eles se transformam em ficção científica. Neste caso, o

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