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Desafios para a superação das desigualdades sociaisFonte: KEHL, s/d. pp. 32-33O conjunto das lições versa sobre questões relacionadas ao cotidiano das crianças, abordandotemas como os períodos de descanso durante o dia; as férias a serem desfrutadas, se possível, fora dacidade; a importância do controle do peso; os cuidados com o nariz (respiração), os olhos (a vista) e oasseio das unhas; sem desconsiderar o trabalho. Este último tomado como sinônimo de estudo para ascrianças, um importante elemento de preparação para a vida adulta. Como se pode notar, as liçõesprocuram contemplar todo o cotidiano das crianças.Nota-se também que, nas entrelinhas da Cartilha Higiene, emerge um discurso direcionado àsclasses menos favorecidas, expressa na presença de frases como:Quem não tem banheiro toma banho numa bacia ou numa tina, mas não deixa, poristo, de lavar o corpo. (KEHL, s/d. p. 18)A casa pode ser pobre, mas deve ser limpa e mantida em ordem. (KEHL, s/d. p. 19)Pode-se ser pobre e ter roupas modestas; mas não se deve andar com roupasrasgadas e sujas. (KEHL, s/d. p.46)No entanto, uma leitura das imagens produzidas por Acquarone permite observar que oilustrador não faz nenhuma menção às distinções de classe em suas ilustrações, silenciando-as. Paraele, o mundo higienizado, representado por Yolanda, Xisto e Zenaide, só é composto por criançaseducadas, saudáveis, felizes e abastadas. Uma representação do mundo ideal propagado por diversosmédicos, sanitaristas e eugenistas, que atrelava saúde a progresso social. Discurso esse compartilhadopor diversos intelectuais e profissionais de diversas áreas, no início do século XX, como podemosobservar nas correspondências localizadas e nos anúncios publicados nos impressos no período.3 A CIRCULAÇÃO E A DIVULGAÇÃOLogo após sua publicação, em 1936, a Cartilha de Higiene começa a ocupar as páginas dosdiversos impressos do período, com o seguinte slogan: “Para aprender a ler, aprendendo higiene”.Segundo a revista Farmaceutico Brasileiro, 105 faltavam materiais didáticos direcionados ao ensino dahigiene nas escolas primárias e, portanto, a obra poderia ser facilmente adotada pelas escolas públicase privadas do Brasil. Além disso, os aspectos estéticos e tipográficos do material agradavam uma partedos críticos. Segundo alguns jornalistas, os textos de Renato Kehl se tornavam mais claros com as105 Farmaceutico Brasileiro, s/n. (recorte avulso, Fundo Pessoal Renato Kehl, DAD-COC).382

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