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O papel dos manuais didáticos e das mídias educativasem relação aos agentes envolvidos, suas motivações, contexto e causas, tratando-se de umainterpretação de texto simplesmente, e não uma interpretação histórica do assunto.3.2.2 Forma como utiliza as fontes (imagéticas)Com relação às fontes apresentadas pelo autor no livro A, com maior enfoque para as fontesimagéticas, existe uma proposta interessante de leitura das imagens no início do capítulo, em um itemintitulado “Lendo as imagens”, em que seis diferentes imagens, sobre temas diversos e de períodosdistintos aparecem seguidos de algumas perguntas que seriam destinadas à leitura das fontes. Noentanto, observam-se perguntas generalizantes, que não fazem realmente uma interpretação e leiturada documentação, e apresentam em um mesmo conjunto fontes muito distintas entre si, produzidas emdiferentes períodos e contextos, por artistas diferentes, sem fazer nenhuma pergunta no sentido deinvestigar a respeito dessas informações.Ao longo do capítulo, outras fontes iconográficas surgem em meio ao texto explicativo doautor sem, contudo, haver a análise das mesmas ou leitura que possibilitem seu entendimento ecompreensão do período abordado. Por exemplo, na página 11 apresenta-se um mapa de 1557, deGiovani Batista Ramusio que mostra a atividade de extração do pau-brasil na costa brasileira e contatoentre índios e portugueses no escambo de produtos. Há também o caso da gravura de GeorgeMarcgraf, de 1648 sobre o trabalho dos escravos em um engenho de açúcar, uma outra gravura queapresenta um engenho do século XVIII, sem ser levantado um paralelo entre elas, apesar de trataremde temas semelhantes e poderem suscitar a percepção das diferentes perspectivas sobre um mesmotema histórico. A ilustração do padre Antônio Vieira evangelizando indígenas não é diferente; aatividade proposta para esta imagem sugere que os alunos escrevam uma carta ao rei de Portugalrelatando o que encontraram no Brasil. A atividade, apesar de criativa e demandar certa imaginação eliberdade de criação dos alunos, não analisa a documentação, deixando transparecer mais uma vez alegitimidade que o autor procura passar ao seu texto ao se apropriar de fontes históricas paracomprovar seu discurso. O mesmo ocorre com a ilustração de Frans Post, 1656, intitulada “Paisagemcom jibóia”, em que a única indagação sobre a fonte é se o aluno consegue localizar a jibóia naimagem, servindo como forma de descontração, mas não para análise de uma fonte histórica.No caso da carta de Pero de Magalhães Gândavo, de 1576, um trecho da mesma é selecionadoe apresentado no livro, tratando da descrição da capitania de Tamaracá destinada à Coroa Portuguesa,seguida de uma ilustração de Frans Post, de 1637, “Vista da Ilha de Tamaracá”. Apesar de tratarem domesmo tema, os documentos possuem suas diferenças, seja na data em que foram produzidas, naautoria dos mesmos, e a perspectiva que possuem do mesmo objeto. Essas diferenças, no entanto, nãochegam a ser abordadas, sendo as questões destinadas unicamente à fonte escrita, a imagem servecomo ilustração do tema. As perguntas dirigidas à carta tampouco analisam-na em seus aspectoshistóricos, apenas deixam ao aluno o encargo de fazer uma interpretação de texto e responder àsquestões utilizando trechos delimitados da documentação, o que não leva à reflexão histórica do aluno.Ao final do capítulo, a imagem apresentada é a “Derrubada da mata” de Johan Moritz Rugendas, 1835,no contexto em que o autor do livro explica os efeitos que a exploração de recursos naturais durante acolonização tem no Brasil hoje. Novamente não há proposta de leitura da fonte, e a imagem comoforma de conferir credibilidade às palavras do autor se faz presente.3.2.3 Há narrativas históricas? Como o autor mostra o que é narrar (na história)?O texto do autor é apresentado de forma didática, uma forma tradicional de escrita dos livrosdidáticos, e subdivide sua narrativa em diferentes temas referentes ao assunto tratado, o que, de certaforma, fragmenta o conteúdo, compartimentando o conhecimento histórico em divisões fechadas que,por vezes, não se comunicam; isto dificulta a compreensão da experiência histórica em sua totalidade emúltiplos aspectos que possui, assim como a relação entre eles e a importância que possuem comoconjunto para compreender o período em estudo. Essa forma de estruturação da narrativa, apesar dedidatizada, não constitui uma narrativa histórica, por não possuir a característica referente àcompetência narrativa, de atribuir sentido ao passado, não produzir interpretações do passado aoapresentar as fontes históricas e, consequentemente, não conseguir seu objetivo de compreensão dopresente abrindo expectativas para o futuro. A idéia de continuidade entre as temporalidades tambémfica prejudicada com esta forma de narrativa ao fragmentar a História, colocando os diferentes359

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