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O papel dos manuais didáticos e das mídias educativasHá neste relato da professora a indicação clara da função que o livro desempenha naorganização do seu trabalho principalmente na área da alfabetização. Analisando as funções que olivro didático desempenha no processo escolar, o pesquisador Choppin (2004) indica que os livrosescolares são “utilitários da sala de aula” sendo produzidos para auxiliar o ensino de uma determinadadisciplina, a partir da apresentação gradual dos conteúdos, ordenados em unidades ou lições quefavorecem o seu uso coletivo (em sala de aula) ou individual (em casa ou em sala). Desta forma esteartefato cultural está presente na escola púbica de forma efetiva principalmente por ser distribuído pormeio de programas oficiais, mas o seu uso pelos professores ocorre de formas diversas.Esta situação nos remete à discussão sobre o processo de construção social da escola,compreendendo como cada realidade particular vai configurando-se de forma única, neste caso comoesta professora constrói sua prática pedagógica a partir de elementos que não são os critérios e asexpectativas da unidade escolar como um todo, sua relação com os materiais didáticos não segue asdefinições do grupo de professores da escola.Quais serão então as condições que organizam a situação de uso ou não de materiais didáticosespecíficos pelo professor? A partir dos elementos observados questiona-se se há uma relação entre ouso dos livros didáticos e as experiências dos professores com este material nos seus processos deformação pessoal e profissional.O professor, nos seus processos de formação e de construção de uma identidade profissionalexperiencia situações diferenciadas a partir das quais constrói o seu saber profissional. Para Tardif(2002) o saber constitutivo da prática docente tem origem em saberes provenientes de sua formaçãoprofissional e também em saberes disciplinares, curriculares e experienciais. Estes saberes ocorrem nocontexto social, nas relações sociais e profissionais, nos locais de trabalho e nas experiências e práticascotidianas que o professor passou, tanto como professor quanto como aluno.Os livros didáticos se constituem numa das fontes a partir das quais o professor constrói o seusaber. Os saberes oriundos dos programas e livros tornaram-se historicamente preponderantes naformação docente e Tardif discute que hoje se faz necessário uma análise mais crítica e mais voltadapara as reais necessidades da escola, afirmando que:Até agora, a formação para o magistério esteve dominada sobretudo pelosconhecimentos disciplinares, conhecimentos esses produzidos geralmente numaredoma de vidro, sem nenhuma conexão com a ação profissional, devendo emseguida, serem aplicados na prática por meio de estágios ou de outros atividades dogênero. Essa visão disciplinar e aplicacionista da formação profissional não temassim sentido hoje em dia, não somente no campo do ensino, mas também nosoutros setores profissionais. (TARDIF, 2002, p. 23)Em entrevista com a professora pesquisada percebeu-se que esta profissional em seu processode formação acadêmica, no curso de Pedagogia, não se recordou de haver cursado disciplinas quefizessem menção, uso ou discussão sobre os livros didáticos, mas afirmou que na sua formação deMagistério no ensino médio fazia uso constante dos livros para preparar suas regências (aulasministradas no estágio do curso), indicando que esta era uma alternativa sua para desenvolver asatividades pedagógicas e que nunca houve indicação dos professores do curso para que fizesse usodeste recurso.Relatou ainda que ao preparar suas aulas recorre constantemente aos livros didáticos que sãodisponibilizados pela escola e que se encontram na sala dos professores, sendo muitas vezes criticadapor alguns colegas que afirmam produzir seus materiais diretamente com consultas a sitespedagógicos. Sobre a consulta a outros livros didáticos comentou “... realizo consultas em outroslivros, algumas vezes é necessário adaptar a atividade e em outras reproduzo como está proposto,sempre encaixando o exercício ao meu planejamento.” (Notas de campo, 23/06/2011)Trazendo as contribuições de Reiris (2005) para a discussão desta temática, esta pesquisadoraobservou que os materiais organizados pelos professores para suas aulas eram produzidos a partir defotocópias de LD, o que ela passou a chamar de “livro invisível”, como o conjunto das atividadescoletadas em outros LD. Comenta que esta prática não traz avanços significativos para o currículo, aocontrário, reforça o parcelamento dos saberes e restringe a possibilidade do aluno organizar-se dentroda estrutura e da coerência interna do livro.415

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