11.07.2015 Views

t9XQX

t9XQX

t9XQX

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Desafios para a superação das desigualdades sociaisCom base nas críticas dos docentes às obras do PNLD por não assegurarem o ensino doprocesso de codificação e decodificação, Morais e Albuquerque (2005), estabeleceram umacomparação entre cartilhas e livros didáticos do PNLD. Os autores investigaram o tratamento dado aosistema de escrita alfabética em dois livros de alfabetização do PNLD do ano de 2004 e duas cartilhasusadas no Recife até os anos 1990. As cartilhas, segundo os autores, diferentemente dos livrosdidáticos, se caracterizam por exercer controle sobre os itens da linguagem, como as palavras, sílabas,fonemas e correspondências entre sons e grafias. Calcadas no ensino transmissivo, as cartilhasapresentam alta frequência de atividades de cópia, pseudo-textos e visão adultocêntrica sobre o que éfácil ou difícil para o aluno. Os livros didáticos do PNLD de 2004, por sua vez, influenciados pelasteorias do letramento e pelo construtivismo, trazem textos de diversos gêneros, ao invés dos pseudotextosdas cartilhas.A investigação de Silva (2005) complementa as observações de Morais e Albuquerque, aoapontar a preferência de professores pelos métodos tradicionais de alfabetização. Nos anos entre 2000e 2002, a autora levantou depoimentos de professoras alfabetizadoras e supervisoras pedagógicas desete escolas públicas de Belo Horizonte. As escolas foram indicadas por adotarem os livros “ALP” daeditora FTD ou o livro “Letra Viva”, da editora Formato, ambos recomendados pelo PNLD de 1998com as maiores classificações e fundamentados nos ideários do construtivismo e do letramento. Silvaconcluiu que os livros didáticos organizados segundo estes ideários não contribuem para o ensino dasrelações entre letras e sons. Por esse motivo, as professoras transformam o livro didático nas suaspráticas e o utilizam juntamente com outros materiais, produzindo estratégias de ensino maistradicionais. Ou seja, mesmo adotando livros interacionistas ou construtivistas, as professoras seguemalfabetizando com o método de silabação e soletração das cartilhas.A partir de pesquisa participante de cunho etnográfico e entrevistas, Cox e Silva (2000)observaram os textos que circulam em uma sala de aula de primeira série de uma escola pública deCuiabá. O objetivo foi entender se as práticas da professora alfabetizadora refletem o novo paradigmateórico-metodológico do ensino de língua materna, que desloca a ênfase na língua como forma,sistema e estrutura, para a língua como ação, uso e discurso. Observaram que o texto utilizado compredominância na sala de aula foi a cartilha, que trata a escrita fundamentalmente como sistema eestrutura, tendo a única função de ensinar as sílabas. Os autores estabeleceram uma comparação entreo desejável no ensino da língua materna e o realizado. O desejável seria a diversidade de textos comonúcleo do processo de alfabetização. O realizado foi o uso predominante da cartilha para o ensino dasfamílias silábicas. As autoras concluíram que o uso predominante da cartilha não permite aos alunos aapropriação da escrita como processo discursivo.Amâncio (2002) apresenta o resultado de uma investigação etnográfica realizada em trêsescolas da zona central e cinco da zona rural da região sul de Mato Grosso, Brasil. Entre os anos de1989 e 1990, a autora investigou, em escolas de Rondonópolis-MT, o amplo uso de cartilhas demétodo silábico. As cartilhas continham textos desprovidos de sentido, unicamente voltados para oensino das sílabas e letras, e eram organizadas em suposta ordem de dificuldade. A autora concluiuque o ensino, a partir do uso de cartilhas, recai mais sobre a decifração do escrito do que sobre asignificação. O resultado é o fracasso na alfabetização, demonstrado pelo alto índice de reprovaçãoescolar.A concepção de alfabetização como domínio de um código se manifesta no descompasso entreas políticas do livro didático e a opinião dos professores sobre o que é um bom livro didático. Isto édemonstrado nas investigações sobre o Programa Nacional do Livro Didático realizadas por Santos(2004) e Silva (2003).Santos (2004) entrevistou professoras de alfabetização de primeira série do ensinofundamental das redes públicas municipais de Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe e Recife, Brasil.Questionou se as professoras utilizavam ou não os livros didáticos do PNLD dos anos de 2000 e 2001,e quais eram as principais contribuições e dificuldades do livro didático. Também solicitou que asprofessoras descrevessem suas experiências pedagógicas no ensino do sistema de escrita alfabética.Em uma segunda etapa do trabalho, realizou entrevistas profundas com 12 professoras das quatroredes de ensino que participaram da primeira etapa. A autora constatou que as professoras nãoconseguem utilizar o livro didático do PNLD no ensino da escrita alfabética e, por isso, recorrem aoutros materiais e livros. As professoras utilizam o método silábico para alfabetizar, reconhecendo a408

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!