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Desafios para a superação das desigualdades sociaisA professora, que na tese foi chamada pelo pseudônimo de Ana, fazia com os alunos todas asatividades do livro, inclusive as orais de consciência fonológica. Quando lia as sílabas com os alunos,fazia a leitura direta, sem soletração. Além disso, nas atividades de completar as palavras com letrasfaltantes, cuidava para que os alunos lessem todas as palavras e explicava os significados de cada uma.A outra professora, chamada na tese pelo pseudônimo de Lúcia, não trabalhava as atividadesorais, mas apenas as escritas, voltadas para completar palavras e formar frases. Quanto lia as sílabascom os alunos, produzia uma soletração (por exemplo: be com a fica ba, be com o fica bo).Foi possível observar que a professora Ana obteve melhores resultados no ensino da leitura eda escrita de palavras e frases. Os alunos de Lúcia liam soletrando, o que não ajudava na compreensãodo significado das palavras.As duas professoras não trabalharam com os alunos a escrita espontânea de textos e a leiturade variados gêneros textuais, atividades não constantes na proposta do livro. Além disso, nãoobservaram as dificuldades encontradas pelos alunos na escrita e na leitura de palavras que eramescritas de um modo e faladas de outro. Presas às propostas do livro, as professora não prestaramatenção no fato de que os alunos tendem a reproduzir a própria fala na escrita e a não entender o quelêem devido a essas diferenças. Por exemplo, um aluno que fala [kra.ru], pode não conseguir ler, ounão entender na leitura, a palavra escrita “CLARO”. Ambas as professoras não trabalharam asdiferenças entre fala e escrita e não levaram os alunos a lerem textos mais complexos ou a produziremescritas espontâneas. Assim, percebe-se uma ausência na prática das professoras que é também umaausência no livro didático. Ou seja, neste caso especificamente, o fato de utilizarem o livro de modosdistintos, não significa que não ocorra certo condicionamento da ação docente pelo livro didático.Conclui-se este trabalho afirmando a necessidade de que mais pesquisas sejam realizadassobre os usos do livro didático no ensino da leitura e da escrita, a fim de perceber em que medida aação docente recebe influências dos livros didáticos. Tais pesquisas poderiam ser úteis ao sistemaeducacional mais amplo na medida em que apontassem para a melhoria dos livros didáticos, unindo asnecessidades encontradas pelos professores alfabetizadores com as novas teorias sobre alfabetização eensino da leitura e da escrita.REFERÊNCIASAMÂNCIO, Lázara Nanci de Barros. Cartilhas, para quê? Cuiabá: EDUFMT, 2002.ANDRÉ, Tamara Cardoso. Usos do livro didático de alfabetização no primeiro ano do ensinofundamental em Foz do Iguaçu: estudo etnográfico. Tese (Doutorado em Educação) – Programa dePós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, 2011.BATISTA, Antônio Augusto Gomes. A avaliação do livro didático: para entender o Programanacional do livro didático (PNLD). In: ROJO, Roxane; BATISTA, Antônio Augusto Gomes (org).Livro didático de língua portuguesa, letramento e cultura escrita. Campinas, SP: Mercado deLetras, 2003. p. 25-69.CAPOVILLA, Alessandra G. S. CAPOVILLA, Fernando C. Alfabetização: Método fônico. SãoPaulo: Memmom, 2007.COUTINHO, Marília de Lucena. Práticas de Leitura na Alfabetização de crianças. O que dizemos livros didáticos? O que fazem os professores? Dissertação (Mestrado em Educação). Programade Pós-Graduação da Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE, 2004.COX, Maria Inês Pagliarini. SILVA, Mauro Mendes da. O texto no cenário da alfabetização: asconcepções e as práticas de uma professora. Revista de Educação Pública. Universidade Federal deMato Grosso, v. 09, n°16, Cuiabá, MT, jun/dez, 2000. Disponível em:http://www.ufmt.br/revista/arquivo/rev16/cox.htm: 25/08/2010.FRADE, Isabel Cristina Alves da Silva. Escolha de livros de alfabetização e perspectivas pedagógicasdo ensino de leitura. In: BATISTA, Antônio Augusto Gomes; VAL, Maria da Graça Costa. (orgs)Livros de alfabetização e de português: os professores e suas escolhas. Belo Horizonte: CEALE,Autêntica, 2004. p. 175-199.410

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