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Desafios para a superação das desigualdades sociaisduas línguas, às duas perspectivas que se cruzam numa construção híbrida, e, porconseguinte, tem dois sentidos divergentes, dois tons. (BAKHTIN, 1998, p.110)A partir das concepções bakhtinianas da natureza dialógica do enunciado, pode-se dizer queconstruções híbridas ocorrem, quando um enunciado é construído a partir de outros enunciados que,por sua vez, possuem diferentes sistemas axiológicos, gerando então um novo enunciado comdiferentes eixos de valores. “Em todo enunciado, descobriremos as palavras do outro, ocultas ousemiocultas, com graus diferentes de alteridade.” (JANZEN, 2005, p. 58)O indivíduo produz um enunciado que entrecruza duas perspectivas: os valores da própriacultura e o universo cultural do outro.2.3 ExotopiaA exotopia é conceituada por Bakhtin, a partir de suas reflexões sobre a criação literária.Para ele, a exotopia, o olhar de fora no tempo, lugar e sentido, é fundamental ao processo decompreender o outro. “A exotopia, “o estar do lado de fora”, o não coincidir com o outro, constituiuma questão fundamental na reflexão que envolve a alteridade cultural”. (JANZEN, 2005, p.50)Em seu texto, “Os estudos literários hoje”, Bakhtin ressalta que a cultura do outro só se revelasob o olhar de outra cultura. “Um sentido só revela as suas profundidades encontrando-se econtatando-se com outro, com o sentido do outro: entre eles começa uma espécie de diálogo quesupera o fechamento e a unilateralidade desses sentidos, dessas culturas.” (BAKHTIN, 2003, p.366)Bakhtin em “O autor e a personagem na atividade estética”, introduz a concepção de“excedente de visão”. Para ele, o excedente de visão é um dos elementos fundamentais da exotopia:Quando contemplo no todo um homem situado fora e diante de mim, nossoshorizontes concretos efetivamente vivenciáveis não coincidem. Porque em qualquersituação ou proximidade que esse outro que contemplo possa estar em relação amim, sempre verei e saberei algo que ele, da sua posição fora e diante de mim, nãopode ver: as partes de seu corpo inacessíveis ao seu próprio olhar – a cabeça, o rosto,e sua expressão -, o mundo atrás dele, todo o objeto de relações que, em funçãodessa ou daquela elação de reciprocidade entre nós, são acessíveis a mim einacessíveis a ele (BAKHTIN, 2003, p.21)Assim, o excedente de visão permite a cada um a possibilidade de perceber o outro em umadimensão em que esse outro não pode contemplar a si próprio.A partir daí, para Bakhtin, o deslocamento pelo qual o indivíduo concebe os outros valores dacultura alheia deve efetivar-se sob o processo de empatia. Ou seja, de ver o outro a partir dos valoresdo outro, percebendo coisas que só poderão ser vistas a partir do excedente de visão.Ao contrário do acabamento dado à questão literária, entende-se que, na vida, o acabamento ésempre inconcluso. Se nos deslocamos para a cultura alheia “e não retornamos para a elaboração deuma síntese, poderemos estar apenas reproduzindo uma duplicação desta cultura”. (JANZEN, 2005, p.64) Neste caso, o acabamento não exige aceitar o outro, mas entender que esse outro vive em outracategoria de valores distintos.2.4 Orientações aos professoresSegundo as autoras, no processo de criação e elaboração do livro, foi priorizado ao professorapoio e facilidade de uso. Para isso, considerou-se que as instruções de atividades fossem detalhadasno livro-texto, para que o professor não precisasse consultar o manual, no decorrer das aulas.Entretanto, nessas orientações que aparecem junto às atividades do livro, sempre grafadas em azul, asautoras ditam ao professor como ele deve ou não proceder no trabalho com as atividades.450

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