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O papel dos manuais didáticos e das mídias educativasDurante a análise, procuramos entender os movimentos de aproximação das autoras com acultura escolar como um momento importante na elaboração do LD. Percebemos que a transposiçãopara a outra cultura pode revelar ao autor elementos que só poderiam ser compreendidos a partir doseu deslocamento.Assim, consideramos o deslocamento do autor como um processo de grande importânciadurante a escrita do LD, uma vez que uma aproximação dos eventos que ocorrem em sala de aula podeconduzir a determinadas escolhas que automaticamente refletirão no LD.Quanto à análise específica das categorias, constatamos que o movimento de DC foicontemplado em todas as cinco, e, portanto, correspondeu, satisfatoriamente, à colocação de nossospressupostos.Nas cinco categorias analisadas, constatamos o DC da seguinte maneira:As autoras passam pela primeira fase, realizando, nas cinco categorias analisadas, a duplicaçãodo outro, por meio de estereótipos e de uma visão etnocêntrica da cultura. Percebem o outro emconjunto e agem de acordo com os seus valores e suas concepções, provenientes de seus universosculturais.Na segunda fase, observa-se a construção de um discurso híbrido, que incorpora os eixos devalores que sustentam o discurso das autoras sob duas perspectivas: de um lado, a visão das autoras e,de outro, os critérios avaliativos do PNLD.O terceiro e último movimento se concretiza a partir da realização do acabamento do outro. Osdois eixos de valores que fundiam apenas um enunciado, agora partem para a compreensão do outro eincorporam apenas um discurso.O discurso das autoras propagado pelo LD não é apenas uma consequência do DC, isto é,trata-se de um confronto entre eixos de valores distintos, provenientes de duas perspectivas sobre ummesmo objetivo. Percebemos um discurso híbrido, que comporta a visão das autoras como escritorasdo LD, mas, que também reflete a voz do PNLD, quando determina algumas exigências.Essas duas diretrizes revelam um LD que compartilha de algumas escolhas, de algumasdeterminações e de formas similares de pensar o processo de ensino-aprendizagem, mas que tambémse adapta a outras opiniões, cedendo, em alguns casos, à palavra ao outro.Dessa forma, podemos dizer que as constatações feitas, por meio desta análise, evidenciam aconstrução de um livro baseado num DC, em que circulam diferentes sistemas axiológicos de valores.Quando realizamos a síntese de nossa análise, percebemos que as vozes compartilham um espaçodentro do LD.A autoria é, nesse caso, uma relação que envolve não apenas atos subjetivos das autoras doLD, mas escolhas, iniciativas e decisões que vão além de uma única voz. Ela não se encontra apenassob pensamentos isolados da autonomia daquele que escreve, ela é na realidade uma troca de relaçõesmúltiplas em constante adaptação e/ou consentimentos.As autoras dividem os eixos. Por vezes falam mais alto, por outras falam por outros. As vozescirculam e compartilham um mesmo espaço, mas estão lá e podem ser ouvidas. O outro está semprepresente. O discurso propagado em um único enunciado, na realidade está permeado por outras vozes.O LD é, então, um gênero discursivo onde não falam apenas as autoras, podemos, sim, ouvir as outrasvozes.REFERÊNCIASBAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003a.BAKHTIN, Mikhail. Questões de Literatura e de Estética: a teoria do romance. São Paulo: UNESP,1998b.BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais.Brasília: MEC/SEF, 1997.BRASIL. Guia de Livros Didáticos: PNLD 2011. Brasília: MEC, 2010.CHIN, Elizabeth Young; ZAOROB, Maria Lúcia F. A. Keep in Mind. São Paulo: Scipione, 2009.459

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