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Desafios para a superação das desigualdades sociaise os elementos que constituem a escolarização e o ensino mostram-se temas desafiadores para apesquisa.No caso do NPPD/UFPR, em produção conjunta com o Laboratório de Pesquisa em EducaçãoHistórica (LAPEDUH) da mesma Universidade, fez-se opção por uma determinada compreensão danatureza do trabalho escolar em estreita conexão com a vida social, em sua totalidade; essa perspectivadefine abordagens específicas para examinar os objetos de pesquisa não apenas nas suas relações coma vida escolar, mas com a vida social, na tensão entre a força imposta pela tradição e as novasdemandas que se colocam em cada momento histórico.Essa opção se expressa por meio de pressupostos teórico-metodológicos que têm contribuídopara situar e dirigir a pesquisa sobre os livros didáticos. O primeiro deles diz respeito ao entendimentoda escola como uma construção social, conceito apoiado em Ezpeleta e Rockwell (1989), o quesignifica reconhecer a existência de leis e normas que organizam o sistema educativo e atuam sobre avida das escolas e admitir a presença de estruturas sociais específicas do capitalismo que podemexplicar determinados elementos do trabalho escolar; mas, por outro lado, também significa assumirque a escola se realiza na diversidade e na diferenciação da realidade histórica concreta, pela ação dossujeitos. (GARCIA, 2011).No caso das pesquisas sobre livros didáticos, esse pressuposto permite entender e explicaralguns processos, entre os quais as escolhas feitas pelos professores. De um lado, pode-secompreender como elas estão relacionadas com a economia política, na perspectiva dos trabalhos deApple (1995), uma vez que além de ser um artefato cultural, os livros também envolvem autores,editoras que os produzem e comercializam, e ainda os consumidores. Como afirma Garcia,(...) no caso brasileiro, na produção de livros, hoje, predominam grupos de capitalinternacional, grandes grupos, restando poucas editoras brasileiras. Pequenas editoras, importantes naproposição de livros alternativos do ponto de vista didático na década anterior, foram todas elaspraticamente fechadas ou compradas por outras editoras, entre as quais estão as pertencentes a gruposespanhóis, nos anos de 1990. (GARCIA, 2010). 10Segundo Chaves (2006, p. 59), influenciado pela indústria cultural, pela legislaçãoeducacional, pela formação intelectual do autor, e submetido a processos de análise e seleção porpareceristas de diferentes regiões do Brasil - com formações culturais diferentes -, o livro didáticochega ao professor como resultado de um conjunto de processos e escolhas que, longe de seremneutras, são parte de uma “tradição seletiva, da seleção feita por alguém, da visão que algum grupotem do que seja o conhecimento legítimo” (APPLE, 2001, p. 53).Os livros didáticos, assim, apresentam aos alunos e professores um saber sistematizado sobrevariados temas e situações, mas podem privilegiar alguns e ignorar e silenciar outros, como resultadodos processos de escolha e seleção pelos quais passaram os conteúdos e as formas de didatizaçãodesses conteúdos. Esses processos acabam, finalmente, por se expressar no conjunto de manuaisdisponibilizados para a escolha dos professores, evidenciando embates e disputas sociais, mas tambémpedagógicas e didáticas.A forma de divulgação de livros, a rede de distribuição das editoras em nível nacional, asquantidades de exemplares distribuídos gratuitamente para avaliação pelas escolas e professores, entreoutros, são aspectos que afetam a produção, a circulação e, portanto, interferem as possibilidades deescolha dos livros, evidenciando elementos da economia política. Mas, na abordagem teóricaprivilegiada pelos estudos articulados ao NPPD/UFPR, tais elementos são insuficientes para explicaroutras relações entre os professores e os livros que escolhem e utilizam.Assim, assume-se que é necessário levar em conta as situações e os sujeitos que constroemcotidianamente a escola, pois se aceita que o conteúdo da experiência escolar não é o mesmo em todasas sociedades e também não é o mesmo em todas as escolas, e que esse conteúdo é transmitido em umprocesso real e complexo (ROCKWELL, 1995). É preciso aproximar-se da vida escolar e, para isso,são indicadas as abordagens de natureza etnográfica, em especial pela utilização da observaçãoparticipante como estratégia de trabalho de campo e pela permanência do pesquisador nesse campo.10 Há interessantes trabalhos no campo da História da Educação que analisam essas relações e transformações, entre os quaiso de Warde (2007) e a tese recentemente defendida na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo por Célia Cassiano(2007).60

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