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Desafios para a superação das desigualdades sociaisdesenvolvimento da capacidade das crianças para chegarem ao sentido profundo de um texto, ou seja,ir além da identificação dos personagens, seus objetivos, seus papéis na ação, suas relações(familiares, afetivas, sociais), para poder mergulhar nas entrelinhas, nos implícitos, nos brancos, nosefeitos de polifonia, identificar as grandes linhas da intriga e encontrar várias soluções. A busca nãopode ser por uma interpretação definitiva, mas por encontrar uma versão que, também provisória,possa nos satisfazer e com a agradável sensação de que o fim do texto nos deixa em pleno suspense(GERVAIS, 2001, tradução minha).Tauveron (1999) ressalta ser surpreendente como os alunos muito jovens aderem rápido aocontrato didático que orienta a atividade de interpretação de um texto literário. Eles aprendem como épossível falar espontaneamente sem o questionamento do professor e sem medo de serem censurados,interrogar os colegas, formular sua própria opinião, organizar entre os próprios alunos a conversação, afim de avançarem juntos no esclarecimento do texto.Para os alunos que encontram na escola as condições favoráveis para a sua formação comoleitores e se sentem imersos no mundo da literatura, a tarefa de escrever ou de criar seus própriostextos literários torna-se estimulante. Afinal o que pré-existe ao ato de escrever literatura são as obrasliterárias já existentes. O escritor se reporta prioritariamente ao conjunto de obras literárias que ele leu(CLANCHE, 1988, p. 33, tradução minha). O papel da escola é criar as condições para que o alunoformule suas próprias ideias, adquira confiança para criar, inventar, enfim, assumir um papel ativo nasatividades de escrita.Na escola observada, me chamou a atenção a forma improvisada com que os alunos selançavam na escrita literária. Esta atitude acaba gerando textos mal desencadeados e poucoestimulantes para provocar um leitor. Desta forma, entendo que é necessário reservar um tempo inicialpara o planejamento do conjunto ou de um esquema do texto. O papel inicial do professor é ajudar osalunos a definirem um gênero literário e a partir daí, eles poderão aprimorar o seu planejamento deescrita, definindo a forma e o tom que elas desejam adotar. Cabe ao professor questionar e provocar oaluno-autor para que reflita sobre como se desencadeará a intriga, que detalhes serão apresentados,quais serão omitidas para que o leitor seja surpreendido no desfecho e quais personagens darão vida ànarrativa.Para facilitar a escrita pelo aluno o professor deve ensinar algumas técnicas literárias que aospoucos vão incorporando aos seus textos e percebendo que elas são fundamentais para atrair osleitores. É importante o aluno desenvolver as noções de tema, intriga, narrador, ponto de vista,personagem, estrutura, sequência, coerência, verossimilhança, espaço e tempo, além de aprender acriar um enredo envolvente com suspenses, com intrigas, com polêmicas, com humor, enfim com umaabordagem que chame a atenção do leitor.Além disso, a reescrita precisa ser um processo inseparável do processo da escrita literária.Escrever e reescrever são indissociáveis no processo da escrita literária, permitindo ao aluno-autoraprender a retrabalhar constantemente o seu texto, fazendo balanços e tentativas, fazendo escolhasrelevantes e incorporando as mais expressivas. Desvignes (2000, tradução minha) ressalta aimportância de os alunos perceberem que uma escrita bem feita exige a reescrita e que escrever étrabalhar e retrabalhar seu texto até que ele o satisfaça.A consecução de um trabalho como o aqui exposto requer um professor que conceba a leituraliterária como fruição, desenvolva um planejamento integrado com os demais professores, mantenhasesempre próximo e disponível para ajudar os alunos, procure ser criativo na definição das atividades,diversificando-as e evitando repetir procedimentos, selecione textos literários resistentes e instigantespara os alunos, propicie um contato profundo dos alunos com os textos literários, demonstre seuinteresse pelos livros e pela difusão da leitura e instigue-os para que participem das narrações einterpretações, crie as condições para que os alunos escrevam seus textos e os reescrevam de formaque reflitam sobre o que escreveram.O livro de literatura quando utilizado como livro didático é limitador e o inviabiliza comosuporte capaz de enriquecer o trabalho pedagógico, suscitar em sala de aula discussões, formação deidéias, tomada de posições e contribuir para o desenvolvimento dos alunos em seus aspectoscognitivos e afetivos.Concluo que o livro de literatura quando não utilizado como mero livro didático, formaleitores e interfere na percepção estética dos alunos, na sua compreensão de mundo, repercutindo em144

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