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O papel dos manuais didáticos e das mídias educativasalfabetização contida no II Plano Setorial de Educação e Cultura (II PSEC), proposto pelo Ministérioda Educação (MEC) para os anos de 1975-1979.Por ocasião do lançamento do II PSEC, vivíamos uma dramática situação relacionada com orendimento efetivo do ensino em nosso país, traduzida pela expressão fracasso escolar: a sistemáticaevasão e repetência de nossas crianças. Esse quadro não era novo ou exclusivo da década de 1970.Pelo contrário, desde a década de 1930 há denúncias relativas ao rendimento efetivo do ensinoprimário no Brasil, mas sem dúvida a partir dessa década se agudizou de forma significativa.A década de 1970, herdeira da política e da economia da tumultuada década de 1960, iniciousecom a Reforma do Ensino de 1º. e 2º. Graus, normatizada pela Lei de Diretrizes e Bases daEducação, n. 5.692/71, que ampliou a obrigatoriedade escolar gratuita de quatro para oito anos eaglutinou o antigo primário com o ginasial, suprimindo o exame de admissão. Dobrando o tempo deescolarização obrigatória (dos 7 aos 14 anos) o Brasil passava a ostentar uma das mais altas do mundo.A proposta era a de se construir um “Brasil Grande”. Alterando a opção por um ensino maishumanístico, a característica principal dessa lei era dar à formação nacional um cunhoprofissionalizante, criando, para tanto, a escola única profissionalizante. O “milagre econômico”,proposta do governo militar, necessitava de uma educação que contribuísse, de modo decisivo, com oaumento da produção da indústria brasileira.As novas finalidades da escola e a proposta de atendimento a um novo público escolar – opovo brasileiro - geram adaptações nas disciplinas escolares, como sugere Chervel (1990). Geram,igualmente, planos e políticas públicas, que se propõem dar a todos um ensino democrático (“acesso”e “sucesso”) e de bom nível, dentre as quais se destaca o II Plano Setorial de Educação e Cultura.Entre as áreas prioritárias a serem atendidas por esse plano figuravam: a) Inovação erenovação do ensino; b) Preparação de recursos humanos. É no seio dessa política pública, desdobradano “Projeto de Desenvolvimento de Novas Metodologias Aplicáveis ao Ensino-Aprendizagem do 1º.Grau”, que nasce a cartilha Nossa Terra Nossa Gente, em 1977, cedo transformada/editorada pelaBloch Editores como Cartilha Ada e Edu, circulando, pelo menos, até 1985.No contexto local, a Secretaria de Educação e Cultura do Estado de Mato Grosso (SEDUC)acatou as proposições do II PSEC e, ao elaborar seus planos quinquenais (1975/1979), estabeleceucomo objetivo “concorrer para a minimização da retenção dos alunos da 1ª. série pela introdução demetodologias específicas em alfabetização, visando maior produtividade no ensino de 1º. Grau”(MACIEL; PERSONA, 1988, p. 11).Mato Grosso, inicialmente, seguiu as orientações do MEC que sugeriam pesquisaexperimental para se testar o melhor método de alfabetização. Assim, com base experimental, foramtestados em 12 salas de aulas de 4 unidades escolares da capital Cuiabá três diferentes métodos: oanalítico (processo de palavração), o sintético (processo fônico) e o eclético (combinando váriosprocessos).Muitos cuidados foram tomados nesse processo, o que incluiu critérios de escolha dosprofessores, intenso treinamento para aplicação de cada método e acompanhamento no planejamento ena execução das aulas. Vale aqui ressaltar que o critério adotado pela equipe para selecionar as 12professoras que atuaram no “experimento” foi o de que fossem normalistas recém formadas e semexperiência no magistério, “a fim de conseguir um desempenho ‘padrão’”. (MATO GROSSO, 1976,p. 13). Esse critério, e toda a explicação que o acompanha, permite vislumbrar uma concepçãomecânica de aprendizagem como treino de sujeitos passivos e a-históricos. As experiências anterioresdas professoras são olhadas com desconfiança, a partir da perspectiva de que estas já teriam adquiridovícios que poderiam funcionar como empecilhos para o desenvolvimento de uma prática inovadora.Este critério se alinhava com as concepções de formação/treinamento vigentes naquela década, muitodistantes do que se concebe atualmente como formação inicial e continuada e construção social daidentidade profissional e da aprendizagem da docência.Após a experiência com métodos por dois anos e a constatação das dificuldades em controlartodas as variáveis, bem como da inadequação dos materiais utilizados, a equipe mato-grossenseresponsável pelo projeto decide pela elaboração de uma cartilha regional “que atendesse aos requisitosda língua e à nossa realidade”.É desse modo que nasce a Cartilha Nossa Terra Nossa Gente logo depois cooptada por umagrande editora, transformada, impressa e distribuída nacionalmente com o título de Ada e Edu.389

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